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OPINIÃO

A Dilma é a única culpada pela crise?

Que seja a nossa primeira reflexão uma súplica humilde e fervorosa ao Criador, Pai de infinita bondade e extrema misericórdia para que Ele nos inspire a escrever com proveito e sem ferir ou magoar quem quer que seja. É inegável que uma gigantesca crise política, financeira, econômica, social, moral e espiritual vinda de outras plagas abateu sobre o Brasil, esparzindo esta quase incontrolável onda de pessimismo que varreu o País de ponta a ponta. E estas alarmantes e passageiras dificuldades da vida temporal mexeram com o inconsciente coletivo da sociedade brasileira, sempre ávida por encontrar um culpado por este indesejável clima de pessimismo e desesperação.

Uma turba raivosa e enfurecida vibrando na mesma sintonia daquele grupo enceguecido que conduziu a mulher apanhada em adultério à presença de Jesus, agora acusa frenética e impiedosamente outra mulher. Aquela segundo seus algozes deveria ser apedrejada publicamente afim de que fosse cumprida com fidelidade a lei dos homens.  A mulher acusada dos nossos dias pela reedição daquela turba raivosa e igualmente enfurecida, não foi apanhada em adultério político, não tem culpa formada contra si e nem qualquer prova de fato delituoso por ela praticado. Em sua bagagem uma respeitosa trajetória de vida em favor da pátria: a imunda prisão no cárcere da ditadura militar, a superação da adversidade, a meteórica ascensão política, o aplauso popular, a consagração em duas eleições consecutivas, livres, democráticas e a retumbante e consagradora vitória para presidência da República Federativa do Brasil.

O seu é um mandato legítimo, a opção pelos pobres e oprimidos nasceu no coração valente e a invejável capacidade de resistir encontra seguro abrigo e permanente guarida na proteção do Alto que abençoa àqueles que ocupam o poder temporal pela vontade do povo que “é a voz de Deus”, e não ao sabor do acaso que não existe. Os nossos respeitáveis irmãos que ainda se compraz em apontar os defeitos alheios hão de entender que a democracia precisa ser respeitada e que a Constituição da República não pode ser rasgada ao influxo destas densas, deletérias e tenebrosas vibrações.

É nesta linha de raciocínio que foi reeditada aquela turba raivosa e enfurecida que estilando densas energias vibracionais de ódio e de desamor em desfavor de Dilma Rousseff, vem a lume exigindo inconsciente e açodadamente a sua execração pública. Desarvorada, através do pensamento esta gente em sua intimidade já denunciou, processou, julgou e condenou Dilma como a única responsável pela crise e a verdadeira culpada por todas desditas humanas.

Envolta nesta turva energia e estribada na ganância de alguns políticos aproveitadores e adversários contumazes da presidente da República a enfurecida turba passou a exigir inadvertida e publicamente sua sumária destituição do poder.   Se ela é culpada ou não, só o tempo dirá naturalmente arrimado no trabalho primoroso que está sendo realizado pelas instituições livres do país e para onde convergem as esperanças do povo. Embasadas nas normas doutrinárias preconizadas pela notável Carta Magna brasileira estas venerandas instituições com extrema sabedoria e serena coragem haverão de legal e justamente apurar todos os fatos absolvendo os inocentes e punindo exemplarmente os culpados seja ele quem for.    A ética, a moral e a razão recomendam a ausência de privilégios na prática da verdadeira Justiça. A esperança do povo é de que haja realmente Justiça na conduta imparcial do Poder Judiciário sem privilégio para quem quer que seja.

Alguns notáveis juristas pátrios, secundados pelo douto dr. Hélio Bicudo entende que a primeira mandatária do País hoje com uma baixíssima popularidade deve ser destituída do cargo para o qual foi democraticamente conduzida pelo voto direto, secreto e universal.  Outros igualmente laureados como os juristas dr. André Ramos Tavares e o dr. Gilberto Bercovici vêm a lume via de um muito bem urdido parecer reafirmar com absoluta convicção que “crises políticas, crises econômicas e crises sociais não constituem, por si mesmas, elementos ensejadores de um processo de impeachment”.

Quando aquela mulher apanhada em adultério foi conduzida à presença do mestre Nazareno, Ele escrevia com os dedos na areia da praia.  Ante o alarido da turba enceguecida e na largueza de seu imenso olhar existencial, o justo por excelência levanta a cabeça, terna e amoravelmente comtempla a multidão e sentencia com serenidade e sabedoria: “Aquele que tivesse sem pecado que atirasse a primeira pedra”, voltando a escrever na areia.    Daí a alguns instantes percebendo que a mulher estava só perguntou: “Mulher onde estão os que te denunciavam ninguém te condenou?” Aliviada ela respondeu: “Não Senhor.” Ante daquela informação verdadeira e segura o Mestre exarou com justiça, extrema bondade e infinita misericórdia o seu veredito: “E nem eu te condeno. Vai-te e não peques mais.” Veneranda esta histórica sentença varou os séculos como antídoto ao julgamento sumário, precipitado e desprovido de provas.

Hoje a fragilidade moral da classe política, a dubiedade da contraditória fundamentação jurídica e a presença da ausência de provas desautoriza a decretação sumária do impedimento da primeira mandatária do país. A Constituição Brasileira uma das melhores e mais bem urdidas do planeta é o instrumento legal que serve de parâmetro para dirimir todas as questões políticas e jurídicas que envolvem a vida da nação.

O emérito jurista pátrio, ex-ministro do Supremo, brilhante conferencista e notável humanista dr. Carlos Ayres de Brito um dos mais laureados conferencista do país em linguagem poética e recheada de humor assevera que nossa Carta Magna poderia exercer, com segurança, o papel de um determinado posto de gasolina onde tudo se resolve. A propaganda midiática passa-nos a imagem de que todo e qualquer problema se resolve “lá no Posto Ipiranga”. Emulada por seu enorme sentimento de civismo e brasilidade nossas venerandas Instituições Livres por certo se arrimaram em nossa Carta Magna para promover com Justiça e urbanidade a varredura do país e devolver ao povo brasileiro a esperança, a paz e a alegria. Ególatra e orgulhosa, a classe política brasileira ainda não conseguiu se libertar da estrema vaidade que a escraviza para tomar decisões legais, justas e acertadas. Resta-nos tão somente continuar acreditando no trabalho já iniciado por nossas instituições livres que por certo estão sendo assistidas pela Espiritualidade Superior. O Ministério Público, a Polícia Federal e Poder Judiciário, sobretudo com a brilhante e insuspeita atuação do douto magistrado Sérgio Moro já demonstraram na prática que é possível condenar os culpados poderosos, passar o país a limpo de banir definitivamente a corrupção do cenário político brasileiro.

E todo brasileiro, religioso ou não, encontra-se convocado para esta cruzada cívica de amor em favor da pátria. Ninguém pode eximir-se desta sublime tarefa dizendo-se não dispor de recursos para contribuir. O simples fato de pensar, orar e vibrar positivamente em favor do país e de seus governantes já será de grande valia, visto que tudo começa com a força criadora do pensamento. Evite entrar nesta onda vibracional de pessimismo avassalador. Demonstre amor ao país e a você mesmo orando pela sua pátria.

(Irani Inácio de Lima, presidente da Associação Jurídico Espírita de Goiás)

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