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OPINIÃO

Não se cobre tanto

“Eu preciso atingir esse corpo esbelto”, disse Laís em voz baixa, enquanto folheava uma revista de moda.

“Olha esse cabelo, não tem frizz, está brilhoso e perfeito”, pen­sou por um minuto.

Laís tem 13 anos, e sempre se preocupou com a sua imagem. Ela não entendia o porquê de não conseguir gostar do seu próprio corpo, ou do seu cabelo. Ela só queria ser popular na escola, con­quistar o crush e receber bastante curtidas nas redes sociais. Es­pera aí, talvez ela não saiba exatamente o que está querendo, mas de uma coisa ela tem certeza: quer acabar com a dor que sente, de qualquer jeito.

Ela ainda não sabe que está sendo influenciada por estereóti­pos e padrões de beleza impostos à sociedade, tudo em nome do consumismo.

-“Já chega, eu não consigo ser nada disso”, em prantos Laís se mostrava desesperada. Com toda a sua força e decepção, rasgou aquela revista que havia folheado por horas.

Ela ainda é uma adolescente, devia estar se reunindo com ami­gas para uma noite do pijama, ou pedindo permissão para os pais para ir até a sorveteria com a galera. Mas Laís se considerava uma pessoa sem amigos, que não tinha lugares para frequentar e nem disposição para tentar fazer qualquer atividade.

Sabe, se a Laís pudesse me ouvir, eu diria a ela: pare com isso! Perfeição não existe, ninguém é perfeito, nada é. Logo, você tam­bém não precisa ser. O que você já perdeu por se cobrar tanto as­sim, por se dedicar demais a tudo? Faz mal colocar tanta pressão e cobranças em cima de você mesma.

Você queria gostar do seu corpo ou de si mesma, eu compre­endo. Mas você também precisa viver e participar da vida. Eu sei que parece difícil, assim no primeiro momento. Mas com o tempo tudo ficará claro para você, e toda essa dor vai passar aos poucos. Só tente, mais um pouco. Mas tente de verdade, sinta o vento, a bri­sa no seu rosto. Você pode ser feliz do jeitinho que é.

Ei, o seu corpo não precisa ser igual das revistas, o seu cabelo não precisa ser igual das modelos.

Menina, o mundo e as pessoas já cobram demais de você, e você não tem que repetir isso. Ei, não se cobre tanto. São se com­pare aos outros, cada história de vida é diferente.

Pare de olhar para fora e olhe para si mesma. O que realmente importa? A sua vida! Você é importante, acredite em mim, por favor.

Que pena! A Laís não pôde me ouvir, eu cheguei atrasada. Ela se foi, não conseguiu vencer o que a matava aos poucos e acabou com a própria vida. Mas eu sei que alguém pode me ouvir, ou ler, tanto faz. A Laís representa milhares de crianças, adolescentes, jo­vens e até adultos que estão presos em um mundo sombrio e do­loroso. Se você se identificou com os sentimentos dela, peça ajuda!

(Kariny Bianca, jornalista e redatora de conteúdo, formada em Jornalismo pela Faculdade Araguaia- Fara)

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