Em frente ao prédio onde moro, um modesto condomínio residencial, crescem duas magníficas magnólias, agora em plena floração. Magnólias são aquelas árvores frondosas, de folhas largas, lisas, de um verde brilhante na parte de cima e meio crespas na parte de baixo. Elas produzem flores grandes, com cinco pétalas tão grossas que parecem de papel crepom. Existem magnólias com flores de várias cores, as minhas são brancas e enormes.
Minha noite pode ter sido mal dormida, o dia pode não prometer grandes coisas, mas, toda manhã, ao vê-las no esplendor de sua floração, sinto as forças me renovarem de dentro para fora. Claro que tenho consciência dos tempos difíceis que atravessamos, dos desmandos governamentais, da indiferença dos políticos pelas causas maiores da nação e de tantas outras mazelas cotidianas.
Contudo, não sei bem por que, as magnólias também me fazem lembrar dos quinhentos e tantos meninos e meninas, alunos de escolas públicas que, recentemente, receberam troféus nas olimpíadas de matemática, de vários outros que ganharam prêmios internacionais em competições de engenharia megatrônica, dos inúmeros jovens cientistas nas mais diversas áreas, desde tecnologia da inovação, utilização sustentada da biodiversidade, conservação da natureza e transformação social, agraciados com prêmios inéditos no País, todos mega concorridos. Em todos os campos do saber nossos jovens brilham, basta que lhes deem oportunidade e ambiente propício para desenvolver seus talentos e habilidades peculiares. São eles que conduzirão o Brasil em direção à quarta revolução industrial, chamada indústria 4.0, esse universo ainda misterioso que abrange coisas como big data, inteligência artificial, internet das coisas, robótica, sensores inteligentes e tantas outras.
Minhas magníficas magnólias florescem duas vezes por ano, todos os anos. Como elas, nossos jovens apresentam seus talentos anualmente em feiras de ciência e competições de todo naipe. Eles se apresentam diante da nação e nos pedem apenas apoio, respeito e adequadas condições de trabalho para continuar fazendo aquilo que mais gostam: estudar, criar, inventar e expandir seu potencial, preparando o Brasil do futuro, onde predominarão tecnologias que hoje apenas engatinham. No cérebro criativo desses jovens estão sendo geradas criações originais que delinearão o futuro do nosso País.
Nesse emaranhado de problemas em que nos debatemos diariamente, esses jovens e as magnólias me enchem de esperança de um futuro mais justo, repleto de desafios e também de promessas de um porvir melhor.
(Tarciso Filgueiras, pesquisador e professor. E-mail: [email protected])