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OPINIÃO

De oligarquia em oligarquia

Por 16 anos, o PMDB governou Goiás. Começou com o primeiro mandato de Iris Rezende (1983-1986); depois Henrique Santillo (1987-1991); em seguida e, de novo, Iris Rezende (1991-1994) e; Maguito Vilela (1995-1998). Nesse intervalo entraram em cena, lideranças de menor destaque, tais como Onofre Quinan, Agenor Rezende e Napthali Alves.
Por 20 anos, o PSDB governa Goiás. A “dinastia” começa com a inesperada vitória de Marconi Perillo em 1998 sobre Iris Rezende (PMDB); em 2002, Perillo se reelege vencendo o ex-governador Maguito Vilela (PMDB); em 2006 é eleito para o governo de Goiás, o ex-vice-governador de Marconi Perillo, Alcides Rodrigues que vence Maguito Vilela (PMDB) e; em 2010 Perillo, de novo, vence o ex-governador Iris Rezende (PMDB); em 2014, disputando reeleição, Marconi tem como adversário Iris Rezende Machado e que, pela terceira vez, o derrota.
Desta forma, em 2018, o PSDB completa, como já citado, duas décadas à frente do governo do estado.
Temos, desta forma, trita e seis anos de oligarquias governando Goiás, ou seja, lá se vão quase quatro décadas de governos oligárquicos, direitistas, liberais e neoliberais à frente de Goiás.
Não é coisa qualquer. A tese é que oligarquia política faz mal às pessoas; é ruim para o aperfeiçoamento democrático e; reforça ranços, conservadorismos e as piores tradições da política.
Vejamos a situação dos serviços públicos de Goiás depois de duas oligarquias ou quatro décadas de oligarquias. Goiás é estado fraturado onde as contradições de classe são intensificadas pela precariedade dos serviços públicos e pela falência deste mesmo estado como provedor de serviços essenciais para seu povo.
Não é exagero! Oligarquia faz mal! Parto de elementos concretos. Goiás ocupa, segundo o Programa de Redução da Violência Letal (PRVL/Presidência da República/Unicef) a sétima posição entre os estados mais violentos do Brasil para jovens e adolescentes; no quesito saúde, estamos entre os dez piores; perdemos para o Piaui, Ceará e Maranhão (Fonte: GuiaBolso/economiauol.com.br).
Depois de quase quarenta longos anos de mandos envolvendo duas oligarquias siamesas, a população goiana recebe uma educação pública estadual que sequer aparece no ranking e nas medições do Inep, tamanha a precarização da educação formal e estadual disponibilizada aos pobres dessa terra.
Não é uma casualidade que esses dramas surjam com tamanha força em nosso Estado. A ideia que defendo é que a democratização do poder expresso em sua rotatividade é benéfica não só para a dita democracia eleitoral, mas para a própria qualidade de vida das pessoas.
Com o avanço político das oligarquias e sua consequente consolidação ocorre uma espécie de acomodação dos hábitos políticos, das condutas eleitorais e que, não raro, convergem para a manutenção do poder de plantão.
Mais do que uma retórica, democracia de verdade não admite acomodações; combina com movimento, alternância e disputa de projetos. É o que nos interessa e, não se esqueçam, oligarquias fazem mal.

(Ângelo Cavalcante, economista, cientista político doutorando (USP) e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Itumbiara)

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