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OPINIÃO

Segurança Cidadã II

Avelar Lopes de Viveiros,Especial para Opinião Pública

Falar que o Ambiental, como costumo fazer, ou qualquer outra polícia tem resultados é sincero, mas ao mesmo tempo é hilário. O Brasil é o 12º país mais violento do mundo. Registramos um assassinato a cada 10 minutos e um índice de 29 mortos por 100 mil habitantes. Apenas como parâmetro, Nova York que não é o melhor modelo, tem três mortes intencionais por 100 mil. Não há resultado bom o bastante no sitema falido que implantamos. Vamos conseguir, após muito esforço, ser o 15º ou, quiçá, o 20º mais violento num universo de mais de 170 nações. Precisamos então de mudança radical em nossos paradigmas. Como falta coragem em mudar, perde-se tempo em esperar. Precisamos pôr a mão na massa. Pôr mão na massa não se traduz em armar-se e promover justiçamento. Significa ter compromisso com as mudanças sinceras; não cosméticas.

O Brasil tem os piores resultados escolares do mundo. O número de evasão das escolas é assustador. A qualificação dos professores, deprimente. A vontade dos alunos, desanimadora. A qualidade das escolas, desesperadora. O envolvimento dos pais, pífio. O compromisso dos políticos, enojante. Não se evolui socialmente se não há evolução intelectual. Desperdiçamos nossos melhores dias. Desperdiçamos nossa juventude.

O nível de desemprego do Brasil só não cresce mais porque os números são maquiados. A renda do trabalhador é humilhante. O transporte, vexatório. O custo de vida, escorchante. Os impostos são delirantes. Cada governante chega mais cedento ao poder. Dá-lhe arrocho em quem nada tem.

Aí, vem uma polícia inconveniente que aborda o cidadão e quer documento que o governo não controla. São inúmeras as possibilidades de falsificação. Sem falar no extintor que o mercado não dispõe. O cidadão se irrita. O policial se irrita também, pois sua condição não é, absolutamente em nada, diferente da daquele cidadão. Esta mistura só pode não dar certo.

É sabido mundo afora que as Policias são as últimas barreiras que o cidadão tem contra o crime e o criminoso. Não no Brasil, onde elas passaram a ser a única barreira. Não bastasse este fato, estão francamente em oposição entre si, já que cada uma detém a metade da atividade e não pode executar a tarefa toda. Daí, cada uma disputar um naco das ações da outra além de empurrar as falhas próprias para o “concorrente”. O cidadão, que não quer saber a quem compete o quê, mas espera um atendimento eficaz, frustra-se em perceber que nenhuma lhe socorrerá. Tão pouco compreenderá as barreiras legais, já que isso não parece sensato.

Como disse na semana passada, caso você precise da polícia, é possível que não alcance o resultado esperado. Lembre-se que a violência decorre de todos os males citados acima e todos eles influenciam no resultado. Mas na eventualidade da ação policial alcançar um desfecho positivo, o que é surpreendente, já que tudo antes falhara, você vai enfrentar os calvários seguintes: delegacia lotada, judiciário emperrado, legislação ultrapassada. Além de muitos e muitos anos prestando depoimentos a respeito de um caso que já ninguém se lembra da autoria.

O erro de polícias que se complementam é que não se complementam. Não são raras as vezes em que se auxiliam, é verdade. Mas não há unidade de procedimento ou de entendimento. Assim, uma age num tempo, outra noutro. Qual está errada? Nenhuma. Simplesmente foram concebidas para ser assim mesmo. Quem as pensou, não cogitou que fossem funcionais. Apenas jogava para a plateia. Algo parecido com o que ocorre hoje em dia. As polícias se tornaram um emaranhado de puxadinhos. Ou será “puxadinho” a estrutura da segurança pública nacional? Vide presídios Brasil afora.

(Coronel Avelar Lopes de Viveiros, comandante do policiamento ambiental de Goiás)

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