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OPINIÃO

Deus teve piedade de minha mãe

Quando visitava minha mãe acompanhada de meus três filhos ainda menores, sempre a observava atentamente: viúva, magra e ligeira, sempre sorridente no atendimento a mim, e aos netos, eles mostrando um incrível respeito por ela que girava sem parar pela casa. Os olhos inquietos buscando atender as crianças nas suas solicitações e a cuidar dos seus afazeres domésticos. Como sempre fez quando cuidava dos filhos – em penca – muita pobreza, obstinada a aceitar tudo sem lágrimas, queixas, reclamações. Registrada Valdomira de Lima. Quando já de certa idade passou a ser conhecida por “dona Baiana”.

Desde criança conheceu os revezes que a vida ofereceu. Foi em frente. Sorria sempre que falava em Deus! O Supremo Criador do Universo era comentado em suas falas às pessoas, em suas orações ou nos templos religiosos. Deus, o Onipotente, a deslumbrava. Ajudada as pessoas com suas preces. Passou a conhecer as plantas medicinais. Todas. Ajeitou canteiro. Doava. Mostrava como fazer. Também fazia. Preocupava com os doentes. A pobreza continuava. Os filhos se tornaram adultos. E pobres. Mas de caráter intocável. Coisa que muitos ricaços não têm. A fome se foi ainda na juventude dos filhos. Minha mãe continuava pobre. Mas altaneira. Minha mãe se foi.

“Dona Baiana” penou muito antes de morrer! As ervas nada puderam fazer nem mesmo as “milagrosas”. Sequer a medicina. Como sofreu. Porém fechou os olhos com muita serenidade ciente de seu dever cumprido. Deus não permitiu ela acompanhasse a violência que hoje campeia, droga no meio das ruas. Policia dando a impressão de dar a mão à bandidagem, corrupção, mães matando bebês no ventre, ou deixando-os nas sarjetas em sacolas de lixo, políticos se vendendo com apoio de governantes ou autoridades de alto gabarito, filhos matando mães, assaltos á mão armada, podridão em diversos setores de atividades.

A Lei Maria da Penha, desde agosto de 2006 prevê medidas desprevenção e combate à violência domestica. Além de agressões físicas mulheres continuam sendo maltratadas, ameaçadas e mortas. A polícia nada faz.

Os agressores de mulheres proliferam, a bandidagem também, os corruptos somam suas fortunas, e tarados sexuais desconhecem cadeias. Deus poupou a minha mãe de ver isso.

(Juliêta Carmelita, empresária)

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