Na noite de anteontem, no Restaurante Kananxuê, o Rotary Clube de Goiânia Serra Dourada, em reunião festiva, prestigiada por vários outros clubes, empossou nova diretoria. Encerrou-se, outra vez com êxito, o segundo mandato presidencial de Francisco Antônio Filho. A presidência foi assumida promissoramente pelo moço Leandro Freire. Os demais cargos continuam em mãos atuantes. Aliás a marca desse clube, cuja existência vem desde 1994 é a de ser eminentemente atuante. Em sua trajetória ressaltam-se serviços sociais, entre eles mutirões de saúde em periferias goianienses, intercâmbio de jovens estudantes com países de vários continentes, interação com clubes coirmãos, úteis palestras enfocando temas de interesse cultural e científico, enfim um trabalho altamente meritório a justificar os objetivos de Rotary.
Certa vez escrevi:
“O homem tem uma natureza associativa, um espírito gregário. Ilhar-se, viver sedentariamente, é contra a natureza e as necessidades psíquicas da pessoa humana. Todos nós temos mínimas dependências. Não somos interdependentes apenas nas relações econômicas. Aristóteles, ao definir o homem como animal social, sublinha a essência de que a transgressão dessa lei natural – vida comunitária, social, associativa, o inelutável processo de interação social de que nos fala a Sociologia – será uma transgressão que não escapa, como de resto não escapam todas as violações das leis naturais, àquelas sanções irrecorríveis e infelizmente encontradiças nas sociedades humanas – desajustes, recalques, neuroses, psicoses ou meros fracassos individuais.
Viver egoisticamente é agir em proveito exclusivamente pessoal. O pensamento está voltado unicamente para o próprio interesse. Viver egocentricamente é fazer de si mesmo o centro de todo o próprio pensamento.
O contrário é atitude mental de servir.
Servir é o verbo do lema rotário. Não há ação mais abrangente do que dar concretitude a esse verbo.”
Ainda muito moço, a partir dos 27 anos, tive a oportunidade, no Rotary Clube de Morrinhos, a cujo quadro de fundadores pertenci, de sentir de perto a experiência gratificante da sempre positiva ação rotária. Essa vivência contribuiu para que ao se constituir o Rotary Clube de Goiânia Serra Dourada pudesse eu formular esta oração que o clube adotou: “Senhor: inspirai e concedei sempre, a cada um de nós em particular e a todo nós como comunidade rotária, fraternidade para unir, alegria para reunir, ideal para servir, eficiência e ética para trabalhar, companheirismo para conviver.”
Sobre o ideal de servir afigura-se-me sobremaneira válido evocar este belo poema da grande poetisa chilena Gabriela Mistral:
“Toda a natureza é um desejo de serviço.
Serve a nuvem, serve o vento, servem os vales.
Onde haja uma árvore para plantar, planta-a tu;
Onde haja um erro para emendar, emenda-o tu;
Onde haja um erro para emendar, emenda-o tu;
Sê aquele que afasta a pedra do caminho,
o ódio dos corações e as dificuldades de um problema.
Existe a alegria de ser bom e o prazer de ser justo;
Existe, sobretudo, a sublime, a imensa alegria de servir.
Como seria triste o mundo se tudo já estivesse feito;
se não houvesse um roseiral para plantar,
uma empresa que iniciar!
Que não te atraiam somente os trabalhos fáceis.
É tão belo fazer uma tarefa que outros recusam!
Mas não caias no erro de que só se conquistam méritos,
com os grandes trabalhos; há pequenos serviços que são
imensos serviços: adornar a mesa, arrumar as cadeiras, espanar o pó.
Aquele é o que critica, este é o que destrói;
Sê tu o que serve.
O serviço não é só de seres inferiores.
Deus, que dá o fruto e a luz, é o primeiro a servir.
Poder-se-ia chama-lo assim: o servidor.
E Ele tem os olhos em nossas mãos, nos pergunta todo dia:
Serviste hoje? A quem?
À árvore, ao teu amigo ou aos teus familiares?”
(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal às quartas & sextas-feiras - E-mail: [email protected])