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OPINIÃO

Eu

Inicio estas linhas por uma conclusão que pretendo alcançar ao final, ou seja, provarei a você que somos todos partes de uma geração que muito idealiza e nada realiza.   Perceba que você foi estimulado ao longo de sua vida a discursar e emitir opinião sobre tudo, doa a quem doer, mas pertence a uma geração que sabe o que fazer, mas erra por preguiça de ler o manual de instruções ou simplesmente não faz porque muda muito de norte, quase sem foco, ou melhor, de muitos focos. Nos perdemos em nós mesmos.

Certamente você sabe como tornar o mundo mais justo, o planeta mais sustentável, sabe que deve fazer o bem e ser feliz também, deve ter o corpo mais saudável, conhece o certo. Fazemos muito pouco com o conhecimento e experiência que temos. Muitos se afastam da política, o negócio é comentário vazio nas redes sociais. Ao contrário do que defendemos, bebemos mais, consumimos pouco saúde e comemos pior.

A regra do jogo é clara, já que entendemos que as bicicletas podem salvar o mundo da poluição e a atividade física pode anular o estresse. Ainda assim vamos de carro ao trabalho porque sua, porque chove, porque tudo de ruim são as escolhas. Chega de tantos vídeos condenando os fast-foods, não é novidade que dilaceram nossa saúde, mas a regra é que lotamos as filas do drive-thrru porque temos preguiça de ir até a esquina comprar pão. Somos a geração que tem preguiça até de tirar a margarina da geladeira, fruta então, só o venenoso néctar nos atrái.

Somos uma geração que erra sem medo porque tudo apagamos com um mouse em mãos, basta clicar. Postar é tão fácil quanto apagar, as relações são frágeis e sem compromisso. A família é descartável já que no domingo se ama e na segunda todos estão em delegacias pondo um fim nas relações A bem da verdade, sou de uma geração anterior em que briga de marido e esposa era briga de um homem e uma mulher, pasmem, hoje envolve quase todos organismos de segurança pública e do judiciário. Onde há ser humano existe mesmo essa tendência ao lixo, geração certamente com poucos valores.

De fato opinamos sobre tudo, não custa nada gastar papel, borracha, tinta ou credibilidade. Para alguns empreender é simples, já que se espera que todo mundo possa viver do que ama fazer, mas esquecemos que o sucesso não é fruto simplesmente das ideias, demanda suor, transpiração e uma história de foco e determinação. Tenho certeza que planejamos muito, produzimos ideias, mas jamais passamos noites realizando ou pondo em prática a maioria dos projetos sonhados.

Detestável o quanto ignoramos os conselhos dos nossos pais, preferimos declarar de amor público para amigos da rede social. Quase não ligo mais, quase não nos vemos mais, não abraço mais. Não conhecemos mais a casa um do outro, o colo um do outro, temos vergonha de chorar. Geração feliz no instagram e facebook. Triste o dia a dia desses nossos tempos.

Numa conclusão bem madura, sou um ninguém, já que de uma geração cheia de ideais e também de ideias que vai deixar para o mundo o plano perfeito de como ele deve funcionar, mas a bem da verdade pouco realizamos, pouco pomos em prática dos sonhos mais loucos que tivemos em vida, novamente, geração que tudo idealiza e nada realiza.

(Eduardo Paixão Caetano, delegado de Polícia Judiciária, mestrando em Direito Ambiental, especialista em Direito Público, pós-graduado em Direitos Difusos e Coletivos em Segurança Pública, especialista em Direito Penal e com certificação de MBA Executivo em Negócios Financeiros. Autor de artigos científicos e matérias publicadas em mídia impressa e eletrônica)

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