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OPINIÃO

Estamos de luto!

Estamos vivendo um tempo de crise sem precedentes. As nossas instituições estão doentes. A corrupção está empregnada em todos os setores que envolvem as nossas vidas. Está no DNA da nação!

Vivemos uma aguda crise moral e, o pior de tudo, espiritual, onde vemos religiões corrompidas, com líderes vendendo os seus ministérios, negociando valores absolutos, mercadejando o Evangelho e, assim, se fartam em soberba. Bajulam e aderem a políticos corruptos e adúlteros, mesmo sabendo que terem eles uma vida fermentada pela corrupção. Mercadejam a própria alma e, ao invés de denunciar o mal, tornam-se coniventes e ou cúmplices com ele, quando não o praticam às escondidas.

A nossa classe política (com raríssima exceção) tem nos envergonhado. Parlamentos, com os seus conchavos, estão cada vez mais sem crédito, chafurdando-se num lamaçal pestilento de corrupção. Órgãos como Ministérios Público e Tribunais de Contas (ou fazem de contas), não estão fazendo o dever de casa como se deve e há casos em que se prestam ao papel de escudos de maus governantes.

Excetua-se, com ressalvas, a Polícia Federal que ao menos tem ido fundo na apuração de descalabros, levando ao conhecimento público o processo de abandidamento da nossa classe política. Estupefatos ficamos, mas frustra-nos o sistema vigente, pois os bandidos do colarinho branco com suas imunidades dispõem de dinheiro, de muitos advogados e, dificilmente, são alcançados pelas garras da lei. A corrupção atingiu o cérebro e o coração da Nação!

Vemos o aproveitamento oportunista da pobreza e sua fome, da violência, da impunidade. Políticos assistencialistas mantêm o povo na miséria, oferecendo uma pequena ração diária para roubar-lhe os sonhos do progresso. São governantes que se guiam não pelos preceitos da justiça, mas pela conveniência. Sacrificam a verdade e a justiça para se manterem no poder. Condenam inocentes para tirar vantagens políticas.

A nossa representação política agoniza num dos níveis mais baixos de credibilidade de toda a sua história. A desmoralização da classe é notória e o aviltamento da honra, por parte daqueles que ocupam posições de maior relevo é vergonhoso. Preferem os oba-oba de palácios, tribunais e palacetes do que se importarem consigo mesmo e com o próximo.

Tristemente, constatamos que o sentimento de vergonha tem sido rejeitado no nosso meio nos dias de hoje. As pessoas, com suas condutas reprováveis, continuam com suas cabeças erguidas como se nada tivesse acontecido ou estivesse acontecendo.

Muitos, quando sob o manto do poder, se sentem fortes e poderosos, pensam que podem extorquir e exercer este poder com truculência, como se donos do mundo fossem. Mesmo que amparados pela lei e protegido pelo Estado, os que usam de sua posição para oprimir os outros ferem o coração de Deus.

Que nos miremos na coragem de João Batista, que não se calou sobre o despotismo de Herodes Antipas, um rei devasso, corrupto, em cujo palácio convivia em conluio com escroques, contraventores, corruptos, mandriões. Aquele rei despido da honra e da decência que se deitou com Herodíades, uma parente do próprio irmão.

Sim, amigo(a)s, não podemos perder a coragem e nem transigir com a verdade. É nossa obrigação de denunciar e obrigação de todo homem público se explicar. Pecados dos que reinam e pecados de súditos que são espelhos de reis!

Temos que colocar o dedo na ferida e não nos intimidar diante dos poderosos e suas ameaças, mesmo porque é nas ameaças que se desnuda o encoberto. Precisamos continuar vivendo o presente, pois o tempo de cada um de nós é o hoje, o agora.

É nossa obrigação, sim, levar as pessoas a serem confrontadas a respeito dessas atitudes, mesmo sabendo que, tal como João Batista, podemos estar diante de raposas, de pessoas vis, perversas e truculentas que tem a capacidade de servir as nossas cabeças em bandejas.

É preciso endireitar os caminhos duplos da hipocrisia e da desonestidade e isso somente é possível com o arrependimento dos atos maus praticados.

Essa mensagem não é popular, mas com certeza trará mais solidariedade e misericórdia, pois o arrependimento envolve generosidade, honestidade, justiça, integridade e ausência de ganância.

No mais, fiquemos atentos e que se cuidem os que se sentem grandes e intocáveis. As máscaras, com certeza, continuarão a cair, pois nenhuma sociedade ou instituição sobrevive sem um limite moral e ético.

(Waldemar Curcino de Morais Filho é capelão hospitalar e genro de Henrique Santillo, de quem foi secretário particular durante 23 anos)

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