Quem faz interpretação de texto, e possui paixões, e inunda sua análise pessoal de subjetividade, joga fora tudo aquilo que acabou de ler. Todo texto é um convite à ampliação da mente. Colocar barreiras de preconceitos, de melindres, de prejulgamentos, conserva o leitor em seu estado inicial: o da ignorância opcional e voluntária.
Os artigos do jornalista Batista Custódio, pois, exigem análise não apaixonada, contudo, a apreciação sensata e ponderada na razão e na inteligência.
Ninguém é capaz de ouvir Beethoven e apreciá-lo instantaneamente, quando no primeiro contato com o gênio. É preciso preparar o paladar da audição, buscar compreender os sinais, admitir os novos arranjos, que a antiga e rústica percepção não compreendia para, finalmente, ser capaz de anotar os sinais divinos de um homem que foi até Deus, na sua Nona Sinfonia.
O austríaco Beethoven é similar ao goiano Batista Custódio. Aquele, complexo na sua composição erudita. Este, tecelão de construções fraseológicas completas e metáforas sofisticadas que só chegam ao olhar do leitor que se preparou na erudição dos sábios. Batista não escreve para massas. Pois elas são traiçoeiras. A História já atestou: veja o que o povo fez com Jesus e tantos outros bons, que foram condenados como maus, no martírio da sanha nas tramas do tempo.
Batista, é fato, escreve para os que habitam os atalaias do pensamento moderno e para os historiadores do futuro. Quem quer compreendê-lo, precisa conhecer a trilha do seu raciocínio elevado, atento às nuances e às percepções sutis, que, assim como Beethoven fez com sua música, Batista o faz com sua escrita.
A mensagem em Ecos da Terra Ronca, artigo publicado ontem, ficou clara: o não voto em Marconi e o não voto em Iris será o voto para Ronaldo Caiado. José Eliton, embora bem-intencionado, não conseguiu empolgar, e não por culpa dele. Ele é vítima do fim de um ciclo: o marconista. Pior! É vítima de marconistas-assessores-de-propaganda-incultos-na-ganância, os conhecidos zé ruelas. Portanto, o texto deve ser lido e acatado como verdadeiro consolo na lição dada pelo jornalista.
Já Daniel, na análise do texto, é também vitimado pelo fim de outro ciclo: o da familiocracia e da herança política no imaginário da Nação e dos goianos. As letras custodianas devem ser lidas, por ele, como uma oportunidade de crescimento e resignação. Clara na análise, ficou também a visão de que no inconsciente coletivo goiano há o estigma do irismo na candidatura do filho de Maguito. Outro tempo que também se foi no esgotamento natural dos ciclos políticos.
Mais: Batista Custódio exaltou os compadres Iris Rezende e Marconi Perillo em suas lideranças ímpares na história goiana e os posicionou, elevados, no topo do reconhecimento do povo, guardando para eles um espaço na aura dos tempos reservada a grandes homens da política. E iluminou-os: até os grandes poderes sucumbiram ante a astúcia do tempo. E Ronaldo Caiado encontrou o seu tempo no coração dos goianos, após o combate a corrupção e postura humanista, na figura do médico e do político sério no Senado, em defesa de Goiás.
Batista Custódio é professor na Escola da Realidade. Os que graduam no Educandário das Ilusões e Paixões Sectárias não o compreenderão.
(Arthur da Paz, jornalista, diretor de Redação do jornal Diário da Manhã)