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OPINIÃO

Você crê em cura  espiritual  paga?

Jávier Godinho, Especial para Diário da Manhã

O gentil leitor deve pagar por curas espirituais?

Jesus responde que não. “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios. Dai de graça o que de graça recebestes”– são suas palavras textuais, segundo Mateus, 10: 8. Cobrou, dançou.

Só podemos cobrar por aquilo que nos custou trabalho honesto. Não nos é lícito cobrar por alguma coisa que nos veio de graça. Quem possui o dom de curar, dessa ou daquela religião, é médium, e lhe cabe, se quiser mesmo seguir o Cristo, colocar sua mediunidade a serviço do próximo, sem nada pretender em troca, porque Deus o beneficiou com aquela faculdade para alívio dos que sofrem. Mediunidade não pode ser transformada em comércio, em mercado, em especulação ou meio de vida.

Cobrar por orações é lícito?

Jesus ensinou que de modo algum podemos cobrar por preces, como faziam os escribas e fariseus que, a pretexto de longas orações, “devoravam as casas das viúvas”, ou seja, apossavam-se do seu dinheiro e de suas propriedades.

A oração é um ato do mais puro amor. Exigir pagamento por orar a Deus por outra pessoa é transformar-se em prestador de serviço divino remunerado. Só sendo muito ingênuo para acreditar na eficácia dessa prática. O Pai Celestial não cobra pelos benefícios que concede. Como pode alguém, que não tem como garantir sua obtenção, cobrar por um pedido de resultado tão duvidoso?

A razão, o bom senso e a lógica nos asseguram ser impossível que Deus, perfeição absoluta, encarregue criaturas imperfeitas de colocar preço na Sua bondade. E aquele que a imagina comprar, na maioria das vezes, se julga dispensado de orar, porque já pagou para que outro o fizesse em seu nome.

Orar é necessidade premente

Sabendo Deus das nossas necessidades, é preciso enumerá-las em prece?

O Mestre vivia em permanente oração. Antes de iniciar sua vida pública, esteve 40 dias no deserto, orando e jejuando. Constantemente, se afastava da multidão, dos discípulos e dos apóstolos para, a sós, falar com Deus. No Horto das Oliveiras, orou antes de ser preso. Crucificado, seu derradeiro instante foi de prece: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.” Orar é necessidade premente. Em todos os tempos, mesmo com palavras diferentes, os melhores dentre os filhos dos homens oraram.

Jesus ensinou uma única oração: o Pai Nosso. Recomendou sinceridade e humildade ao pronunciá-la. Nada de rezar maquinalmente, de recitar e repetir, em ladainha, da boca para fora. A prece verdadeira se estende do coração do homem a Deus.

Quando orarmos, não nos coloquemos em evidência, mas o façamos em segredo. Não é preciso rezar muito, pois a oração não vale pela quantidade mas pela qualidade.

Antes de rezar, se tivermos alguma coisa contra alguém, primeiro o perdoemos, pois a prece só será agradável a Deus se vier de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade.

Há pessoas que contestam a eficiência da prece argumentando que Deus conhece nossas necessidades e como tudo no Universo obedece leis eternas, nossas orações não podem mudar as determinações divinas. Jesus, porém, assegurou: “Tudo aquilo que pedirdes em oração, vosso Pai vos concederá.” O essencial é saber pedir. Solicitar aquilo que realmente interessa à nossa alma, porque ela é eterna, enquanto nossas exigências terrenas e nosso corpo são passageiros. Quase sempre a doença incurável do corpo é a saúde da alma, que transfere sua enfermidade para a matéria antes de retornar ao mundo maior.

Ajuda-te e o céu te ajudará

Muito podemos mudar com nosso esforço, no exercício do livre arbítrio. “Ajuda-te e o céu te ajudará” é norma de sabedoria popular. Se a fatalidade fosse absoluta, restaria ao homem se curvar aos golpes dos acontecimentos, sem desviar-se dos perigos. Deus pode atender os pedidos que de fato nos beneficiam, sem alterar Suas leis eternas.

Orar pelos que já morreram os beneficia? Todo espírito, sobretudo os mais infelizes, aprecia ser lembrado pelos que continuam na Terra. Orar por ele é prova de que continuamos amando-o. A prece reanima sua coragem, estimula-lhes o desejo de se elevarem.

Há pessoas que não oram pelos mortos porque, crêem só existir para a alma duas alternativas: ser salva ou condenada às penalidades eternas. Na Terra, quando um homem é condenado à prisão perpétua, é proibido a alguém caridoso ajudá-lo na dor?

A crença em pena eterna endurece o coração. Não pode ter partido de um Deus que é amor.

Estas e muitas outras informações sobre orações encontramos nos capítulos 26 e 27 de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.

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