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OPINIÃO

Cretinice federal

Nem todo o estoque de Uruana, capital da melancia, seria suficiente para suprir a necessidade de holofotes do Delegado Federal Maurício Moscardi Grillo, que bem podia ter desfilado com uma dessas frutas na cabeça ao invés de estruturar o show midiático com a bizarra “Operação Carne Fraca”. Não se discute o núcleo sério da investigação envolvendo frigoríficos que agiam com fraudes a serem desmascaradas, menos ainda a legítima necessidade de se colocar atrás das grades fiscais corruptos.

O grande nó da questão é que nenhum País sério do mundo, principalmente envolvendo um órgão policial com o dever de zelar pela boa ordem republicana, joga toda uma cadeia produtiva, responsável por expressiva parcela de exportação com reflexos no PIB, num lamaçal sem avaliar as consequências.

Normalmente acontece o contrário, as forças da lei agem no silêncio, na equação que interessa ao povo, pune sem estardalhaço, preservando o moral, as finanças e o progresso na certeza de que não se devem apodrecer os alicerces que garantem empregos.

O tal Grillo, mesmo que bem intencionado, agiu com a irresponsabilidade de um jovem embriagado. Seu erro tem origem até no batizado do conjunto de medidas adotadas. “A carne é fraca”? Brincadeira de adolescente. O Delegado parece que mal saiu do cueiro.

Será que não lhe passou pelo cocuruto que a fanfarra teria repercussões internacionais? O feito do homem se firma como o sujeito que pretende defender as mulheres e lança uma campanha chamada “putas brasileiras”. Ora, convenhamos, seu doutor.

A Polícia Federal, que tantas vezes tive o prazer de elogiar, se prestou a um serviço que nenhum concorrente do Brasil conseguiria. Em questão de horas, jogou na latrina décadas de esforço para consolidar as empresas do setor no alto do ranking internacional.

Por conta de uma minoria corrupta, e coloca minoria nisso, se prejudica um esforço de marketing histórico. Uma excelente herança que não pertence a uma empresa isolada é um patrimônio nacional.

Pois é. O que nos mata é essa eterna síndrome de cachorro vira-lata. Somos, sempre e em quaisquer circunstâncias, piores do que os outros. Na ânsia de revelar, bombasticamente, como somos ruins, ineptos, corruptos e cretinos, destruímos até o que existe de positivo. Sem pestanejar, não jogamos apenas lama no presente, afundamos no lodo arrastando Deus e todo mundo.

Sofre o produtor rural, o pequeno supermercado, o homem dos cais do porto, o vendedor de rações, o rapaz que assa o churrasquinho na esquina, tudo porque, um delegado de miolo fraco, encasquetou que a melhor picanha do mundo é podre. Que Deus o perdoe. Porque esse, definitivamente, não sabe o faz. Ou melhor, dizendo, o mal que fez. Ou sabe e fez assim mesmo?

Rosenwal Ferreira, jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal

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