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OPINIÃO

O colapso da candidatura Daniel

A banda podre do PMDB goiano não segura em alça de caixão. Bastou o nome do deputado Daniel Vilela aparecer na infame “lista do Fachin” e ser citado por delatores premiados – o que, em princípio, nada prova contra ele – para ser chutado a escanteio. A pretensão dele de ser candidato a governador pelo PMDB não mais se sustenta. Todos os prefeitos peemedebistas – incluindo Iris Rezende e seus satélites  e todos os deputados do partido – já anunciaram que querem Ronaldo Caiado candidato a governador em 2018.

Apresentaram uma condição: Caiado deverá filiar-se ao PMDB. Ele tem prazo até abril para assinar a ficha. Duvido que o faça. A exigência dos cartolas peemedebistas é pura arrogância de pobre soberbo. Uma presunção completamente pueril. Como eles próprios queimaram Daniel, já não possuem um bom candidato para entrar no páreo. Caiado é a última esperança dos peemedebistas de retornar ao governo do Estado, depois de 20 anos sendo sistematicamente derrotados nas urnas pelas forças marconistas.

Que garantias a banda podre do PMDB oferece a Caiado? Nenhuma, já que a palavra dessa gente vale tanto como pingo n´água. Sempre existe uma possibilidade do velho Iris resolver, de última hora, ser candidato a governador. Como ele tem o controle material da sigla – Daniel tem apenas o controle formal –, será fácil para ele alijar Caiado da disputa interna, como já fez com Henrique Meirelles, com Vandelan Cardoso e com Júnior Friboi. A cadeia de eventos autoriza a inferência, por indução, de que ele fará de novo, se quiser.

Caiado, no PMDB, não tem a menor segurança de que será, de fato, o candidato da sigla. Mas o fato de ter sido aclamado pelos peemedebistas deixa pelo menos uma coisa clara: Daniel não terá a menor chance de ser candidato a governador pelo PMDB. Agora, se Iris não puder ou não quiser ser candidato, o PMDB não terá outra alternativa a não ser apoiar Caiado pelo DEM. Como o senador demista é o dono da sigla em Goiás, nada impede que ele seja o candidato oficial da legenda. Dizer  que o DEM não tem estrutura partidária, tempo suficiente de TV, etc., é bobagem. Na medida em que conquistou a condição de polo oposto, atrairá uma vastidão de micropartidos de aluguéis que, somados, deverão garantir-lhe um bom espaço televisivo. Para essa gente, que acredita mais em marquetagem do que em política, é o quanto basta.

Isolando a dissidência 

Na guerra como na luta política o isolamento é a pior situação. O isolamento leva à inação e ao aniquilamento. O assim chamado “maguitismo” vem sendo paulatinamente isolado dentro do PMDB. Apesar de todos os esforços de Maguito Villela para se manter em bons termos com Iris Rezende, o fato é que a massa peemedebista e o entorno de Iris já não querem mais saber de Maguito. Não têm força nem um bom pretexto para expulsar a ala maguitista, Simplesmente o forçaram ao gueto, de onde só poderão livrar-se saindo da sigla.

Não será a primeira vez que o fenômeno será verificado. Foi assim com o grupo maurista, com o santillismo, depois com Nion Albernaz, com Lúcia Vânia, com Frederico Jayme... Com todos que não se submetem docilmente ao irismo.

Maguito Vilela e seus chegados passaram anos dobrando o espinhaço. Certa vez, num palanque, Maguito declarou que ele e Iris eram irmãos siameses na política. Desta vez, não será preciso chamar o doutor Kalhil para separá-los. A vida fará isso.

Maguito já vinha desgostando a linha dura peemedebista a um bom tempo, desde que, prefeito de Aparecida de Goiânia, cargo para o qual se elegeu unicamente por seus próprios méritos, começou a manter boas relações políticas com o governador Marconi Perillo.

No início, eram relações do tipo “republicanas”, conforme está em moda dizer. Atualmente, as relação são bem mais próximas. Maguito bem que gostaria de ajudar politicamente Marconi. O que atrapalha uma aproximação maior entre os dois líderes são as ações solertes da criadagem palaciana que, tendo seus próprios interesses, acha que a eles todos os demais devem submeter-se.

Essas ações de Maguito visando uma reaproximação do PMDB goiano com o marconismo – o que isolaria Ronaldo Caiado – é desaprovada por aquele setor do PMDB que guarda eterno ressentimento de Marconi e até hoje se compraz em difamar o falecido governador Henrique Santillo, o fundador da corrente marconista. É o mesmo pessoal que, quando Marconi ofereceu apoio à candidatura de Iris a prefeito de Goiânia, esnobou o oferecimento. A recusa desdenhosa deixou claro que o espírito de revanche continua vivo. É o espírito que leva esta gente a aclamar Ronaldo Caiado como o novo Messias lá deles.

O oferecimento a Ronaldo Caiado ilustra bem uma característica dos peemedebistas contemporâneos: o fisiologismo manifesto, a absoluta falta de solidariedade interna, a falta de camaradagem, o apoio interesseiro a quem possa reconduzi-los aos postos de mando em Goiás.

A união sob a bandeira de Caiado não serve a qualquer propósito cívico. Há quase vinte anos na oposição, o PMDB até hoje não conseguiu formular um projeto político alternativo ao marconismo. Nunca conseguiu sequer formular uma crítica racional ao atual governo de Goiás. Contenta-se em insultar a pessoa do governador e, agora, a atacar o vice, José Eliton, candidato consensual das forças marconistas.

É natural que busque o PMDB aliançar-se com outro que nada tem a propor, a não ser sua própria pessoa e suas autoproclamadas virtudes individuais, no que reduz a política local a uma relação de vassalarem e suserania.

Caiado preside um partido que é, há anos, parte destacada da base marconista. Todo mundo no DEM é marconista, exceto Ronaldo Caiado. O senador jamais explicou à sociedade goiana as verdadeiras razões de seu rompimento com Marconi. Não foram razões políticas. Foi uma desavença de caráter pessoal. Caiado tornou-se inimigo pessoal de Marconi e isto é tudo. Esta inimizade determina o oposicionismo de Caiado. O interesse público não tem nada a ver com isso.

Caiado uniu-se aos seus adversários de ontem porque o ódio a Marconi tem prioridade. Durante os anos de governos peemedebistas, Caiado tocava sua trombeta com com absurda estridência a denunciar as malfeitorias de Iris, de Maguito e outros mais. Deitou falação naquilo que seria o escândalo Astrográfica, de que ninguém mais se lembra. Esgoelou contra o dinheiro supostamente da Caixego  que pagou os marqueteiros do PMDB goiano. Esbravejou contra a venda de Cachoeira Dourada e a dissipação do produto dessa venda. Murmurou sobre a debacle do BEG. Enfim, saiu de dedo em riste contra todas as mazelas dos governos do partido que agora o quer candidato a governador.

Das duas umas: ou o PMDB estava mesmo errado, e Caiado certo. Ou o PMDB estava certo e Caiado errado. Caiado jamais fez autocrítica de seus ataques ao PMDB. Nunca retirou uma única vírgula do que disse. E o atual PMDB finge que Caiado jamais apontou-lhes o dedo. É um jogo de cinismo e desfaçatez sem limites.

Os rumos de Maguito

Maguito tem dito a todo mundo que não pretende mais ser candidato. Ele alega que não tem recursos econômicos para uma disputa senatorial ou mesmo a deputado federal. Tem boas condições de se eleger a senador ou a deputado federal. Mas ele acha que entrar na disputa por qualquer cargo seria uma forma de competir com seu filho, Daniel Villela. De resto, ele ainda se debate com problemas judiciais que podem até mesmo deixá-lo fora do pleito.

Mas existem outras formas de fazer politica mesmo sem mandato. E uma figura da expressão de Maguito Vilella, sem embargo do que se possa pensar dele, não fica fora do jogo político. De um modo ou de outro ele é peça do tabuleiro. A banda podre sabe disso e corre para reduzi-lo à insignificância.

A dinâmica dos acontecimentos empurra Maguito, Daniel e seus companheiros para fora do PMDB goiano. Existem siglas respeitáveis dispostas a acolhê-lo, se ele, num assomo de coragem, resolver romper o cerco e sair do isolamento.

O projeto de levar Daniel ao governo do Estado poderá ficar para melhor ocasião, é claro, já que o moço é jovem e tem muito que aprender ainda.

Ou Maguito deixa o PMDB ou este será seu túmulo político. A margem de manobra está ficando cada dia mais estreita.

Helvécio Cardoso da Silva, jornalista

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