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OPINIÃO

Clube fracos, seleção boa, eis a esperanças

Já que estamos em plenos campeonatos brasileiros (A e B) e Copa da América, falemos de futebol. A política se rotinizou na sofribilidade moral e intelectual. E os fatos internacionais se limitam a “estado islâmico” com seu terrorismo bárbaro, mesmice da pobreza da Grécia, autodestruição da Líbia (desde o assassinato de Kadafi) por suas tribos fanáticas, fatos desse naipe.

O futebol mercantilizado (não podia deixar de ser, desde que se tornou profissional e a globalização capitalista se impôs implacavelmente) aí está a reunir multidões entusiastas quando se trata de jogos entre seleções nacionais e clássicos regionais. Impressão a mais profunda causou-me o imenso sentimento patriótico com que os chilenos que lotavam o Estádio Nacional de Chile cantaram o Hino Nacional no minuto antecedente ao início do jogo da sua seleção com o time B do México (os locutores e comentaristas nunca falam em time B, escondem a realidade, evitando minimizar o desprestígio que o fato causa a uma Copa).

Embora o futebol tenha supervalorizado os seus jogadores – na Europa há craques milionários e biliardários – também nas mesmas condições existem empresários e dirigentes; e ao mesmo tempo tornado seus atletas ainda menos alfabetizados, porque desde a adolescência ingressam na carreira e não têm tempo para estudar, a verdade é que se tornou irreversivelmente o mais popular e mais bem assalariado de todos os esportes (somente igualado e até mesmo superado salarialmente pelo basquetebol norte-americano, este porém com grande público apenas nos Estados Unidos).

Em razão desse fenômeno econômico o futebol brasileiro, que era o mais respeitado no mundo há não muito tempo, se tornou pobre. O jogador que revela já aos 13 ou 14 anos sinais de grande promessa de craque vai para a Europa. Basta ver o cenário atual em que apenas um jogador ainda atuante aqui está na seleção brasileira: o goleiro Jeferson, do Botafogo. Não há que se falar em Robinho, pois além de não ter obtido a titularidade já há muitos anos que foi para a Europa e para aqui voltou com 33 anos, bastante veterano.

Dos doze mil e duzentos jogadores profissionais que jogam no Brasil não há nomes sequer cogitáveis para integrar a nossa seleção. E é digno de registro que no jogo de anteontem do Brasil com o Peru somente um craque foi destacado como excepcional, referência mesmo da representação brasileira. É ele Neymar, realmente um inquestionável. Sem ele o Brasil não teria conseguido a virada para 2 a 1, gol da vitória alcançado já no final dos acréscimos. O jogador, de apenas 23 anos, é genial. Tem todas as qualidades que projetaram os grandes nomes do futebol mundial. Perfeito domínio de bola, fantástico driblador, condução de bola em grande velocidade, ultrapassagem de quantos adversários estiverem a sua frente, grande finalizador, bom cabeceador, talvez não leve mais de dois anos a conquistar o título que na Europa se confere ao que os juízes da premiação denominam “melhor do mundo”. Aliás há dois anos Neymar, pelo gol simplesmente maravilhoso que fez contra o Flamengo (jogo que o rubro-negro carioca ganhou por 5 a 4 em Vila Belmiro) foi o ganhador do troféu galardoado ao “gol mais bonito do ano”.

A seleção brasileira que está na Copa da América não é ruim. Está na categoria entre razoável e bom. Isto preocupa porque o nível de algumas seleções europeias – Alemanha, Espanha, Itália, Inglaterra – parece superior, até mesmo tecnicamente, já que sob o aspecto físico são muito mais bem preparadas. Além disto o que linhas volvidas foi frisado – o fato de que a pobreza dos clubes brasileiros não lhes permite reter revelações – constitui um fator de pessimismo quanto a perspectivas, mas quem sabe se não teremos clubes fracos e seleção brasileira forte, já que os que lá foram podem ser convocados. É esperar para ver.

(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal às quartas & sextas-feiras - E-mail: [email protected])

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