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OPINIÃO

O naufrágio do Titanic, o mistério do diamante azul, na imprensa carioca de 1912

Fez 100 anos, a 14 de abril de 2012, que o lendário e luxuoso transatlântico Titanic naufragou lá perto da Terra Nova, Canadá, colhido fatal e definitivamente por um iceberg ou “banco de gelo”. As notícias sobre a tenebrosa tragédia chegaram à grande impensa brasileira de então através do sistema Marconi de radiotelegrafia ou telégrafo sem-fio, um luxo àquela época, a bordo de algumas embarcações, que se encontravam mais ou menos próximas do local da catástrofe. Mormente do paquete Virginian, de quem primeiro partiu a má-nova. O telefone ainda não havia se vulgarizado tanto como hoje. O próprio Titanic dispunha de uma boa gabine de radiotelegrafia Marconi. Website informa ainda que o inventor mesmo do telégrafo sem-fio, Guglielmo Marconi, era um dos que iam embarcar no Titanic, rumo a Nova Iorque, mas que, na última hora, nem se sabe por que, se decidira embarcar no vapor RMS Lusitania. Sorte dele, ao menos nos idos de 1912, porque o Lusitania vai ser torpedeado e ir a pique mais tarde, 1915, por um submarino alemão. De sorte que ficamos a nos indagar o que é que faz, na última hora, as pessoas se desviarem de um fatal acidente. “Em 1912 a companhia de Marconi já produzia aparelhos de rádio em larga escala, particularmente para navios.” Informa a wikipedia, no verbete Guglielmo Marconi. A wikipedia informa ainda, antes do trecho aí entre aspas, que “em 1909, 1,7 mil pessoas são salvas de um naufrágio graças ao sistema de radiotelegrafia de Marconi”. Entretanto, não será capaz de poupar o Titanic três anos depois.

Como diz o título de que nos utilizamos, a imprensa brasileira de 1912 se ocupou relativamente do funesto acontecido. O mais das vezes de jeito desencontrado, mas se ocupou, porquanto não havia plena certeza ainda, devido à distância e ante a comoção da hora, como precisamente as coisas tinham acontecido. Temos pois o Correio da Manhã1, órgão de imprensa do Rio de Janeiro, que, na edição de 16 de abril de 1912, registra, dois dias depois do Titanic vir a pique, na página 3, notícias frescas, da hora, com base no serviço de telegramas da Agência Havas, “O maior navio do mundo ‘Titanic’, esbarra num banco de gelo”, e, embaixo, como subtítulo “na sua primeira viagem levava o grande vapor 3.150 pessoas”. Atenta tu, leitor do Diário, que o periódico em questão emprega a expressão “banco de gelo” em vez do estrangeirismo “iceberg”. Já o texto em si dá conta, conforme ortografia da época: “Montreal, 16? (Havas)? O vapor Virginian annunciou por um radiogramma que o vapor Titanic abalroou com um banco de gelo e que pedia socorro. Na mesma communicação, o Virginian paticipava que partia, a encontrar-se com o Titanic.” Por radiograma, se entenda ter a má nova sido transmitida por telegrama via sistema Marconi de rádio, sendo o que havia de mais moderno em matéria de comunicação naval. O órgão de imprensa carioca dá conta depois de telegrama então expedido de Cape Race, no Canadá, a confirmar o precedente. Leia: “Nova York, 15? (Havas)? Telegramma expedido de Cape Race, às 10h25 da noite, annuncia que o vapor Titanic abalroou em um banco de gelo e que pedia socorro. Outro telegramma chegado meia hora depois daquelle, noticia que o referido vapor estava a ponto de sossobrar, e que estava já procedendo ao transbordo das senhoras para bordo dos barcos salva-vidas. Este telegramma annunciava tambem que um vapor do Báltico partiu em socorro do Titanic.”

Um quarto telegrama, proveniente de “Londres, 15 ? (Havas) ?”, transcrito no Correio da Manhã, diz estarem “causando enorme sobresalto as más notícias recebidas a respeito do vapor Titanic, ainda que até agora, 11,45 da manhã, ellas não tenham tido confirmação”.

Note o leitor do Diário da Manhã que, até às 11,45 de 15 de abril, a capital britânica não tinha muita ideia não do que tinha sucedido ao vapor da White Star Line. E tal correspondência relata em seguida que “o Titanic deixou o porto de Southampton na quarta-feira passada, sob uma chuva de acclamações da enorme multidão que assistia á sua partida. Era a primeira viagem que fazia, e o Titanic, que conduzia 3.150 pessoas, entre passageiros e tripulantes, é o maior vapor do mundo”.

Sendo que, segundo “Paris, 15”, um “telegramma de Montréal, no Canadá, agora recebido, annuncia o naufragio do Titanic, o maior navio do mundo, pertencente a uma companhia ingleza e que fazia carreira entre a Inglaterra e o Canadá.” E conclui: “A notícia se espalhou por um radiogramma passado do paquete Virginian para Montréal. O radiogramma do Virginian annunciava ter recebido em alto mar um radiogramma do Titanic, pedindo socorros urgentes. O Titanic encalhou nos bancos da Terra Nova e, segundo as noticias alarmantes até agora recebidas, começou a afundar-se. (…) Faltam pormenores sobre o sinistro.”

Faltavam tão poucos pormenores que, imaginem só, aquele “telegramma” transmitido de Montréal a Paris informa ter o Titanic encalhado “nos bancos da Terra Nova...”. O vapor não encalhou não e sim esbarrou sim lateralmente em um bloco de gelo, o que lhe rasgou parte do casco, como quem rasga com o abridor uma lata de salsichas, causando aquela inundação mortal. As comunicações parecem contraditórias a princípio, tão contraditórias que de acordo com “Nova York, 15 ? (Havas)? Consta que o Virginian teria dado reboque ao Titanic”. Quando se sabe perfeitamente que o Titanic não fora rebocado coisíssima nenhuma. Antes tivesse sido. À qual vem se juntar esta outra contradição: “Londres, 15 ? (Havas)? Os jornaes publicam telegrammas de Nova York dizendo que um radiogramma recebido naquella cidade, procedente de Halifax, annuncia que todos os passageiros do Titanic estão salvos.” E esta outra comunicação telegráfica: “Londres, 15? (Havas)? ...que o vapor Virginian está junto do Titanic, ao qual presta os necessários socorros, sendo que os passageiros até agora nenhum perigo soffrem.” Que ilusão, leitores só Diário! Segue-se mais esta, “Nova York, 15? (Havas)? A White Star Line annuncia que officialmente nenhuma notícia há sobre o accidente do Titanic, o que é tanto mais de estranhar, quanto nas mesmas paragens em que navegava o Titanic se encontra o Olympic, que possue apparelhos Marconi de grande potencia. Aquella companhia declara ainda que o Titanic tem a seu bordo 2.358 pessoas, entre passageiros e tripulantes.”

Já um dos veículos de publicidade mais lidos aqui, O Paiz2,  em sua edição igualmente de 16 de abril de 1912, transcreve em sua seção “Telegrammas”, página 5, as seguintes correspondências, das quais fazemos a presente seleção: “Nova York, 15? Telegramma de Halifax, Capital da Nova Escossia, confirma que os passageiros do Titanic foram passados para bordo do vapor Carpathia.” E encerra-se assim tal correspondência, por surpreendente que pareça: “O Titanic dirige-se com grande difficuldade para Halifax.”

O Paiz transcreve também o que já havia feito o Correio da Manhã da então Capital Federal: “Nova York, 15. Consta que o Virginian teria dado reboque ao Titanic.”

Leia-se mais que “Nova York, 15. Noticias de caracter official dizem que se empregam todos os esforços para se encalhar o Titanic nos baixios de Cape Race.” Baldados todos esses eforços pra encalhar o vapor porque “Nova York, 15. Asseguram de Halifax que o Titanic foi a pique.” Porque mais este telegrama diz em mais detalhes que “Nova York, 15. O vapor Titanic foi a pique ás 8 horas e 20 minutos da manhã, depois que todos os passageiros e homens da equipagem haviam sido transportados, segundo a White Star Line, para bordo do vapor Virginian.” Logo adiante tratar-se-á de retificar a hora em que o vapor vai a pique “que se teria dado ás duas horas da madrugada”.

Não sendo esta exatamente a verdade precisa dos fatos, uma vez que muitos, mormente os das classes mais desfavorecidas, entre passageiros e equipagem, pereceram naquele lamentável sinistro. No que se relaciona aos das classes economicamente mais altas, noticia O Paiz “Nova York, 15. As últimas informações dadas pela White Star Line sobre o naufragio do Titanic fazem acreditar que todos os passageiros de 1ª classe se salvaram, perecendo, porém, muitos das outras classes e equipagem”. E muito ao contrário do que os outros telegramas disseram logo atrás, sobre todos terem saído ilesos: “Segundo alguns empregados da companhia proprietária do vapor sossobrado, teriam morrido 1525 pessoas.” Em sua maioria, os mais pobres e desvalidos. Que crueldade! Antes, que triste menosprezo pela vida dos que menos podem financeiramente. Os desafortunados não mereciam se salvar não?

A mesma edição de O Paiz transcreve mais este aqui:

“Nova York, 15. Está confirmado o naufragio do vapor Titanic, que se teria dado ás duas horas da madrugada e não ás 8 e 20 da manhã, como a principio se dissera.” E acrescenta: “O pessoal da White Star Line declara agora que há numerosos  mortos, ao contrario do que informava até então, de que todos os passageiros e tripulantes do Titanic se tinham salvado, transportados para bordo do Virginian.”

Enquanto que o Jornal do Brasil3  acode, a 17 de abril, o seu então ávido leitor de 1912, seção “Telegrammas”, sob a epígrafe chamativa “Grande Naufragio – O Titanic”, com as seguintes boas e más novas do Titanic.

Quanto às boas novas, “New York, 15 (H).? Retardado? À ultima hora annuncia-se que toda a equipagem e 675 passageiros do Titanic foram salvos, sendo que a maioria destes passageiros é de mulheres e de crianças”. O “H” entre parênteses aí deve certamente aludir à Agência Havas. Ao passo que as más se sucedem aí à frente, desoladamente:

“Nova York, 16 (H)? Um telegramma expedido de S. João da Terra Nova, à noite, dá como perdidas as últimas esperanças de que houvessem sido salvos os náufragos, além dos que se acham recolhidos a bordo do Carpathia. A zona em que se deu a catastrophe tinha sido cruzada por muitos navios, sendo infructiferas todas as pesquizas.”

“Londres, 16 (H)? As noticias chegadas ainda esta manhã, sobre a catastrophe do Titanic, noticias transmittidas exclusivamente pelo telegrapho sem fio, deixavam esperanças, pelo seu caracter contradictorio, de terem sido salvos, senão em sua totalidade, pelo menos em grande proporção, passageiros e equipagem. Os sucessivos telegrammas recebidos no corrrer do dia foram porém dissipando essas illusões optimistas, e um despacho da noite, via New York, veiu desvanecer as ultimas esperanças. Com effeito, dizia esse despacho que um radiogramma, expedido do Carpathia, communicava que a bordo daquelle navio estavam recolhidos apenas seiscentos e cincoenta naufragos, entre passageiros e homens da equipagem. Todos os demais tinham morrido afogados.”

Eis as cores dramáticas e sombrias com que esta transmissão londrina pinta o acidente:

“Do Titanic não restavam senão destroços fluctuantes, que cobriam o mar em grande extensão, nas immediações do sinistro.”

“Outro telegramma posterior, expedido tambem de New York, dava como salvas seiscentas e setenta e cinco pessoas, ao todo.”

“Dous telegrammas Marconi, recebidos á ultima hora, asseguram que os vapores Virginian e Parisian não conseguiram salvar um só naufrago. Ao que parece, no momento em que o Titanic afundou e tal foi a subtaneidade do sinistro, não houve tempo de arriar todos os escaleres salva-vidas de bordo, pois os poucos que se conseguiu lançar ao mar foram todos encontrados e recolhidos.

A anciedade publica é inexprimivel. A agencia da White Star está litteralmente sitiada pela multidão afflicta. Nas agencias da Companhia em Paris e New York, segundo telegrammas dalli recebidos, o espectaculo é o mesmo, assistindo-se a episodios commovedores. Segundo consta, a maior parte da equipagem do Titanic foi alliciada em Southampton.”

Vinte dias depois do vapor Titanic ser tragado nas águas geladíssimas da Terra Nova, o periódico humorístico da capital da República, O Gato? Álbum  de Caricaturas, um tipo de Pasquim daquele princípio de século, edição de 4 de maio de 1912, página 14, fazia constar, agora em tom grave e pesaroso, ter o ilustre deputado e ex-ministro Serzedello Correia pedido, “na Camara, que fossse inserido na acta um voto de profundo pesar pelo naufragio do Titanic”.

Até os humorísticos cariocas se rendiam ao clima de consternação geral pelo desastre da White Star Line.

Ao passo que outro humorístico fluminense, a revista Careta, traz à tona, a 25 de maio de 1912, não certamente o vapor da White Star Line, mas o mistério ou maldição em torno do Titanic e o lendário diamante azul. Traz à tona, mas à luz da publicidade, via dum escrito muito engraçado chamado “O Diamante Fatal – Conversa com um Ourives – Onde Está a Joia”, sem indicação da autoria e que resolvemos conservar na ortografia da época, segundo a qual “os jornaes, sem discrepancia, como quem deplora uma calamidade ou celebra o inicio de uma nova era de felicidades, noticiavam que o diamante fatal desapparecera da face da terra, mergulhando com o seu ultimo proprietario e o Titanic nas profundezas furiossas do oceano”. Careta diz lá não entender a importância atribuída a tal fato pela imprensa, cujo teor sua a redação preferia ignorar, sendo que a revista manda seu hábil repórter buscar esclarecimentos ao “mais célebre dos nossos ourives”. Consta depois ter o mais célebre dos nossos ourives recebido “com rebrilhante getileza o mais hábil dos nossos inquiridores e quando este lhe expôs o fim da visita, apanhou de sobre o balcão um exemplar d'O Paiz”, leu-o com rapidez e disse:

– Conheço a negra historia do diamante chamado, com justiça, de fatal. No seculo XVII, no anno de 1688, Tavernier trouxe da India o grande diamante que então pesava 112 Karats e meio.

Ao que o hábil inquiridor de Careta retrucou vivamente:

– Quer isso dizer, Sr. ourives, que Tavernier não precisou mais trabalhar.

Retorna o ourives:

– Engana-se. O diamante, depois de tel-o encaiporado, pois Tavernier arruinou-se para sempre, passou às mãos de Luiz XIV.

Leiam, caros amigos do Diário da Manhã, a sequência dessa intrincada história de Careta:

– Que foi um rei muito feliz.

– Antes da fístula. O rei sol não usou o diamante, que só foi exhibido pela Maintenon, cujo prestígio, desde então, entrou em declínio.

– Olhe que azar!

– Sepultado, depois, entre as joias reaes da Casa de França, só reappareceu para ornar a rainha Maria Antonietta e a princeza Lamballe.

– Caspite. Uma foi guilhotinada e a outra lynchada.

– É certo.

– Roubado na revolução, o diamante fatal esteve summido durante quarenta annos e reappareceu reduzido a 44 karats e meio, em Amsterdam, nas mãos do joalheiro Fals.

– E Fals, que certamente foi quem o fragmentou, foi feliz?

– Nem por isso. Fals acabou arruinado pelas estroinices de um filho que lhe roubou o diamante e que afinal se suicidou.

– É de arromba o caiporismo de tal diamante.

– Depois desse suicídio a preciosa pedra...

– Livra! exclamou o nosso companheiro fazendo um gesto de cabala.

O ourives continuou:

– A preciosa pedra foi adquirida pelo francez Beaulieu, que não conseguio vendel-a e morreu na miseria.

– Comprou-a em 1838, por 450.000 francos, Lord Henrique Francisco  Hope, que deu á pedra o seu nome actual ? diamante Hope. O Lord conservou-o em isolamento para não ser encaiporado e acabou vendendo-o em 1900 ao principe russo Kanatoiski.

– Em tão grande espaço de tempo o diamante devia ter feito uma forte reserva de caiporismo.

– Terrivel! O principe emprestou-o a uma actriz parisiense com quem tinha amores e num dia em que ella o trazia em scena, matou-a, num acesso de ciumes, a tiros de revólver.

– Demonios!

– Em seguida Hope foi comprado por um baqueiro que logo enlouqueceu e por um joalheiro grego que cahio num precipicio, morrendo.

– Continúe.

– Foram ainda seus donos o sultão Abdul-Hamid, que predeu o throno e o nababo oriental Uabib que morreu num naufragio nas costas de Singapura.

– Foi pena tal nababo não ter comsigo, nessa occasião, o refulgente

cabuloso.

– Depois de ter infelicitado a outras pessoas, o diamante foi comprado pelo millionario americano Mac-Lean, que o deu á sua esposa, a qual pereceu no naufragio do Titanic.

O nosso companheiro suspirou alliviado e exclamou:

– Graças a Deus!

– Por quê?, perguntou o ourives espantado.

– Por ter desapparecido da terra, tragado pelo oceano, esse gerador de desgraças.

O ourives sorriu e continuou:

– Escute o fim da historia.

– Pois a historia continúa?

– Sim. Escute-a. Um tubarão, tendo devorado o corpo da infeliz senhora, engolio o diamante e veio morrer na costa da Ilha Grande, onde lh'o extrahiram do ventre, mandando-o ao marechal Hermes.

Livido, o mais habil dos nossos companheiros, perguntou afflicto:

– Então o marechal está perdido?

E o mais celebre dos nossos ourives, calmo, respondeu:

– Não. Quem está perdido é o Brasil.

Ao tratar essa absurda história de maldição ou caiporismo com muito humor a redação de Careta certamente já sabia das maquinações da atriz americana May Yohé (1866 – 1938), a cuja imaginação fértil se deve, nos princípios do século XX, a invenção daquela engenhosa lenda em torno do diamante fatal ou diamante Hope. Resta dizer ter Yohé escrito um saboroso roteiro para cinema intitulado The Hope Diamond Mistery, depois usado, pelos estúdios da Kosmik Films, em 1921, na realização de um seriado para cinema. A própria Yohé era uma das pretendentes a herdeira da pedra, por ter sido casada com Lord Francis Hope, de cujo sobrenome aquela gema preciosa herdou aquele Hope dela. Não só o diamante não fora tragado coisíssima nenhuma pelo oceano, no bojo do fatídico vapor Titanic, como ele ainda pode ser visto no Instituto Smithsonian, onde se acha até hoje, exposto à visitação pública. Aquela gema azul que aparece no pescoço da personagem Rose DeWitt Bukater (interpretada pela atriz Kate Winslet), no filme Titanic (1997), naquela belíssima cena em que ela é retratada nua por Jack Dawson (Leonardo Di Caprio), não passa de ficção inspirada no diamante Hope.

Pedro Nolasco de Araujo 1

Pedro Nolasco de Araujo 2

Jornal humorístico O Gato? Álbum de Caricaturas, n. 32, Rio de Janeiro, Sabbado, 4 de maio de 1912, anno II, página 14, diz: “O sr. Serzedello Correia pedio, na Camara, que fosse inserido na acta um voto de profundo pesar pelo naufragio do ‘Titanic’.

A imprensa goiana de 1912 também se debruçou sobre o funesto ocorrido.

Equipagem: o mesmo que tripulação. Pessoas empregadas ao serviço nos navios.

John Jacob Astor: milionário morto na tragédia.

Ver, na hemeroteca nacional, revista humorística Careta, n. 208, Rio de Janeiro, sabbado, 25 de maio de 1912, anno V, 12ª página, ‘O diamante fatal’. Ver ainda, a propósito do mesmo diamante, o jornal O Seculo, anno VI, Rio de Janeiro, sabbado, 17 de agosto de 1912, num. 1844, p. 2, ‘O Conde Pavoroso’. Em 1958, a célebre joalheria Harry Winston doou o diamante, conhecido como Hope, ao Instituto Smithsonian onde permanece até hoje exposto. A lenda da maldição do diamante Hope nasceu no início do século XX e foi criada por May Yohé (uma das pretendentes à posse da jóia), uma atriz dos E.U.A. que fora casada com Lorde Francis Hope (de cuja família o diamante herdara o Hope) e que fugira para a Austrália com o amante. Yohé inclusive escreveu um roteiro para cinema chamado de The Hope Diamond Mistery, que se converteria, em 1921, em seriado de 15 capítulos, produzido pela Kosmik Fims.

É fatal o Conde e se o célebre diamante azul, o diamante da desgraça, que dizem ter se perdido no tragico naufragio do Titanic, não tem dado mais que fallar de seus funestos effeitos é que, convencido de ser a pavorosa jettatura do Conde incomparavelmente maior que a sua propria, resolveu desapparecer da face da Terra, corrido de vergonha”. Fonte: jornal O Seculo, Rio de Janeiro, sabbado, 17 de agosto de 1912, página 2, anno VI, num. 1844. Crônica 1O Conde Pavoroso’.”

(Pedro Nolasco de Araujo, mestre, pela PUC-Goiás, em Gestão do Patrimônio Cultural, advogado, membro da Associação Goiana de Imprensa - AGI)

1Jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, anno XI, n. 3924, terça-feira, 16 de abril de 1912, página 3.

2Jornal O Paiz, Rio de Janeiro, anno XXVIII, n. 10. 054, terça-feira, 16 de abril de 1912, página 5.

3Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, anno XXII, quarta-feira, 17 de abril de 1912, n. 108, página 9.

4Forma aportuguesada de Lord Henry Francis Hope.

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