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OPINIÃO

A pedagogia que vem do ladrão

Há um pro­vér­bio ou di­ta­do po­pu­lar que afir­ma: -Uma for­ma de se edu­car um fi­lho ou uma cri­an­ça é com o exem­plo - Quan­ta sa­be­do­ria e ver­da­de con­tem es­sa afir­ma­ção. Os di­ta­dos e sen­ten­ças, fru­tos da cri­a­ção das pes­so­as, de um gru­po so­ci­al têm mui­to de so­ci­o­lo­gia, de an­tro­po­lo­gia e fi­lo­so­fia. Por­que tais afir­ma­ções não são ori­un­das de sim­ples opi­ni­ão in­di­vi­dual. Elas re­sul­tam de ob­ser­va­ções e vi­vên­cias di­á­rias de uma so­ci­e­da­de, de con­clu­sões e ex­pe­ri­ên­cias  con­cre­tas ex­traí­dos da vi­da di­á­ria  e são pas­sa­das en­tre ge­ra­ções de pes­so­as. São mui­to mais co­e­ren­tes e con­vin­cen­tes do que a Es­ta­tís­ti­ca, Ci­ên­cia que  li­da com nú­me­ros, da­dos e por­cen­ta­gens. En­fim os pro­vér­bi­os têm mui­to de Ci­ên­cia sem em­pre­gar en­sai­os ci­en­tí­fi­cos.

Um ou­tro pro­vér­bio que tra­go pa­ra es­se con­tex­to é aque­le que diz: A opor­tu­ni­da­de faz o la­drão. Se­rá ? Ve­re­mos em se­gui­da.

To­man­do en­tão o prin­cí­pio pe­da­gó­gi­co de que uma ma­nei­ra de se edu­car um fi­lho ou uma cri­an­ça co­me­ça pe­lo exem­plo. To­me-se co­mo ilus­tra­ção  aque­le prin­cí­pio de que to­dos so­mos fi­lhos des­sa pá­tria cha­ma­da Bra­sil. Com tal con­si­de­ra­ção, os man­da­tá­rios má­xi­mos da na­ção se­ri­am fi­gu­ras e ato­res na con­di­ção de pa­is de to­dos os go­ver­na­dos.

É uma re­la­ção sim­ples, go­ver­nan­tes/go­ver­na­dos. Fa­zen­do uma ana­lo­gia com os sis­te­mas po­lí­ti­cos da ida­de mé­dia. Qua­is se­jam, do se­nhor feu­dal e seus vas­sa­los, sú­di­tos e sub­mis­sos. Po­lí­ti­ca e hi­e­rar­qui­ca­men­te fa­lan­do( do Bra­sil), mes­mo sen­do um re­gi­me de­mo­crá­ti­co re­pre­sen­ta­ti­vo, exis­tem os es­tra­tos so­ci­ais e ad­mi­nis­tra­ti­vos en­tre go­ver­nan­tes e go­ver­na­dos, elei­tos e elei­to­res. Tra­ta-se de nos­sa pá­tria Bra­sil. For­ma­mos clas­ses de ci­da­dã­os.

Ser­vi­ços Pú­bli­cos,  os po­lí­ti­cos que nos re­pre­sen­tam , são es­ca­las e clas­ses em graus de fun­ções e de im­por­tân­cia. As­sim é o Es­ta­men­to, as­sim é uma or­ga­ni­za­ção es­ta­tal. O que im­por­ta é que a dig­ni­da­de das pes­so­as se­ja a mes­ma. Se­ria uma con­fi­gu­ra­ção ge­o­mé­tri­ca da pi­râ­mi­de; no ápi­ce têm-se os lí­de­res e che­fes de Es­ta­do e dos ou­tros po­de­res, co­mo con­gres­so e ju­di­ci­á­rio; e na ba­se es­tão os ou­tros, os go­ver­na­dos, os elei­to­res; en­fim o po­vão.

Fa­zen­do uma apre­cia­ção co­mo su­jei­to, bus­quei en­tão os fun­da­men­tos, as ra­zões de tan­ta de­so­nes­ti­da­de, de tan­tas in­fra­ções éti­cas e le­gais em nos­sa so­ci­e­da­de. Ne­nhum se­tor da vi­da tem es­ca­pa­do aos des­vi­os das nor­mas da boa con­vi­vên­cia so­ci­al. Se­ja  no trân­si­to, nos am­bi­en­tes de tra­ba­lho, de con­do­mí­nios, de co­mér­cio, de la­zer, de cul­tu­ra. Se­quer os am­bi­en­tes mís­ti­cos (ou mí­ti­cos ) es­ca­pam aos ex­pe­di­en­tes e con­du­tas do em­bus­te, da frau­de, do en­ga­no, do lo­gro, da má fé. Aí têm-se os fal­sos pro­fe­tas, fal­sos ad­mi­nis­tra­do­res, fal­sos ges­to­res pú­bli­cos, fal­sos ami­gos, fal­sos em tu­do.

Os fun­da­men­tos da dis­se­mi­na­ção da de­son­ra e tan­ta vi­la­nia vêm jus­ta­men­te no pro­vér­bio do exem­plo co­mo fer­ra­men­ta pe­da­gó­gi­ca. Se nos­so pa­ís(Bra­sil) , ou me­lhor, se nos­sos lí­de­res, che­fes e go­ver­nan­tes men­tem, tra­pa­cei­am e rou­bam eu tam­bém vou rou­bar. Por que não? Es­sa é a ener­gia que vi­ce­ja e pai­ra no con­sci­en­te co­le­ti­vo, na men­te e dis­cer­ni­men­to dos ci­da­dã­os (ãs). O mo­de­lo de con­du­ta e ins­pi­ra­ção de pos­tu­ra che­ga de for­ma ver­ti­cal, vêm da­que­les que so­bre­pai­ram a to­dos os sú­di­tos e go­ver­na­dos. Em úl­ti­mas pa­la­vras, se um pre­si­den­te da re­pú­bli­ca, se um che­fe ou di­re­tor de um po­der le­gis­la­ti­vo ou ju­di­ci­á­rio co­me­te frau­de, im­pro­bi­da­de ad­mi­nis­tra­ti­va ou pe­cu­la­to e até re­ce­be pro­pi­nas e ou­tras van­ta­gens por que não o ci­da­dão co­mum e me­nor não fa­ria o mes­mo? Afi­nal es­te su­bal­ter­no e mais hu­mil­de se es­pe­lha em al­gum mo­de­lo e exem­plo co­mo nor­ma de vi­da. Ve­ja o quan­to fun­cio­nou o adá­gio po­pu­lar – do exem­plo co­mo for­ma de edu­car.

Do ou­tro adá­gio - A opor­tu­ni­da­de faz o la­drão - se ti­ram al­gu­mas ex­pli­ca­ções e con­clu­sões. Em ver­da­de a oca­si­ão não faz o la­drão. Ela o com­ple­men­ta, faz o seu aca­ba­men­to. Ne­nhu­ma opor­tu­ni­da­de tor­na o in­di­ví­duo ho­nes­to ou la­drão. Ele já o é por ín­do­le e vo­ca­ção. Aque­le mo­men­to o fa­vo­re­ce em sua con­du­ta pa­ra o bem ou pa­ra o mal. Tra­ta-se, uma vez mais, da ati­vi­da­de po­lí­ti­ca e ou­tras ges­tões da vi­da pú­bli­ca. Qual­quer que se­ja a fun­ção, o ser­vi­dor te­rá a chan­ce de ex­pres­sar o seu ca­rá­ter, se pa­ra o bem ou pa­ra o mal, se pa­ra uma con­du­ta éti­ca e ho­nes­ta ou de­li­tuo­sa e cor­rup­ta.

Um ci­da­dão, um ser­vi­dor pú­bli­co ou po­lí­ti­co ho­nes­to re­sis­ti­rá  a to­das as ten­ta­ções em ques­tões de su­bor­no, de trá­fi­co de in­flu­ên­cia e de cor­rup­ção. Ne­nhum di­nhei­ro, ou­ro ou van­ta­gem tor­na­rá o seu ca­rá­ter ou hon­ra ve­nal, mer­ca­do­ria de ne­gó­cio, com­pra e ven­da.

É o con­trá­rio do de­so­nes­to e cor­rup­to por edu­ca­ção, exem­plo e for­ma­ção. Pa­ra o fim de se lo­cu­ple­tar, de en­ri­que­cer, de ob­ter van­ta­gem ele se­rá ca­paz de ne­go­ci­ar não só o seu ca­rá­ter e sua hon­ra, mas até a pró­pria al­ma. Ho­nes­to é ho­nes­to sem­pre. La­rá­pio o é em to­do lu­gar e cir­cun­stân­cia.

Des­gra­ça­da­men­te o Bra­sil es­tá in­fes­ta­do de exem­plos de gen­te do mal , da­do a cor­rup­ção, rou­ba­lhei­ras e tra­pa­ças. E es­tes são pés­si­mos mo­de­los pa­ra nos­sos ado­les­cen­tes e jo­vens em for­ma­ção .  Fe­liz­men­te, tem-se do ou­tro la­do uma le­gi­ão de pes­so­as hu­mil­des, ho­nes­tas, cum­pri­do­res das leis e dos me­lho­res exem­plos éti­cos. Es­tes nos dão es­pe­ran­ça de um Pa­ís e um mun­do me­lho­res.    De­zem­bro/2017.

(Jo­ão Jo­a­quim, mé­di­co, ar­ti­cu­lis­ta DM fa­ce­bo­ok/ jo­ão jo­a­quim de oli­vei­ra  www.drjo­ao­jo­a­quim.blog­spot.com - What­sApp (62) 98224-8810)

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