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OPINIÃO

Dupla traição

O abastado homem de bem, que integrava a sociedade elegante de sua cidade, frequentava um clube discreto dirigido por bela senhora muito rica, que planejava, astuta e furtivamente, encontros amorosos entre seus potentados clientes e formosas mulheres, recebendo em troca vasta remuneração que aplicava em suas extravagâncias pessoais e para melhorar, cada vez mais, o seu ousado estabelecimento.

Bastava um telefonema do sócio do clube para que a referida mulher providenciasse o encontro, nos aposentos mais íntimos e luxuosos de sua casa de prazeres. Pois o importante homem de quem falávamos, discou para a amiga e lhe disse:

– Hoje estarei aí. Quero tudo a meu gosto. E lhe descreveu o tipo de mulher que pretendia, e que fosse, de preferência, uma bem tímida, uma que estivesse errando pela primeira vez. Falou da bebida e da música de sua predileção.

E a anfitriã, desejando agradar a esse senhor, que era um dos seus melhores clientes, saiu a visitar outros clubes, outras colegas de profissão, e por todos os meios procurou a mulher que reunisse os predicados expostos pelo freguês, e por fim encontrou refinada senhora que, após vários entendimentos com a alcoviteira, que lhe prometeu vultosa quantia em dinheiro, aceitou o convite mediante eterno segredo entre ambas, pois se o seu marido viesse, a saber, disso...

À noite, o abastado senhor telefonou à sua consorte, dizendo-lhe que não pousaria em casa, em razão de importante reunião que teria de participar, na cidade vizinha; em seguida, encaminhou-se para o clube que soezmente frequentava; lá chegando, foi direto para o seu confortável aposento, enquanto ouvia a dona da casa dizer-lhe:

– Daqui a pouco chegará uma pequena adorável... Ela reúne, penso, todos os dotes apreciados por você.

A bela dama foi atender a outro cliente que chegava, e o homem que esperava sua amante deitou-se e dormiu; minutos após, chegou a formosa mulher desejada pelo fogoso ricaço, e foi gentilmente conduzida para o seu apartamento; abriu, temerosa, a porta do quarto, acordando o amante que a aguardava; e quando seus olhares se cruzaram, grande foi o sofrimento de ambos...

Eram Marido e Mulher!

A felicidade que provém da harmonia de um casal é produto da fidelidade de ambos.

Os alicerces do lar são os cônjuges; se um dos alicerces ruir, todo o lar virá abaixo.

Ninguém pode exigir retidão dos outros, caminhando erradamente.

Entende-se por matrimônio, duas pessoas num só caminho: se uma delas se desvia para outra estrada, não poderá reclamar, depois, a falta de apoio na desolação.

A irresponsabilidade do pai ou da mãe poderá ser a calamidade dos filhos.

O cônjuge que busca afeto noutro lar, não construiu afeto no próprio lar.

As aventuras amorosas fora do lar transformam-se, mais tarde, em calamitosas desventuras.

O matrimônio são duas almas numa só; se uma delas se desprende e foge, ambas caminham incompletas.

Observação: narrativas como a que ora apresentamos, expondo as consequências da infidelidade, e fatos semelhantes a este, são muito conhecidos e repetidamente publicados, em virtude dos sucessivos casos, embora com cenários e personagens diferentes; o que acabamos de apresentar foi relatado por um amigo, que não sei se o leu alhures, ou de que forma tomou conhecimento dele; seja, porém, como for, a lição ficou, e se as reflexões seguintes servirem para alertar alguns companheiros da estrada, estamos seguramente recompensados, e não nos importa saber se fato idêntico já foi publicado ou não; sentimos vontade de dar esse recado – e o fizemos.

(Iron Junqueira, escritor)

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