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OPINIÃO

É preciso se auto educar contra o machismo

Por que, sendo homem, abordo um tema que em tese pertence à esfera da militância feminista? Como seria a reação masculina diante da opinião de que um marido traído teria que ter matado a esposa e não o amante? Aprofundando a questão: como seria a reação quando essa opinião vem de uma mulher?

Infelizmente, não se trata de ficção.

E apartir dessas opiniões com as quais me deparo no cotidiano, impõe a necessidade da reflexão que leve nós homens a contestar e revogar o paradigma construído historicamente e consolidado através do pensamento machista que desencadeia um conjunto de práticas opressoras, portanto, aniquiladoras do ser feminino, às vezes levando às últimas consequências.

Infere-se, então, que o tema precede o campo do feminismo, sendo antes uma questão referente à dignidade humana, sem, contudo, negligenciar o cuidado com a não generalização do termo, tendo em vista que na relação de gênero sob a primazia dos vlores patriarcais, a reflexão sobre a dignidade humana da mulher recai inevitavelmente na defesa da sua autonomia, caso a perspectiva seja a de romper com o paradigma misógino.

Nesse sentido, o que me preocupa como homem, fazendo-me explicitar a defesa da igualdade de gênero, é o desafio da auto educação face aos aspectos misóginos introjetados; tanto os secularmente consolidados, quanto aqueles sedimentados no cotidiano. A autonomia masculina é invasiva ao ponto de controlar os assessórios pertencentes à estética feminina; o julgamento sobre suas roupas e seu comportamento público, indo além, determinando não só o código moral a ser seguido pela mulher, mas fazendo com que ela própria, em parte, o retransmita em caráter coerção moral à outras mulheres.No entanto, não se trata de coerção feminina sobre seu próprio gênero. Basta observar uma conversa numa roda de homens, sobre mulheres, e logo a constatação é que aquilo que mancha a imagem feminina, purifica a imagem masculina, quase supondo que “naturalmente” o homem tem que dominar para obter sua afirmação.

A auto educação a qual me refiro, impõe uma outra perspectiva: a de que não haverá sociedade justa sem a proposição da paridade da autonomia entre homens e mulheres. Assim, a reflexão que me cabe no sentido de dar consistência a uma concepção anti machista, deve recusar os valores institucionalizados ao nível da sacralização, que por longo tempo serviram e servem à constituição da sociedade patriarcal.

As barbáries que balizaram toda a trajetória histórica da humanidade, na civilizações ocidental e oriental estão carimbadas pela “natureza masculina”, seja no plano da idealização, seja no plano da operacionalização. Logo, parece pertinente a utopia cuja perspectiva seja a da igualdade de gênero, ou seja, que as mulheres quebrem todas as correntes de opressão, e exerçam a plena autonomia; tanto do ambiente doméstico, quanto na esfera pública ocupando postos decisórios sobre os rumos da sociedade. Lucas Aldeir – Licenciado em História pela Unifan.

(Lucas Aldeir. [email protected])

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