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As palestras de Lula não convencem

Diante do preparo intelectual de Lula, há muito já se desconfiava que seu “cachê” vinha de outras fontes, e jamais de entidades culturais, por exemplo.
Fez palestras em inúmeros países, coincidentemente onde havia obras financiadas pelo BNDES, e depois as investigações levaram à conclusão de que, na verdade, quem garantia o pagamento de tais palestras eram exatamente as empreiteiras contempladas com obras naquele país. O negócio era tão rendoso, que ele criou até uma empresa para mascarar a roubalheira: a “Lils Palestras, Eventos e Publicações Ltda”, de São Bernardo do Campo, SP, com o CNPJ 13.427.330/0001-00 (Lils, não por acaso, são as iniciais de Luíz Inácio Lula da Silva).
São inúmeros casos de tais palestras, mas, invariavelmente realizadas em países com obras financiadas pelo BNDES. O “Instituto Lula”, que acoberta estas falcatruas, sempre comparece como porta-voz informal do ex-presidente, “justificando” tudo, todas as palestras no exterior, e sabe-se que ele esteve no Equador, Cuba, Peru, Panamá, Venezuela, Moçambique, Nicarágua, Bolívia, Uruguai, Chile e várias republiquetas africanas governadas por ditadores.
Mas a verdade sempre aflora, e o portal chileno “El Democrata” publicou um artigo, que esclarece detalhes sobre a forma que era utilizada para justificar o recebimento de supostas palestras, esclarecendo, também, que o Ministério Público brasileiro apurou que o “Instituto Lula” recebeu 200 mil dólares da empreiteira OAS no Chile em 2013, na época em que a presidente Michelle Bachelet era candidata.
A ida de Lula era para uma reunião naquele país, com duas horas de duração, mas foi assinado um contrato fajuto entre a empreiteira OAS e o “Instituto Lula” 39 dias depois da “palestra”.
“Oficialmente”, a missão do ex-presidente era apoiar a candidata Bachelet, que, no dizer de Lula, estava mais bem preparada para enfrentar um segundo mandato, e a presidente reeleita retribuiu a gentileza, ao afirmar que Lula era “um líder internacional que representa a capacidade de diálogo e conquistas sociais e levou a cabo profundas transformações no seu país, dentro de um quadro de prosperidade e governação”.
A reunião, transformada em palestra, ocorreu em 28 de setembro de 2013 em Vitacura, uma das 32 comunas de Santiago, com trinta empresários, num encontro organizado pelo seu instituto para um almoço privado. Para reunir os empresários, o representante de Lula recorreu à Confederação da Produção e Comércio (CPC) para encaminhar aos associados gratuitamente, os convites, o que seria “em nome da democracia”, segundo o Instituto Lula, como confirmou a própria CPC, que informou não haver feito nenhum pagamento para o ex-presidente participar do almoço, que foi patrocinado pelo instituto; o encontro, por conseguinte, foi apenas “fachada” para justificar o recebimento da propina da OAS.
O azar de Lula foi o Ministério Público haver constatado que ele recebeu da OAS nada menos que 200 mil dólares por esta reunião em novembro de 2013, com uma agravante: o contrato foi firmado em 7 de janeiro de 2014, ou seja, dois meses depois do evento e do pagamento irregular. Mas esta forma de pagamentos a Lula ocorria sempre, pois ele já recebera da OAS por proferir conferências na Costa Rica, Trinidad e Tobago, Panamá, Peru, Venezuela, Cuba e outros países com operações de empreiteiras.
Além da OAS, Lula também recebeu por “palestras” da Odebrecht, da Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, UTC e outras, em todos os países onde o BNDES liberava financiamentos para empreiteiras. Negócio de altíssimo proveito, que justificou a criação do “Instituto Lula” e da “Lils Palestras, Eventos e Publicações Ltda”.
Mas a “galinha dos ovos de ouro” acabou, tão logo surgiu a Lava Jato, o que demonstra que o palestrante mais bem pago do mundo estava se enriquecendo às custas de um expediente muito escuso.
A renda mensal de Lula é R$ 9 mil mensais em aposentadorias e R$ 13 mil mensais do PT, o que não justifica a riqueza em que vivem ele e a família.
Será que a Justiça não vai confiscar esses milhões mascarados em palestras que não houve?

(Liberato Póvoa, desembargador aposentado do TJ-TO, membro-fundador da Academia Tocantinense de Letras e da Academia Dianopolina de Letras, escritor, jurista, historiador e advogado, [email protected])

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