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OPINIÃO

Tocando a boiada sem parar

O setor agropecuário tem dado mostras de tocar a boiada a contento, apesar da estrada adversa. Afinal, é o que o agropecuarista aprendeu a fazer com os seus avós e com os seus pais. E, sem dúvida, ensinará a seus filhos. Os conhecimentos novos vão gradualmente sendo transmitidos.

Eles se configuram nos aspectos tecnológicos. Um boi antes abatido com cinco, seis anos. Agora, a idade de abate se limita no máximo a dois anos. O consumidor exige uma carne mais tenra, sobretudo nos ricos mercados da Europa.

O produtor enfrenta crescentes custos em sua propriedade. E para reduzir custos, naturalmente um boi gordo deve ser feito em menos tempos. A redução de custos se viabiliza a pecuária no menor tempo de pasto ocupado. Em vez de extensas áreas de terras como no passado, o animal agora deve ser criado em sistemas de confinamento.

Nesse seara entra o fator de gerenciamento. O gado precisa de acompanhamento mais de perto. O gestor deve ser competente. Necessita cuidar de animais e também de gente. Entender de conta. Precisa cuidar da saúde animal. Cada rês deve ser vacinada no período certo.

Se não cuidar da sanidade, um foco de febre aftosa, por exemplo, pode deixar tudo a perder. Inclusive, a economia de um país. A suspensão de importação de carne bovina por qualquer nação provoca um prejuízo incalculável.

A retomada de uma importação é um processo demorado e complexo. Envolve a diplomacia, o Ministério da Agricultura, a Organização Internacional de Epizootias, sediada em Paris. E, é um problema sério.

Apesar a crise econômica, política e moral do Brasil, a produção de grãos e carnes cresce. Novos recordes são batidos a cada safra. Os brasileiros produzem atualmente em torno de 200 milhões de toneladas de grãos.

O mundo está carente de proteínas e vitaminas. Há uma explosão demográfica no planeta. A pílula e os demais meios de limitação de filhos desestimulam pouco. Apenas no Brasil, em 1970 os brasileiros chegavam a 90 milhões. Em poucos mais de 40 anos, a população brasileira ultrapassa a 200 milhões. Mais que dobrou. Os programas de concessão de bolsas isso e aquilo estimulam novos filhos, embora educá-los constituam tarefas impossíveis.

Esse povo todo precisa comer. Segundo recente simpósio na área do agronegócio realizado pela Sociedade Goiana de Agricultura e Pecuária (SGPA) a atividade agropecuária desponta como oportunidade de investimento. O agropecuarista tende a investir porque esta é a sua vocação e os recursos naturais encontram-se disponíveis. Ele terá apenas que buscar ganhos de produtividade.

A China, país de dimensão continental, está de olho no Brasil como seu fornecedor de alimentos. O país asiático, por sinal, está sentindo crescente êxodo rural. Está todo mundo se locomovendo às cidades. A renda cresceu e com ela a necessidade de se alimentar melhor.

A proteína seja animal ou vegetal precisa estar na mesa de cada chinês. Por isso, seus governantes partiram para a habilitação de novas 26 plantas frigoríficas já no decorrer dos próximos dias. São novos frigoríficos, inclusive um de Marzagão, em Goiás, que poderão exportar carnes para os chineses.

O Rabobank avalia que nos próximos dez anos a produção de carnes crescerá acima de 27%. A produção de carne de frango deixará a casa dos 12,3 milhões para 16 milhões de toneladas em 2023. O Brasil tende a liderar as exportações no setor. Com a carne suína o fenômeno deverá se repetir. O aumento esperado é de um milhão de toneladas. O consumo deverá passar dos 14 quilos por habitante a cada ano para 20 quilos por habitante/ano em 2023.

O consumo por pessoa de carne bovina no País será superior a 40 quilos por habitante anualmente. A boiada enfrentará as adversidades no meio do caminho. Alguns animais poderão ser comidos pelas onças no pernoite ou pelos jacarés nas travessias dos rios e córregos, mas chegará ao seu destino. O produtor jamais será derrotado.

(Wandell Seixas é jornalista voltado ao agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agrícola pela Histradut, em Tel Aviv, Israel, assessor de imprensa da Emater e autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste)

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