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OPINIÃO

Sindicalismo de dois pesos e duas medidas

De tempos em tempos pipocam greves de trabalhadores públicos, algumas perdurando até mesmo por meses a fio, conforme vem se dando no Paraná, com um sindicalismo aguerrido, atuante e se postando à frente com ferinas e ferozes criticas à administração pública que está sendo o alvo desse movimento.

Comungo com os ideais de luta dos trabalhadores em busca por melhores condições de trabalho e também por uma remuneração digna, não só por que sou também um servidor público mas, sobretudo, por que há uma grande desatenção e até mesmo desrespeito da maioria dos governantes para com aqueles que, verdadeiramente, mourejam para que a máquina estatal permaneça em atividade, de modo a atender à sociedade que, afinal, é a sua função precípua , portanto sendo a sua razão de existir.

Dessa forma já atuei com bastante afinco nas lutas sindicais, tanto que em idos tempos não me furtava a deslocar da cidade de Goiás até Goiânia para presidir a reunião do conselho sindical do Sindifisco, após ter sido eleito em 2000 e reconduzido para mais um ano, no ano seguinte, para a sua presidência.

Portanto, creio-me por deveras credenciado para falar sobre o assunto, pois não poucas foram as greves das quais participei, tendo inclusive, como os demais colegas, recebido corte de dias em meu salário numa delas, ante o peleguismo e subserviência de colegas que ocupantes de chefias, colocaram essas ilusórias e provisórias posições, acima dos interesses da categoria à qual pertencem de forma estável, por concursados que são para o cargo efetivo que ocupam .

Infelizmente de uns tempos para cá, descaradamente, tal instrumento de pressão vem se tornando objeto (que já o  era naqueles tempos, só que não o percebíamos) de manobra de política partidária para atender interesses de alguns sindicalistas que querem sempre se projetar e se enricar às custas daqueles que dizem representar, mas não se descuidando de estar sempre acuando governos que sejam de partidos contrários àqueles aos quais se acham filiados e que mesmo que não o tenha lá uma ficha de filiação, os defendem de unhas e dentes.

A nossa realidade que não é de agora, mas de décadas lá bem atrás, é que quase  todos os sindicalistas não querem relação de harmonia com os patrões (algo quase impossível de se dar. É fato!), nem mesmo de uma convivência de paz e estabilidade, pois em assim sendo, o que justificaria ou os catapultariam para as disputas eleitorais de politicas partidárias?, nas quais, mesmo logrando exito, seja para assembleias legislativas ou o congresso nacional, nunca deixam de manter o seu feudo, o sem mando no sindicato, pois é ali a jazida de uma grande fortuna que eles gastam a bel prazer, advinda da contribuição sindical obrigatória, que nunca foi e, dificilmente será fiscalizada mas que, anualmente é extorquida em face de uma lei arcaica e espúria, de um dia de trabalho, obrigatoriamente de cada trabalhador brasileiro.

Ante tal situação, não raras vezes assistimos numa mesma cidade, principalmente capitais, atuações diferentes quanto ao apoio ou engajamento em movimentos de greves, ora um sindicato se calando em relação ao pleito dos servidores municipais, mas virando fera quando se trata da paralisação dos estaduais ou vice-versa.

Por mais contraditório que isso soe, bastante estranho, por não dizer inverossímil,   entretanto isso nada mais é, do que movido por uma única e exclusiva razão: é por que as administrações, estadual e municipal, pertencem a partidos diferentes e os sindicatos só atuam de acordo com os interesses do partido no qual militam, ficando patenteado que existem manipulações com os afiliados, essenciais para fazer piquetes, passeatas e carregar faixas e cartazes, defendendo um movimento que acreditam ser apenas na defesa dos seus interesses, quanto na verdade muitos  outros são esses, bem mais espúrios, camuflados e nunca expostos, pois na maioria das vezes os sindicalistas não estão nem aí se vai ou se não vai haver melhorias e conquistas com a greve, pois para eles o mais importante continua sendo pressionar adversários políticos, objetivando causar lhes desconforto e desgastes os quais, acreditam as lideranças sindicais, poderão ser capitalizados eleitoralmente, pelo partido  a cujas bandeiras sempre defendem. Triste engodo, porém é a nossa crua e cruel realidade!!!!!

(José Domingos é jornalista, auditor fiscal, professor universitário, escritor e poeta. E-mail [email protected])

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