Home / Opinião

OPINIÃO

Os parques e praças de caminhada são do povo

Se tem um espaço onde se pode conhecer melhor a alma e o coração das pessoas, esse lugar se chama passeio público de caminhada. São as praças, os parques naturais, que muitos também os nominam de pistas de Cooper, homenagem ao fisiologista e idealizador americano dr. Kenneth Cooper.
Quando saio às minhas corridas matinais, às vezes corro, mas sem pressa. Primeiro faço os sete minutos de alongamento. Dois minutos de pernas, dois de braços, dois de abdômen e um de pescoço (coluna cervical). Falo de sete minutos porque sete é um número cabalístico e simbólico. Poderia ser uns 10, 15 minutos, depende do gosto de cada um. Afinal em sete dias fez Deus o mundo, sete são os dias da semana, como o são também as cores irisadas do arco-íris.
Quando falo e prescrevo exercícios para amigos e pacientes procuro ser bem flexível. Digo sempre: façam os exercícios que melhor lhes aprouver e convier. Os gostos, cores e exercício são de livre escolha. Tem gente que prefere os ambientes confinados de academias , há outros que gostam de esportes, outros tantos de se exercitar pelos ares da vida; e tem aqueles que não gostam de nada. E tem até aquela classe mais casquilha e exigente que contrata um treinador pessoal (os tão badalados personal trainers).
Uma outra pergunta frequente quando de uma consulta e exame para atividades físicas se refere às normas ou atitudes de segurança para os iniciantes em qualquer tipo de exercício. A melhor orientação que faço é aquela de se auto-avaliar durante essas práticas. No geral comece com pelo menos 30 minutos quatro vezes por semana. O ritmo de se caminhar, trotar ou correr dependerá da boa tolerância e sustentação dessa velocidade. O próprio organismo através da respiração e fadiga muscular irá ditar se estamos exagerando ou não no esforço muscular global.
O importante é ao final de cada sessão dessas atividades a pessoa se sentir melhor do que cada começo. A melhor regra e segurança de qualquer exercício é ouvir as limitações orgânicas e fisiológicas individuais. Esqueça aquelas tabelas de frequência cárdica máxima e submáxima, de portar os frequencímetros e outras quinquilharias . São pingentes eletrônicos que mais atrapalham do que ajudam. Todavia, assevero em um ponto, nunca inicie uma atividade física sem um exame com um cardiologista. No mínimo uma consulta e teste ergométrico cardiológico.
O único órgão que coloca qualquer pessoa durante o exercício em risco é o coração. Este risco existe, não é desprezível, e só como alerta: as alterações cardíacas congênitas não têm sintomas, e quando surgem são fatais. Quase sem exceção são mortes súbitas. Raramente se morre de outra causa, aneurisma cerebral por exemplo.
Tomando a ideia inicial da beleza da alma e do coração das pessoas quando nas movimentações ao ar livre. Na verdade esses cenários encerram em autênticos teatros da vida. São espaços onde cada um se sente em seu proscênio.
E nessas alegres e salutares jornadas diárias me divirto muito com os variados estilos, com os tipos anônimos de corredores, caminhantes; enfim os transeuntes do nosso mundo. Existe aquele no meu exemplo que tem uma periodicidade diária, tem aqueles que vão três ou quatro vezes por semana e os que o fazem só em finais de semana ou eventualmente. Tem, acredite, até aquele devoto que faz caminhada uma vez por ano, ele vai à festa do Divino Pai Eterno em Trindade-GO. Esse merece um ingresso ao céu. Quanta devoção!
Os penduricalhos são os de todos; um celular à mão ou no bolso, mp3 nos ouvidos e um adorno , roupas e tênis ou algum adereço fora de contexto. Há os que levam suas garrafas de água. Os recipientes, às vezes, vão e voltam cheios, mas o que importa é que vão e voltam .
Um tipo especial de caminhante me deleita os olhos. São os donos de pets. Uns puxam os seus bichos, outros são puxados por eles. Há aqueles que se quer preocupam com os excrementos dos melhores amigos; os que jogam lixos fora do lixo; e há aqueles que mesmo não tendo lixo, jogam os lixos dos outros nos coletores de lixo. Quão exemplares.
Outros tipos ou biotipos que me causam admiração são os de alguma notável proeminência corporal. Mesmo sendo esses portadores de excedentes ponderais personagens preeminentes, intermitentes ou renitentes. Passam-se dois, cinco anos e as circunferências de tronco e abdome são as mesmas. Nos casos aqui, está comprovado por um excesso de atividade de musculatura orofacial. São os praticantes de halterofilismo bucomaxilofacial (jargão médico).
Eh! O certo é que as praças de atividade física e caminhada são mesmo uma festa. Quanta alegria. Quanto de bom se vê da alma e do coração em nossos parques, passeios públicos e pistas de caminhada. Esses cenários são de fato e de direito as autênticas ágoras (como na Grécia Antiga), onde todos se expressam e se encenam na mais absoluta e plena liberdade.

(João Joaquim - médico - articulista DM www.drjoaojoaquim.com [email protected])

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias