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OPINIÃO

Os garis dos rios

Neri Caetano Barbosa Especial para  Opiniãopública

A extração de areia de forma manual, como vem sendo feita no Ribeirão Anicuns em Goiânia, não causa nenhuma consequência grave para o curso dágua.
A retirada de areia dos aluviões ativos do leito de carga do Ribeirão de forma manual, como sempre ocorreu não causa nenhum tipo de degradação. A extração é feita no leito do curso d’água, utilizando apenas recursos manuais como enxadas, pás e canoas sem motor, que são empurradas até a margem ou ponto de descarga. Aliás, este trabalho feito por estes garís das águas é muito bem-vindo, pois eles fazem um trabalho que a prefeitura não faz, o estado também não, e o ministério público não cobra isto de ninguem.
O que sai dos cursos d’águas de Goiânia não polui e nem degrada, o que degrada é o que entra, que são toneladas de lixos, uma vez que a cidade possui um dos piores sistema de varrição e coleta de lixo do Brasil, milhares de m³ de esgotos industriais e domésticos, toneladas de óleos e graxas vindos de lavanderias, lavajatos, empresas de onibus, garagens de caminhões e de tantos os outros lugares, que entram sem tratamento, principalmente no Ribeirão anicuns que deságua obviamente no Rio Meia Ponte.
O produto, é claro, não é de boa qualidade, trata-se de uma areia impregnada com resíduos oleosos, graxos e gordurosos. É um produto de difícil aderência ao cimento e a grande presença de resíduos orgânicos também ajuda a piorar a qualidade da massa resultante da mistura da areia. A saúde dos trabalhadores também fica bem comprometida devido ao contato direto com a água suja e contaminada do Ribeirão Anicuns.
Legalmente a atividade pode não estar correta, por não ser licenciada, mas ecologicamente, trás um ganho ambiental considerável para Goiânia. No trecho onde é feita a retirada de areia de forma manual, o Ribeirão é mais limpo, suas margens são mais limpas e protegidas, o leito do Rio é mais definido e não ocorre o desbarrancamento, como em outros trechos do Ribeirão onde não é feita a extração de areia.
O processo é manual, não tem dragagem mecanica, não derrama óleo no Ribeirão, não é feita intervenção no barranco e essa limpeza ajuda muito na redução da sugeira e da carga orgãnica lançada no Rio Meia Ponte, pois o anicuns já se tornou um mini Tietê.

(Neri Caetano Barbosa, gestor e perito ambiental e sanitário)

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