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OPINIÃO

A Venezuela, o Brasil e o caos

O ocorrido na Venezuela, com os integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro é a demonstração de que, além da crise, ainda se vive o obscurantismo político na América do Sul e que o Brasil, infelizmente, não é respeitado o quanto deveria, mercê das crises e dos desmandos que temos vivenciado. Os senadores brasileiros – entre os quais aquele que recentemente foi candidato e quase se elegeu presidente da República - foram impedidos de visitar oposicionistas e presos políticos (um deles em greve de fome), e acuados por militares de má vontade e militantes hostis. Tudo isso num país vizinho classificado como amigo, que recebe o apoio do Brasil e foi, por ação brasileira, admitido ao Mercosul. Pouco importa se os parlamentares da comitiva hostilizada são de oposição aqui no Brasil. Naquele momento, eram representantes de um país amigo.

Desde os tempos do caricato Hugo Chávez, a Venezuela vive uma situação atípica para um país democrático. Fechou estações de televisão, mobiliza o povo de uma forma perigosa e supostamente incontrolável e afasta, com mão de ferro, os opositores. O presidente Nicolás Maduro – herdeiro de Chávez – enfrenta muita dificuldade para aplacar a crise econômica e evitar a explosão sociopolítica. O melhor que consegue fazer é perseguir os opositores. Diz-se numa democracia, mas pratica atos ditatoriais, como as prisões políticas. E o pior: tem simpatizantes nos governos dos países vizinhos, inclusive no do Brasil.

Felizmente, o Brasil, apesar dos grandes problemas a resolver, mantém firmes os princípios da democracia. Tanto que há uma cautela responsável quando se trata das propostas de impeachment da presidente e a oposição tem liberdade para atuar e desfraldar suas bandeiras. A ida dos senadores à Venezuela serve para reafirmar a nossa regularidade democrática e questionar o mesmo em relação ao vizinho país, que vive a convulsão econômico-político-social.

O Brasil democrático precisa rever suas relações não só com a Venezuela, mas com todos os países que desrespeitam a democracia e, principalmente, não admitem o contraditório e encarceram seus opositores. Se não tiver uma posição firme nessa direção, correrá o risco de, também marchar para o caos político, social e institucional. A autoridade legalmente constituída tem de ser respeitada como tal e conviver pacificamente com aqueles que não a apoiam. A lei tem de ser cumprida por todos e os atos de rebeldia, mesmo quando praticados sob a bandeira de supostos movimentos sociais, têm de encontrar a justa reprimenda.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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