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OPINIÃO

Igrejinha da Serra: a tradição da fé, esporte e ecologia

Re­zar, can­tar, jo­gar, me­xer com a na­tu­re­za sem des­tru­ir, bus­car re­fú­gio es­pi­ri­tual e mo­vi­men­tar o co­mér­cio da re­gi­ão sem dei­xar os pre­cei­tos di­vi­nos em se­gun­do pla­no. Um ca­mi­nho de luz e de­ter­mi­na­ção, a ver­são go­i­a­na de Mao­mé e a mon­ta­nha. A mu­lher que ven­de um pra­to de ga­li­nha­da por 10 re­ais aju­da a man­ter a tra­di­ção, co­mo se o ali­men­to mai­or es­ti­ves­se lá no al­to, no al­tar sa­gra­do. De ge­ra­ção em ge­ra­ção a len­da ven­ce o tem­po e o mo­der­nis­mo.

A pai­sa­gem é des­lum­bran­te e re­ple­ta de pro­mes­sas, his­tó­ri­as e com um ecos­sis­te­ma que va­lo­ri­za a re­gi­ão da Cai­ei­ra, em Rio Ver­de, ber­ço de mi­la­gres, di­ver­são, ro­ma­ria e o es­por­te da Es­tân­cia Ataí­de. O se­nhor To­to­nho da Cai­ei­ra es­ta­va do­en­te e fez uma pro­mes­sa pa­ra o Di­vi­no Pai Eter­no, que se fos­se cu­ra­do er­gue­ria ali uma igre­ja. E as­sim foi fei­to. Nos mol­des da fes­ta re­li­gi­o­sa de Trin­da­de, a fes­ta da Igre­ji­nha da Ser­ra reú­ne mul­ti­dões e mui­tos de­vo­tos. E em sua re­gi­ão o her­dei­ro de To­to­nho da Cai­ei­ra e fi­lho do pro­fes­sor Ger­son Ataí­de edi­fi­cou a Co­pa Es­tân­cia Atai­de de fu­te­bol so­ci­ety, que te­ve sua 54ª edi­ção no dia da ro­ma­ria tra­di­cio­nal. Va­le a pe­na ca­mi­nhar, pois o can­sa­ço é ven­ci­do pe­la fé e co­ra­ção con­ver­ti­do.

Re­za a len­da que do­na Lu­zia Fei­to­sa ti­nha uma fi­lha de­sen­ga­na­da pe­los mé­di­cos, e fez uma pro­mes­sa de su­bir os 88 de­graus ajo­e­lha­dos da igre­ji­nha se a fi­lha fi­cas­se boa; re­a­li­zou a pro­e­za, sem me­do de ma­chu­car seus lin­dos jo­e­lhos. A me­ni­na fi­cou  cu­ra­da e ho­je tem 19 anos, es­tu­da me­di­ci­na. As­sim co­mo ela mi­lha­res de pes­so­as vão ao lu­gar cé­le­bre pa­ra cum­prir su­as pro­mes­sas e agra­de­cer pe­las gra­ças re­ce­bi­das, co­mo se o al­tar se pa­re­ces­se com uma ré­pli­ca da sa­la dos mi­la­gres de Trin­da­de. A ro­ma­ria é re­a­li­za­da no pri­mei­ro do­min­go do mês de ju­lho, com lu­gar re­ser­va­do no co­ra­ção dos fi­eis pa­ra sua de­vo­ção, sen­do te­ma de crô­ni­ca do es­cri­tor Fi­la­del­fo Bor­ges de Li­ma.  Um lu­gar de fé, es­por­te (já fo­ram re­a­li­za­das na re­gi­ão da Cai­ei­ra cor­ri­das de Mo­to Cross), além do ele­gan­te cam­pe­o­na­to so­ci­ety do pi­o­nei­ro Wmar­ley Mi­ran­da Ataí­de e sua fa­mí­lia. A ca­da ano a fes­ta ga­nha con­tor­nos di­fe­ren­tes sem es­que­cer-se das ori­gens do ide­al do se­nhor To­to­nho da Cai­ei­ra. Ar  pu­ro pa­ra res­pi­rar; be­le­za pa­ra se con­tem­plar e um es­por­te pa­ra man­ter a for­ma e a ami­za­de. A Es­tân­cia Ataí­de é co­nhe­ci­da em to­da re­gi­ão, re­u­nin­do os gran­des cra­ques do fu­te­bol ama­dor há 25 anos, e no dia 2 de ju­lho o ven­ce­dor foi a Gran­ja We­ge­ner, que ven­ceu o Be­bi­dão Roka­fé Es­por­te Clu­be por 2 a 1. A Se­cre­ta­ria de Es­por­tes deu o tro­féu e o su­por­te pa­ra que a pe­le­ja fos­se re­a­li­za­da. Con­tem­plar a lin­da pai­sa­gem da Igre­ji­nha da Ser­ra e vi­ver mo­men­tos de sa­ú­de ple­na na ma­ta ami­ga com­pen­sa o sa­cri­fí­cio de su­bir o ob­stá­cu­lo ci­ta­do e ama­do por to­dos.

Mes­mo com o pro­gres­so vi­vi­do pe­la ci­da­de de Rio Ver­de a tra­di­ção da Igre­ji­nha não é es­que­ci­da, mis­to de fé, en­con­tro so­ci­al, pai­xão, de­vo­ção, di­ver­são e con­ser­va­ção da flo­ra tro­pi­cal. Os Ataí­de con­ser­vam a pai­sa­gem, mes­mo de­pois de cons­tru­ir um mo­der­no pes­que pa­gue nas ime­di­a­ções con­sa­gra­das. É co­e­ren­te es­cla­re­cer que a Igre­ji­nha da Ser­ra ide­a­li­za­da no fil­me é a ou­tra, (do ro­man­ce de Eva­ris­to e Ro­si­nha, es­cri­to por Al­ber­to Roc­co) que fi­ca na re­gi­ão da Ca­pa Bran­ca. Mas a Igre­ji­nha da Ser­ra com sua cai­ei­ra ori­gi­nal con­ti­nua sen­do um por­tal da fé pa­ra os de­vo­tos do Di­vi­no Pai Eter­no.  No pró­xi­mo ano tu­do se­rá re­co­me­ça­do no ce­ná­rio dos Atai­de e até o lo­te­a­men­to  Re­si­den­ci­al So­lar dos Atai­de co­nhe­ce sua va­lo­ri­za­ção ex­plo­si­va, sem des­tru­ir a tra­di­ção que ven­ceu dé­ca­das. So­men­te quem so­be as es­ca­das da fé sa­be va­lo­ri­zar a con­vi­vên­cia re­li­gi­o­sa en­tre o ho­mem e Deus, bus­can­do do al­to da ca­pe­la um so­pro de vi­da e li­ber­da­de. O ver­da­dei­ro mi­la­gre é acre­di­tar, e as­sim os Atai­de per­pe­tuam uma len­da que deu cer­to. Ajo­e­lhou tem de re­zar, jo­gar e re­no­var su­as ener­gi­as fí­si­cas e es­pi­ri­tua­is. No gran­de cam­pe­o­na­to da vi­da quem en­tra em cam­po com fé já co­me­ça ga­nhan­do o jo­go de um a ze­ro, se­ja a Gran­ja We­ge­ner ou qual­quer ro­mei­ro do Di­vi­no. A re­za do len­dá­rio To­to­nho da Cai­ei­ra vin­gou e dei­xou se­men­tes de vi­tó­ria e uni­ão pe­la fé. Os 220 mil ha­bi­tan­tes de Rio Ver­de (e os vi­si­tan­tes) se sen­tem mais per­to de Deus, mes­mo quan­do os pés são ma­chu­ca­dos pe­las ca­mi­nha­das cons­tan­tes, ven­cen­do o cas­ca­lho e a po­ei­ra se­cu­lar.  A nos­sa Trin­da­de se cha­ma Igre­ji­nha da Ser­ra, no co­ra­ção ver­de de Go­i­ás. Ben­di­to Re­si­den­ci­al So­lar dos Ataí­de!

(Jo­sé Car­los Vi­ei­ra, o Le­la, es­cri­tor, jor­na­lis­ta, fo­tó­gra­fo da Se­cre­ta­ria de Es­por­tes de Rio Ver­de. E-mail le­la­ba­le­la1@hot­mail.com)

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