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OPINIÃO

Preparação para parar o Brasil contra a terceirização

Escrevi no meu blog e aqui no Diário da Manhã sobre minha participação na pré-reunião dos movimentos sociais, na semana passada, para discutir métodos e objetivos de mobilização dos sindicatos e seguimentos dos movimentos sociais na paralisação de Goiânia, como sua parte nos atos no mesmo sentido em todo o Brasil.

Naquela pré-reunião da semana passada constatou-se que a primeira coisa a fazer era, como se diz entre as lideranças sociais, “ganhar” outros setores e sindicatos não representados no encontro.

Pois bem, nessa segunda-feira a presença de lideranças fortemente representativas se fez significativa e vitoriosa. Na organização da pauta apareceram fenômenos muito interessantes.

Um deles foi o depoimento sobre o desânimo, sobre a falta de rumos de muitos, notadamente dos professores e das professoras, que não creem mais em sua profissão nem em qualquer luta.

As causas alegadas são as de que são mal tratados há muitos anos e por vários governos, de que os sindicatos não lutam por seus interesses, dos baixos salários e das péssimas condições de trabalho.

Apareceram outros profissionais também muito desanimados. Incrível!

Na verdade o pano de fundo assemelha-se em todas as profissões e atividades na produção.

Contudo, as causas do desânimo são as mesmas que pedem a profecia do poeta que canta para “sacudir a poeira e dar volta por cima”, como diz o samba de Jorge Aragão.  Na música Conselho, Aragão anima os desolados quando canta: “Deixe de lado esse baixo astral. Erga a cabeça, enfrente o mal. Que agindo assim será vital para o seu coração. É que em cada experiência se aprende uma lição.”

Por outro lado, os relatos que ouvimos na roda da coordenação dos movimentos sociais apontam que muitos se mobilizam em greves: os professores do Estado de Goiás, como os de São Paulo e do Paraná, que enfrentam intransigências e violências das polícias de seus governadores neoliberais; os profissionais da saúde de Goiás entram em greve contra as privatizações e sucateamentos promovidos pelo senhor Marconi Perillo, governador deste Estado; a polícia civil mobiliza-se contra os baixos salários e não contratação de mais 18 mil concursados; também os motoristas de ônibus, cansados e desvalorizados pelos empresários e governo estadual, ávidos de lucros e pobres de reconhecimento dos direitos dos trabalhadores do transporte coletivo.

A coordenação dos movimentos sociais reuniu-se nesta segunda feira para acolher todas as lideranças e encaminhar a preparação da paralização do dia 29 de maio.

Renasce a esperança de ânimo e disposição para a luta. Articularemos os pontos nevrálgicos desta capital, paralizaremos os transportes, trancaremos avenidas principais e as estradas, com a sinalização de apoio do sindicato do transporte coletivo.

O ato público na Praça do Bandeirante acentuará, contando com trabalhadores vindos de todos os pontos da cidade, a necessidade da unidade na luta contra o satânico projeto de lei que na Câmara levou o número 4330 e que seguiu para o Senado, sempre como marca sangrenta com o nome de terceirização.

O golpe contra os direitos dos trabalhadores passará pelos seguintes passos de agora em diante: discussão e debate no Senado, forte pressão dos trabalhadores de todo o País contra a sua aprovação, lobby de setores empresariais e de partidos de direita a favor de sua aprovação.

Caso o Senado o aprove o mal irá à sansão presidencial. As notícias informam que a Presidenta Dilma o vetará. Uma vez vetado retornará à Câmara que, segundo avaliação, derrubará o veto da Presidenta, criando uma crise sem precedentes quanto a derrota dos trabalhadores, a pior de toda a história.

Mesmo que o Senado o derrube ou engavete o projeto de terceirização pode ser revitalizado pela Câmara e no STF com o desejo de criar problemas de governabilidade.

A luta dá-se no sentido do engavetamento e rejeição absoluta da terceirização, esse verdadeiro mata burro das leis do trabalho. Caso isso não aconteça os trabalhadores e movimentos sociais promoverão greve geral para pressionar o executivo e o Congresso a rejeitar esse monstro. O que está em jogo é pior do que aconteceu à Espanha, Portugal e Grécia, que hoje gemem sob as trevas do desemprego e do afrouxamento dos direitos sociais dos trabalhadores, dos aposentados e da juventude.

Portanto, não resta outro ânimo aos trabalhadores e ao povo senão o de “dar a volta por cima e sacudir a poeira” desta conjuntura e reverter a situação. O desânimo, o jogar-se ao chão para chorar não resolverá a situação. As soluções não cairão do céu nem com milagrismos.

Dia 29 será fundamental para reverter os ânimos de nosso povo. Os ânimos somente serão revitalizados pelo próprio povo. Pois a mídia, a direita e os corruptos de consciências movem-se no sentido de empurrar os sonhos para dentro dos abismos e das trevas das cavernas da desmoralização.

A precarização dos direitos equivale à volta da escravidão que arrebata dos trabalhadores atuais salários, aposentadorias minimamente dignas e ainda destrói os sindicatos, única trincheira de defesa de quem produz tendo como meio seu próprio corpo. E, no futuro, acaba com as esperanças da juventude que estuda para trabalhar.

A vitória virá, mas com muita luta e unidade. Só a vitória interessa ao Brasil e ao nosso povo!

(Dom Orvandil Moreira Barbosa: editor do blog +Cartas e Reflexões Proféticas, idealizador e presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário)

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