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OPINIÃO

Lula cutucou o diabo com vara curta

Acostumado a se lambuzar do palavreado popularesco, que no passado rendeu bons frutos, Lula esqueceu de que, em tempo de vacas magras, o senso de humor vai para o brejo. Como sua figura ainda leva ares de um presidente paralelo, o besteirol explícito pode levar a consequências negativas inesperadas. Foi o que aconteceu ao afirmar, em palestra aos sindicalistas, que “Os pastores evangélicos jogam a culpa em cima do diabo. Você está desempregado é o diabo, está doente é o diabo, tomou um tombo é o diabo, roubaram o seu carro é o diabo”.

Ele aproveitou o gancho para criticar o processo do mensalão e continuou levando os presentes ao riso frouxo, ao afirmar: “Eu acho legal culpar o diabo porque é direto. Não tem investigação. O culpado está ali. É a teoria do domínio de fato”. E enquanto a plateia gargalhava, ele completou em tom debochado: “E a solução está ali. É Deus. Pague o dízimo que Jesus te salvará”. Para alguns, foi lindo, para outros nem tanto.

Rápido no gatilho, o pastor Silas Malafaia logo sapecou: “Não foi o diabo que criou o mensalão, menos ainda foi ele quem ultrajou corrupção na Petrobras”. Pegou mal para o dirigente mor do PT. Desrespeito com a religião de milhões de brasileiros não é saudável.

Está na cara que Lula não entende nada de religião e zomba do perigo cutucando Lúcifer com vara curta. Ao resumir o sermão dos pastores a frases de efeito tiradas do contexto, o ex-presidente menospreza o sentido ético envolvido nas análises da bíblia.

Ao contrário de Lula, que nunca estudou o Livro Sagrado e não teme a justiça divina, a maioria dos pastores leva muito a sério o juízo de suas ações. Não se trata de um ofício em que se aponta, de forma simplista e libertina, a responsabilidade de belzebu para as mazelas cotidianas.

O que os bons mentores espirituais ensinam, e Luis Inácio devia aprender, é que a mentira, a falsidade, a corrupção, a ausência de escrúpulos, é uma amálgama que atrai demônios de todos os matizes. Na oposição, os que levam uma vida íntegra, ética e com valores cristãos, podem sentir o fardo leve de Jesus.

Foi-se o tempo em que Lula podia arrotar toda sorte de estrupício e ficar por isso mesmo. Hoje, ele só engana platéias de uma cozinha muito particular, gente disposta a aceitar qualquer tempero jogado a esmo. O Lula capaz de levar o povão ao delírio se afundou no barco das ilusões. Apelar ao diabo serve para quem está disposto a vendar a alma. Mas, segundo consta, o capeta não compra nada que já possui.

(Rosenwal Ferreira, jornalista)

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