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OPINIÃO

Uma onda de fusões e aquisições na indústria petrolífera

Após mais de cin­co anos sem a re­a­li­za­ção de lei­lões de pe­tró­leo e gás, a ANP (Agên­cia Na­ci­o­nal do Pe­tró­leo, Gás Na­tu­ral e Bi­o­com­bus­tí­veis) deu iní­cio a uma sé­rie de li­ci­ta­ções no se­tor. Na mais re­cen­te, a 2ª Ro­da­da de Par­ti­lha da Pro­du­ção, re­a­li­za­da em ou­tu­bro des­te ano, fo­ram ar­re­ma­ta­dos 75% dos blo­cos ofer­ta­dos, ge­ran­do R$ 3,3 bi­lhões de ar­re­ca­da­ção em bô­nus de as­si­na­tu­ra, R$ 304 mi­lhões em in­ves­ti­men­tos e um ágio mé­dio do ex­ce­den­te em óleo de 260,98%. No mes­mo dia, tam­bém foi re­a­li­za­da a 3ª Ro­da­da de Par­ti­lha da Pro­du­ção que con­tou com a par­ti­ci­pa­ção de oi­to em­pre­sas ofer­tan­tes, sen­do se­te es­tran­gei­ras.

No mês an­te­ri­or, o go­ver­no fe­de­ral já ha­via re­a­li­za­do a 14ª ro­da­da, quan­do fo­ram em­bol­sa­dos R$ 3,8 bi­lhões, a mai­or ar­re­ca­da­ção da his­tó­ria, com um ágio de 1.556%, um si­nal da con­fi­an­ça dos in­ves­ti­do­res. Nes­sa oca­si­ão, dos 287 blo­cos ofer­ta­dos, 37 fo­ram ar­re­ma­ta­dos por 17 em­pre­sas, sen­do se­te es­tran­gei­ras, en­tre elas, a Par­naí­ba Gás Na­tu­ral e o con­sór­cio for­ma­do pe­la Pe­tro­bras e pe­la nor­te-ame­ri­ca­na Ex­xon Mo­bil.

Os exem­plos aci­ma de­mons­tram a re­to­ma­da de um in­te­res­se in­ter­na­ci­o­nal pe­lo se­tor de óleo e gás. Com o anún­cio da re­a­li­za­ção dos lei­lões, a re­a­ção dos in­ves­ti­do­res pe­lo Bra­sil foi ime­di­a­ta vis­to que te­mos al­guns fa­to­res à fren­te de ou­tros paí­ses, que não pos­su­em tan­tos re­ser­va­tó­rios co­mo te­mos aqui bem co­mo, uma le­gis­la­ção ma­du­ra e com se­gu­ran­ça ju­rí­di­ca. Além dis­so, não po­de­mos dei­xar de des­ta­car que o Bra­sil tam­bém se tor­nou in­te­res­san­te pe­lo fa­to de os cam­pos ofer­ta­dos te­rem uma boa com­pe­ti­ti­vi­da­de ape­sar da ne­ces­si­da­de de uma tec­no­lo­gia mais ca­ra pa­ra a ex­tra­ção do pe­tró­leo em águas pro­fun­das e ul­tra­pro­fun­das.

Após a mai­or cri­se que es­se se­tor já pas­sou, tra­ta-se de uma cla­ra de­mons­tra­ção do iní­cio da re­to­ma­da de in­ves­ti­men­tos no pa­ís que ain­da têm uma lis­ta ex­ten­sa de ou­tros lei­lões pa­ra o bi­ê­nio 2018-2019. Nes­se pe­rí­o­do, a ANP pre­ten­de re­a­li­zar, em maio do ano que vem, a 15ªro­da­da de li­ci­ta­ções de blo­cos pa­ra ex­plo­ra­ção e pro­du­ção de pe­tró­leo e gás na­tu­ral, na mo­da­li­da­de de con­ces­são; e a 16ª ro­da­da de li­ci­ta­ções de blo­cos que in­clui os blo­cos das ba­cias de Ca­ma­mu-Al­ma­da e Ja­cu­í­pe e de águas ul­tra­pro­fun­das fo­ra do pré-sal das ba­cias de Cam­pos e de San­tos e das ba­cias ter­res­tres do So­li­mões e Pa­re­cis. A agên­cia tam­bém es­tá au­to­ri­za­da a fa­zer 4ª e 5ª ro­da­da de par­ti­lha de pro­du­ção, tam­bém em maio, nas Ba­cias de San­tos e de Cam­pos e a 5ª e 6ª ro­da­das de li­ci­ta­ções de acu­mu­la­ções Mar­gi­nais com da­ta ain­da a de­fi­nir.

Po­de­mos con­si­de­rar que es­se po­de­rá ser o mai­or mo­vi­men­to de fu­sões e aqui­si­ções e é uma de­mons­tra­ção de que o se­tor co­me­ça a dar si­nais de re­cu­pe­ra­ção pu­xa­dos por qua­tro prin­ci­pa­is ques­tões. A pri­mei­ra de­las le­va em con­ta a não obri­ga­to­ri­e­da­de da Pe­tro­bras de ser mais o ope­ra­dor úni­co do pré-sal. Com is­so, os in­ves­ti­do­res es­pe­ram mais tran­spa­rên­cia e li­ber­da­de de fa­zer e con­tro­lar a ope­ra­ção. Já a se­gun­da ques­tão pas­sa pe­la pre­vi­si­bi­li­da­de dos lei­lões, um dos fa­to­res mais im­por­tan­tes pa­ra as em­pre­sas que atuam no se­tor. A ter­cei­ra diz res­pei­to à fle­xi­bi­li­za­ção do con­te­ú­do lo­cal que per­mi­ti­rá uti­li­za­ção da ca­pa­ci­da­de de tec­no­lo­gia e re­cur­sos do ex­te­ri­or. O que vi­mos é que o mer­ca­do não ti­nha ca­pa­ci­da­de pa­ra pro­du­zir e não pos­su­ía en­ge­nha­ria de re­cur­sos es­pe­cí­fi­cos. Com is­so, o que an­tes era ine­fi­ci­en­te, tor­na­rá o pe­tró­leo ren­tá­vel e o Bra­sil mais com­pe­ti­ti­vo, au­men­tan­do o rit­mo de in­ves­ti­men­to no pa­ís.

Além dis­so, te­mos uma mu­dan­ça da le­gis­la­ção de im­por­ta­ção e ex­por­ta­ção dos de­ri­va­dos de pe­tró­leo, por meio da MP 795 que al­te­ra vá­ri­as ques­tões fis­cais e traz al­guns pon­tos im­por­tan­tes, in­cre­men­tan­do a ope­ra­ção do mer­ca­do na­ci­o­nal. A par­tir dis­so, o in­ves­ti­dor in­ter­na­ci­o­nal vai en­con­trar um mer­ca­do mais ágil e com­pe­ti­ti­vo glo­bal­men­te.

Em su­ma, a pers­pec­ti­va a cur­to pra­zo é boa. Se o go­ver­no re­ti­rar do pa­pel e re­a­li­zar as re­for­mas e li­ci­ta­ções que es­tão pre­vis­tas, acre­di­ta­mos que 2018 se­rá o ano de con­cre­ti­za­ção do se­tor no pe­tró­leo e gás e re­to­ma­da do pa­ís co­mo re­fe­rên­cia pa­ra a in­dús­tria no mun­do.

(Fer­nan­do Fa­ria, só­cio da KPMG e Ja­vi­er Ro­dri­guez, di­re­tor da KPMG)

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