Home / Opinião

OPINIÃO

Os escritores de Rio Verde: suas ideias e seus livros

A cidade de Rio Verde já contabiliza muitos escritores, sonhadores de um mundo melhor e das palavras cúmplices, confirmando as afirmações de Monteiro Lobato, segundo as quais “um país se faz com homens e livros”. A seguir faço um resumo da produção literária da região, que vai do contador Willein Nascimento e seus Diamantes lapidados a antologia de Isaac Pires, Cledson Matias e sua obra infanto juvenil.

O Hábito da Leitura

O brasileiro de uma forma geral ainda lê muito pouco, deixando o seu tempo para ser ocupado com outros hábitos menos eruditos, como tomar uma cerveja ou assistir uma partida de futebol. Confira os dados de uma pesquisa que o IBOPE fez sobre o tipo de livro que o brasileiro tem em sua casa. Acompanhe a porcentagem e reflita:

Bíblia: 86%;

Dicionários: 65%:

Receitas Culinárias: 62% (Olha a mulherada exercendo sua vocação intelectual!);

Didáticos: 59%;

Infantis: 58% (E o hábito deve começar na infância);

Literatura: 44% (Mas a audiência da novela das oito está sempre altíssima!).

Os Autores Rio-Verdenses

Uma legião de escritores de Rio Verde e região  celebra o exercício de registrar sonhos e movimentar a musa que dorme no inconsciente coletivo. Veja a lista  de alguns autores de Rio Verde e suas obras: Onaldo Campos (Rio Verde Histórico),  Oscar Cunha Neto (Rio Verde- Apontamentos para sua História), Filadelfo Borges de Lima (15 livros, como Cartas na Mesa, Iron Nascimento, Lauro Martins, Crônicas Rio-Verdenses), Nilda Barros Martins (Minha Fazendinha), João de Freitas (Política ao reverso e As sete Faces da Política), Lionardo Fonseca Paiva (Eu, Fora de Controle), José Carlos Vieira, o Lela (Saudade Jovem, lançado no dia 11 de setembro de 1999), Oníria Guimarães de Oliveira (Uma Casa Construída Sobre a Rocha), o professor Cleides Cabral escreveu Filosofia, um ensaio que fez alunos e leitores gostarem de Sócrates, Platão e Aristóteles; Zilda Pires (o Boia-fria, O Sesquicentenário de Rio Verde, Falcatruas à brasileira), Maria Luíza (Ser Cidadão), Marcos Daniel Pedrosa (Tribalista, Papo de Sapo, diversas crônicas e poesias), Alberto Rocco (Igrejinha da Serra), Munir Diniz (Jimi e Gisele), Mag Guerra (Eles e Elas em Preto e Branco),  Elizabeth Caldeira de Brito (Permanências, As Dimensões do Viver), Mauro Borges Teixeira (Tempos Idos e Vividos), Ademar Romano (Os Fundamentos da Arte de Escrever e a Revolução Acreana), Aires Humberto Freitas (Identidade do Esporte Rio-Verdense), os professores Carmem de Castro e Claudino Collet (A História de Fundação da Fesurv),  Sérgio Lopes (Paty – O Pulsar da Vida), Márcio Bonifácio e Filadelfo Borges (Universidade Maçônica Estrella Rioverdense), Zilda Gonçalves de Carvalho Mendonça (A História da Formação Docente: A singularidade da Escola Normal de Rio Verde, GO – 1933-1974),  Isaac Pires (Embriões Rebeldes, O Homem que Viu o Fim do Mundo, Brincadeira com os Deuses), Hélio Guerra (O Comando Comportamental), Jáder Jonas (Taperas), Academia Rio-Verdense de Letras, Artes e Ofícios (Rio Verde e Suas Personalidades, Memorial I e  II),  Cora Palomar (Milagre da Natureza, Bebê Arteiro),  Cláudio Costa Barbosa (O Cerratino, um livro sobre o personagem real Benjamim, que é um grande conhecedor de nossas plantas e suas propriedades), Paulo Ananias (Gramática da Língua Inglesa), e a sua esposa Ana Luíza de Lima, já escreveu diversas poesias, (e o livro Reviver, Viver e Ver) sempre com uma verve social, passional, questionadora. O doutor Benjamim Spadoni escreveu uma linda obra, com uma temática de romance reflexivo. O professor Martinho Romualdo, que lecionou por muitos anos no Colégio Do Sol, tem um livro especial, crítico, motivador e já prepara outros temas para a devida publicação. Um professor de matemática escreveu na década de 90 o ensaio A Poemática, sobre a Lua-de-mel dos que nasceram separados, uma poesia usando o cateto da hipotenusa na sua versão. O advogado João Alberto de Freitas está concluindo Cenário de Uma Epopeia,  uma coletânea gostosa de casos, causos, poesias, crônicas, filosofias e descoberta do homem rio-verdense, num tratado desafiador parta nossa literatura. O jornalista-escritor Lela e a professora de Letras e Lingüística, Ana Cláudia Carvalho Garcia de Carvalho escreveram juntos Português Descomplicado Com Humor, uma forma saudável e engraçada de estudar nossa língua. Uma obra polêmica é o apocalíptico  O Evangelho Segundo Lorrana, uma tese que vai mexer nas estruturas da história da fé e da filosofia.  João Sem Aço compôs muitos poemas e virou até nome de sala na ARLAO.

Os Divulgadores de Nossa Literatura

Os irmãos Antônio e Waldecy Almeida, da Editora Kelps,  divulgam os autores de Goiás por todo o Brasil. Eles nasceram na região da Fazenda Boa Vista, em Rio Verde, e são editores consagrados, além de facilitar a publicação dos autores goianos, com bons preços e prazos. O Supermercado Campeão aceita a exposição e venda em seu recinto. Os irmãos Alberto Menezes e Júlio Vieira Menezes são dois grandes leitores, devorando até 100 publicações por ano.  Na Biblioteca Pública, os funcionários  Edinho, Cida, Yone ajudam os leitores a encontrar os autores da literatura rio-verdense, com muito zelo, amor e orgulho de ajudar na formação de uma nova mentalidade. O professor João Orlando Cruvinel de Lima, Presidente da Fundação Rio-Verdense de Cultura, tem feito um belo trabalho para espalhar a semente cultural, e as duas Bienais do livro, realizadas em 2011 e 2013 falam pelo exemplo citado. Ele dá a sua versão sobre o tema: “Os escritores merecem apoio, atenção, divulgação. Nossa tarefa, dentro do possível, é dar visibilidade para todos eles. Quem escreve eterniza pensamentos e personagens, e o ofício de escrever é sublime. “O meu objetivo é que Rio Verde seja também referência nas letras, como o é na agricultura, pecuária e esportes”.  Em tese, não se pergunta se os livros do Filadelfo são melhores que os do Isaac Pires, da Ana Luíza e Zilda Pires: todos têm seus estilos, vocações, influências próprias.  E qual foi o último livro que o leitor leu do começo ao fim de sua história? Por sua vez o Jornal Diário da Manhã ajuda na divulgação dos escritores goianos, principalmente com a autora Elizabeth Caldeira, com a sua Coluna Oficina Poética, publicada aos domingos.

Os Caminhos da Arte Literária

Na era digital todos os caminhos se abrem para a elaboração, criação e publicação de um livro, seja  romance, história, poesia, ensaio. Escrever é um gesto único,  e o sonho de todo escritor é um dia ter a sua obra publicada por uma grande editora. Mas até lá tem muita luta e desafios pela frente. Albertino Almeida já ganhou um concurso de redação, antes de se consagrar como locutor das lojas da Avenida Presidente Vargas, mas ele continua rabiscando suas idéias no papel ou no teclado de um computador. O advogado Rildo Mourão já deixou seu testemunho e conhecimento profissional através de um livro sobre sua especialidade, assim como o juiz José Proto abordou seu universo  num belo tratado jurídico. O poeta Josicler Arruda tem um caderno imenso, onde cataloga mais de 200 poesias inéditas e sonha um dia publicá-las, assim como a amiga Darli, irmã do Geraldinho. A compositora Silvana Araújo tem um livro de poesias na gaveta. O  intelectual César Silva está gestando o seu tratado sobre a convivência dos casais. Vender livro não é uma tarefa fácil, como  roupas, carnes ou cervejas, porém, a missão do escritor é edificante. Depois que a jornalista-escritora Oníria Guimarães descreveu a sua família em Uma Casa Construída Sobre a Rocha, muitos pensaram em escrever mais sobre a família e religião. Quem escreve abre portas ou eterniza uma saudade, ideia, teoria, sentimento. O escritor é o para-raio de uma sociedade abafada, calada, no berço de sentimentos oprimidos. É chorar e sorrir numa frase com sujeito, verbo e predicado, num mundo que precisa cada vez mais investir em educação. Mas onde está o Bazar do Livro, da dona Ivanir de Castro?

Livro, um Veículo de Integração

A publicação de uma poesia, mensagem, conto, sempre fez parte de nossa cultura regional. A cultura merece incentivo municipal, estadual e nacional, mexendo nas leis e contexto da política que torna um livro caro ou barato, dependendo de sua veiculação e descontos nos impostos do setor livresco.  Sentado num ônibus, lendo as novidades, as pessoas podem se inteirar sobre determinado assunto. Num mundo que falta tempo e espaço para a leitura, o papel de nosso artigo é multiplicar leitores. Se algum escritor foi esquecido neste, a culpa não é nossa, e sim da cultura rio-verdense, que é ampla, diversificada, crescente.  O Fundo do Livro, proposto pela política cultural do doutor Juraci Martins ainda vai vingar, ajudando na publicação dos autores anônimos. Quem lê aprende a organizar o pensamento; quem escreve se corrige em cada obra ou artigo. O propósito de nosso município não é fabricar um novo Paulo Coelho, mas sim divulgar os teimosos talentos pós-moderno de uma viagem educacional, ajudando os alunos nas pesquisas e os professores na adequação de suas aulas. O escritor Filadelfo Borges em seu mais recente livro pergunta: Vale a Pena ler estas páginas? Como dizia um ex-presidente do Brasil: “Criticam que sou ignorante, desatualizado, mas eu já li mais de 500 livros; posso não ter entendido nada, mas eu li”. Resumo: Rio Verde tem muita cultura e não é somente de milho, abóbora e soja.

(José Carlos Vieira, escritor, jornalista do Jornal Folha da Cidade, Rio Verde, E-mail [email protected])

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias