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OPINIÃO

Por que cresce tão pouco o enxame?

Nas­ci na ci­da­de de Ja­taí no dia 31 de ju­lho de 1944. Vi­vi­am, en­tão, meus pa­is, na zo­na ru­ral des­se mu­ni­cí­pio, na fa­zen­da Mo­ran­ga, do vo­vô Phi­la­del­fo e da vo­vó Ana Isa­bel. A se­de des­sa es­tân­cia en­cos­ta-se à ci­da­de de Ser­ra­nó­po­lis, que de Ja­taí se eman­ci­pou em 1958 (mu­ni­cí­pio ins­ta­la­do no pri­mei­ro dia do ano de 1959). Em 1954, So­de­fo e Do­na­na a ven­de­ram pa­ra Jo­ão Gou­lart Gar­cia. Quan­do ocor­reu es­sa tran­sa­ção, des­de o fim de  1950 mo­rá­va­mos na “Ci­da­de Abe­lha”. Es­ta­va eu, pois, com seis anos de ida­de quan­do no trans­fe­ri­mos pa­ra a zo­na ur­ba­na.

Co­nhe­ci Sa­mu­el Gra­ham e do­na Ruth. Lem­bro-me da mor­te de­le: 12.8.1952. Vi ja­ne­las em­pur­ra­das com es­tar­da­lha­ço pe­los ven­tos que pro­vo­ca­vam re­de­mo­i­nhos que le­va­vam po­ei­ra ver­me­lha e li­xo das ru­as pa­ra den­tro das ca­sas. So­men­te Rua Jo­sé Ma­nu­el Vi­le­la era cal­ça­da e es­se cal­ça­men­to era ape­li­da­do “pé-de-mo­le­que. Tes­te­mu­nhei e de­pois par­ti­ci­pei de cam­pa­nhas po­lí­ti­cas. Im­ba­tí­vel o PSD sob o co­man­do do Dr. Se­ra­fim, que fez o par­to que me pôs nes­te mun­do. Não fui ver o Jus­ce­li­no no dia 4 de abril de 1955, mas to­mei co­nhe­ci­men­to de que ele pro­me­te­ra ao To­ni­qui­nho, a Ja­taí e ao Bra­sil que a mu­dan­ça da Ca­pi­tal se­ria a sín­te­se do seu go­ver­no, e o foi, e bro­tou Bra­sí­lia. De­se­jei que Se­bas­ti­ão Her­cu­la­no der­ro­tas­se o Lu­zi­a­no, em 1954, pa­ra pre­fei­to. Ho­je sei que era im­pos­sí­vel por­que Lu­zi­a­no era do PSD. Ga­nhou em to­das as ur­nas e foi bom pre­fei­to (gran­de ora­dor o  Lu­zi­a­no). Co­nhe­ci Ja­taí sem te­le­fo­ne, fui tes­te­mu­nha da cri­se de abas­te­ci­men­to de águ em 1952. Vi­a­jei de jar­di­nei­ra, ou­vi o ser­vi­ço de al­to-fa­lan­te(não ha­via es­ta­ção de rá­dio) na voz do Só­lon Fran­ça. Dan­te Mos­co­ni e do­na Al­bi­na, re­ve­ren­do Ro­bert, re­ve­ren­do Au­gus­to, re­ve­ren­do Abi­ma­el, pa­dre An­to­ni­no, pa­dre Ma­nu­el Pri­e­to, pa­dre Ma­xi­mi­no. Lo­ja Tupy (do meu pai), Ca­sa Gua­ra­ni (do Se­bas­ti­ão Her­cu­la­no), Phar­ma­cia Bra­si­lei­ra (far­má­cia do Jo­sé Cruz). Jo­sé Bar­ros Cruz, a quem me re­fi­ro, fa­la­va in­glês bri­tâ­ni­co, le­cio­na­va es­sa ma­té­ria no gi­ná­sio (Gi­ná­sio Es­ta­du­al Nes­tó­rio Ri­bei­ro), era mui­to cul­to e era es­po­so da do­na Fi­i­ca (Ana Evan­ge­lis­ta Cruz). Fo­gão cai­pi­ra, chá­ca­ra do Ola­vo, chá­ca­ra do Dr. Plí­nio, lar­go da ca­deia (in­fe­liz­men­te, de­mo­li­da), mui­tos “tur­cos” com su­as lo­jas e um de­les, o Has­san,  mas­ca­te­a­va a con­du­zir, nas mãos,ma­la pe­sa­da

Mil re­cor­da­ções do Flu­mi­nen­se, do Vas­co (Vas­qui­nho do Cló­vis Bor­ges da Sil­va), Bo­ta­fo­go, Ipi­ran­ga, Gi­ná­sio, Ja­taí, As­so­cia­ção. Co­mo me ol­vi­dar dos sen­sa­ci­o­nais con­fron­tos da As­so­cia­ção e Bo­ta­fo­go na dé­ca­da de 1960? A ri­va­li­da­de Ja­taí e Rio Ver­de se tran­spor­ta­va ao cam­po de fu­te­bol e o mai­or clás­si­co do Su­do­es­te se tra­du­zia na As­so­cia­ção Ja­tai­en­se e Co­rin­thi­ans de Rio Ver­de. Equi­pa­ra­vam-se, em ter­mos po­pu­la­cio­nais, es­sas du­as ci­da­des. O Cen­so de 1970 apu­rou que a po­pu­la­ção de ca­da uma, sal­vo en­ga­no meu, era em tor­no de 35 mil, com pe­que­na mar­gem a mai­or no se­tor ur­ba­no, pa­ra a ter­ra api­á­ria. Na so­ma ur­be e cam­po, mai­or o nú­me­ro de rio-ver­den­ses. Em 1973, quan­do me trans­fe­ri pa­ra as “Abó­bo­ras”, ha­via, aqui, três agên­cias ban­cá­rias; em Ja­taí, cin­co.

O IB­GE aca­ba de anun­ci­ar que Rio Ver­de é a quar­ta mais po­pu­lo­sa ci­da­de go­i­a­na com qua­se 230 mil ha­bi­tan­tes. Ja­taí é a dé­ci­ma-quar­ta com 99 e não sei quan­to, não al­can­ça 100 mil. Há anos ob­ser­vo que to­do le­van­ta­men­to que se faz, mi­nha ter­ra na­tal se apre­sen­ta com nú­me­ros pró­xi­mos aos atu­ais. Por quê? Afi­nal, a Col­meia go­za de pri­vi­le­gi­a­da po­si­ção ge­o­grá­fi­ca, é bo­ni­ta, ri­ca, uni­ver­si­tá­ria, tra­di­cio­nal. Um dia, o sa­u­do­so ex-pre­fei­to Cé­sar de Al­mei­da  me dis­se que Ja­taí nun­ca se­ria uma Rio Ver­de e Mi­nei­ros nun­ca se­ria uma Ja­taí. Con­cor­dei. Ho­je se per­ce­be que o avan­ço po­pu­la­cio­nal mi­nei­ren­se é con­si­de­rá­vel e se apro­xi­ma de 66 mil. A di­fe­ren­ça já foi mai­or. Nes­sa mar­cha, Mi­nei­ros se­rá a se­gun­da e Ja­taí a ter­cei­ra do su­do­es­te go­i­a­no.

(Fi­la­del­fo Bor­ges de Li­ma – fi­la­del­fo­bor­ges­de­li­ma@ga­meil.com)

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