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OPINIÃO

Futebol brasileiro no fundo do poço

No momento em que escrevo este texto faltam ainda algumas horas para o jogo do Brasil com o Para-guai em Assunção. O torcedor brasileiro receia um resultado negativo. Afinal, o time de Dunga é inconfiável. Tem apenas um ponto além da metade do que tem o Equador. Este sempre foi tão inexpressivo que, se não me engano, nunca participou de uma Copa do Mundo. Isto é: jamais passou das eliminatórias. Agora está invicto, numa demonstração evidente da pobreza do futebol sul-americano. Faz muito tempo que a Argentina não é a mesma de outros tempos. As crises financeiras portenhas de há muito estão a se refletir no futebol. No último jogo deu uma razoável melhora, mas sua colocação é quase a mesma do Brasil – quarto lugar.
Se o Brasil perder hoje sua classificação passa à incerteza.
Inconfiável à seleção – cujos 11 são craques altissimamente remunerados na Europa –, o que dizer do futebol que se está jogando internamente, isto é, nos campeonatos que se disputam aqui no Brasil?
Sofrível o nível. O que se passa, por exemplo, no Rio de Janeiro, é um fracasso rotundo. O grande mas infeliz Flamengo tem de jogar fora do Rio – em Brasília, em Juiz de Fora, até o momento – porque a desorganização e a irresponsabilidade dos dirigentes cariocas para com os torcedores são tão estarrecedoras que, a exemplo de outros anos, em que o Rock in Rio, os shows de Frank Sinatra e outros astros estrangeiros se realizaram no Maracanã, até agosto ou setembro o grande palco do rubro-negro e demais grandes do Rio(ressalve-se que o Vasco tem São Januário, com capacidade para 27.000 torcedores) estará destinado à Olimpíada. Pobres e infelizes torcedores guanabarinos, que têm de se contentar com os campinhos de Volta Redonda, Bangu e Madureira; e a ver os clubes do seu coração jogados na vala da mediocridade desoladora.
Ainda quanto ao futebol carioca, é de se lembrar que o Botafogo está muito mal financeiramente (mais de quatrocentos milhões de reais de dívidas); a situação do Vasco é crítica – sua dívida está na casa dos trezentos milhões; e terá de disputar a Segunda Divisão (Série B) no ano que vem. Embora com excelente recuperação das suas finanças, o Flamengo ainda é grande devedor. Demais disso, atravessa péssimo período tecnicamente, bastando dizer-se que perdeu até para o Confiança de Sergipe e foi eliminado na última semana do Torneio Rio-Sul na derrota para o Atlético Paranaense e em seguida saiu vaiado de Volta Redonda, onde foi derrotado pelo modesto clube local. Muricy Ramalho está um fracasso total e o elenco do Flamengo é fraco. Na minha opinião o famoso Guerrero é uma enganação, Emerson Sheik está mal e em fim de carreira e Marcelo Cirino uma grande decepção. Também o Fluminense não escapa do rol de grandes deficitários e sua crise apavora os tricolores.
O futebol paulista está em má fase. O São Paulo vive dias difíceis. O Palmeiras investiu mal em mais de duas dezenas de jogadores irregulares, medíocres pode-se dizer, contratou o campeão pelo Cruzeiro Marcelo de Oliveira, que não conseguiu estruturar bom time com o fraco elenco; e agora contratou Cuca, cujos resultados são todos negativos. (A história de técnicos de futebol, principalmente no Brasil, vale uns dois ou três artigos especialmente dedicados a ela, pois reflete um dos aspectos de maior burrice e de espantosa absurdidade do futebol brasileiro).
Voltarei ao tema a qualquer momento.

(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal às quartas & sextas-feiras - E-mail: [email protected])

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