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Porto de Santos: regionalizar é o futuro

SÃO PAU­LO – Com dé­ca­das de atra­so, pa­re­ce que o go­ver­no fe­de­ral ain­da pre­ten­de anun­ci­ar an­tes do fi­nal de 2018 a re­gi­o­na­li­za­ção do por­to de San­tos, res­pon­sá­vel pe­la mo­vi­men­ta­ção de 27% do co­mér­cio ex­te­ri­or bra­si­lei­ro. Is­so po­de sig­ni­fi­car a aber­tu­ra de ca­pi­tal pa­ra a Com­pa­nhia Do­cas do Es­ta­do de São Pau­lo (Co­desp), em­pre­sa de eco­no­mia mis­ta ad­mi­nis­tra­da pe­la Uni­ão, e a ins­ta­la­ção de uma ad­mi­nis­tra­ção pro­fis­si­o­na­li­za­da, com o fim das no­me­a­ções in­di­ca­das por po­lí­ti­cos in­flu­en­tes, o que po­de sig­ni­fi­car mais efi­ci­ên­cia no aten­di­men­to às d eman­das do se­tor pri­va­do.

Com a ad­mi­nis­tra­ção cen­tra­li­za­da em Bra­sí­lia, a Co­desp não tem si­do efi­ci­en­te na con­du­ção das obras de dra­ga­gem pa­ra a am­pli­a­ção da pro­fun­di­da­de do ca­nal de na­ve­ga­ção. Tam­bém não se tem mos­tra­do ágil pa­ra atra­ir em­pre­sas es­tran­gei­ras com mai­or po­der eco­nô­mi­co pa­ra ins­ta­lar, quem sa­be, uma pla­ta­for­ma off sho­re, ou se­ja, em al­to-mar, o que sig­ni­fi­ca­ria a ele­va­ção do com­ple­xo por­tu­á­rio a uma con­di­ção igual à dos mai­o­res por­tos do mun­do que são ca­pa­zes de re­ce­ber as em­bar­ca­ções que tran­spor­tam en­tre cin­co mil e oi­to mil con­têi­ne­res, co­nhe­ci­das co­mo post-Pa­na­max.

Ob­via­men­te, uma ad­mi­nis­tra­ção por­tu­á­ria sem in­jun­ções po­lí­ti­cas de­ve­rá fun­cio­nar com me­nos bu­ro­cra­cia e mais agi­li­da­de nos pro­ces­sos. Pa­ra tan­to, es­pe­ra-se que pas­sem a ser tam­bém com­pe­tên­cia da Co­desp as obras den­tro da área re­tro­por­tu­á­ria, co­mo as de re­mo­de­la­ção vi­á­ria da en­tra­da de San­tos e do aces­so à mar­gem di­rei­ta do por­to, que se ar­ras­tam com vi­sí­veis pre­ju­í­zos à po­pu­la­ção e em­pre­sas lo­ca­li­za­das nas pro­xi­mi­da­des, que pe­ri­o­di­ca­men­te so­frem com as en­chen­tes que ocor­rem no lo­cal.

Ho­je, a con­clu­são des­se em­pre­en­di­men­to, que é di­vi­di­do en­tre o go­ver­no do Es­ta­do e o mu­ni­cí­pio, ain­da es­tá na de­pen­dên­cia de um re­pas­se de ver­bas pe­lo go­ver­no fe­de­ral no va­lor de R$ 300 mi­lhões. Até ago­ra, o go­ver­no do Es­ta­do apli­cou R$ 270 mi­lhões, atra­vés de re­pas­se pa­ra a con­ces­sio­ná­ria Eco­vi­as, e a Pre­fei­tu­ra de San­tos, de­pois de um fi­nan­cia­men­to pe­la Cai­xa Eco­nô­mi­ca Fe­de­ral, R$ 290 mi­lhões.

As obras da no­va en­tra­da de San­tos têm con­clu­são pre­vis­ta só pa­ra abril de 2021, o que já cons­ti­tui uma pro­va ine­quí­vo­ca de co­mo fun­cio­nam a pas­sos pa­qui­dér­mi­cos as ini­ci­a­ti­vas es­ta­tais. Aguar­da­das há anos, in­clu­em a re­mo­de­la­ção do tre­cho en­tre o qui­lô­me­tro 59 e o qui­lô­me­tro 65 da Via An­chi­e­ta. É de se lem­brar que foi em agos­to de 2015 que o Es­ta­do atri­bu­iu à Eco­vi­as a ela­bo­ra­ção do pro­je­to fi­nal. Se­gun­do o go­ver­no do Es­ta­do, a de­mo­ra deu-se por­que o iní­cio das obras pre­ci­sa­va de apro­va­ção pe­lo Tri­bu­nal de Con­tas do Es­ta­do (TCE).

As obras pre­ve­em ain­da a cons­tru­ção de três vi­a­du­tos, nos qui­lô­me­tros 62, 64 e 65, além da im­plan­ta­ção de vi­as lo­ca­is pa­ra fa­ci­li­tar o aces­so aos bair­ros Jar­dim Pi­ra­ti­nin­ga, São Ma­no­el e São Jor­ge, uma ci­clo­via do qui­lô­me­tro 60 ao 65 da Via An­chi­e­ta, li­gan­do o Cas­quei­ro e Vi­la dos Pes­ca­do­res, em Cu­ba­tão, à ci­clo­via de San­tos e a im­plan­ta­ção de du­as pas­sa­re­las nos qui­lô­me­tros 62 e 64.

O que se es­pe­ra é que es­sa in­ter­ven­ção con­tri­bua pa­ra or­ga­ni­zar o flu­xo de ve­í­cu­los na che­ga­da a San­tos e no aces­so ao por­to, o que, com cer­te­za, pro­vo­ca­rá re­fle­xos be­né­fi­cos na mo­vi­men­ta­ção das car­gas e, por ex­ten­são, na eco­no­mia de to­do o Pa­ís.

(Mil­ton Lou­ren­ço, pre­si­den­te da Fi­or­de Lo­gís­ti­ca In­ter­na­ci­o­nal e di­re­tor do Sin­di­ca­to dos Co­mis­sá­rios de Des­pa­chos, Agen­tes de Car­gas e Lo­gís­ti­ca do Es­ta­do de São Pau­lo (Sin­di­co­mis) e da As­so­cia­ção Na­ci­o­nal dos Co­mis­sá­rios de Des­pa­chos, Agen­tes de Car­gas e Lo­gís­ti­ca (ACTC). E-mail: fi­or­de@fi­or­de.com.br. Si­te: www.fi­or­de.com.br)

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