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OPINIÃO

Dissensos e paradoxos

Observem como muitas atividades e comportamentos humanos são contaminados e cheios de disparates, contrassensos e absurdos. E não pensem que tais atividades e celebrações são involuntárias, fortuitas e casuais. Elas dizem respeito à natureza, à índole dos humanos. “Nada que é dos humanos lhes é alheio”. Esta é uma versão aproximada do que já disse um grande pensador. Muitas são as façanhas e fatos que se sucedem intencional e propositalmente. São ações e práticas da vida. Nas religiões, na política, na cultura, nas profissões, no esporte, no estilo de vida, na área educacional etc. “Eu sou homem e nada do que é humano me é estranho.” ― Terêncio

Já de plano, e como modelo, pode-se enumerar e descrever sobre a doutrina espírita, que muitos a trazem como se fosse religião, uma seita doutrinal. Qual o principal dogma da doutrina espírita? acreditar na mediunidade, que a melhor vida é a que vem depois dessa finitude biológica. Interessante também é o conceito de perispírito, aquela parte semimaterial, meio etérea, meio fluídica que protege o espírito; fazendo uma espécie de ligação do espírito com o corpo físico, a anatomia do indivíduo. Outro princípio da doutrina é a ideia de encarnação e desencarne. Tipo, o sujeito morreu, seu espírito de pronto sai da pessoa, e fica no aguardo de encarnar em outra pessoa. Há quem diga que o espírito pode encarnar até em outros animais, bichos, são referências, e que não a opinião do aqui parecerista e autor.

Aos disparates e contrassensos dos membros e membranas da tribo humana. Começam-se pelos próprios sequazes e prosélitos da doutrina espírita. Com base no primeiro cânone, o da imortalidade da alma (compartilhado pelo Cristianismo e outras religiões); alegam os espíritas que a autêntica e real bem-aventurança, não reside aqui nesta terráquea vida, mas, depois da morte. Ora, então. Eu estimaria alguma explicação do porquê de muitos, porventura a maioria dos espíritas ter tanatofobia. Por que medo da morte? Eh, exatamente isto. Basta que alguns deles sejam ameaçados de ter rompida a baliza divisória entre esta e a outra vida e então alguns se veem em um deus-nos-acuda, tamanho é o pânico da visita da indesejada das gentes, aquela mesmo que nos açoita com o seu poderoso cutelo. Então reflitamos juntos, se o nirvana vem depois desta terrena vida, porque tantos cuidados, fobias, medos, pânicos da dita cuja e de repente se ver em um de cujus. Paradoxo puro. São constatações muito encontradas no mundo.

As profissões estão repletas de exemplos, péssimos exemplos de disparates e contrassensos aos princípios jurados e prometidos pelos seus agentes e atores. Imagine-se como protótipo aquele médico que se diz vocacionado à arte e ciência de aliviar o sofrimento, de curar as pessoas, de tudo fazer com ética e generosidade, depois de cumpridas as etapas de formação científica e técnica. Uma vez formado, apoderado do diploma e inscrição no conselho de medicina, esse que se dizia um sacerdote da profissão passa às práticas as mais estapafúrdias, de charlatanismo, de curandeirismo, de empregar insumos farmacêuticos sem comprovada eficácia clínica, como o foi o cenário da pandemia da covid 19. Oxigenioterpaia via retal, kits anti-covid 19! Me poupe.

Aquele cirurgião plástico que sem o devido preparo técnico deforma as clientes com lipos, com silicones, com dermolipectomias, com abdominoplastias, com mamas horrorosas, com cicatrizes monstruosas e mortes, mortes e mortes. Neste exemplo do médico; quanto disparate, quantos absurdos de uma promessa e depois provocar os piores desatinos contra a saúde, a estética corporal e vida das pessoas. E atenção! O mais melancólico e deprimente é que muitos desses erros profissionais sofrem pouca ou nenhuma punição. Ficam os desastres como os riscos da profissão. Alguns exemplos beiram ao achincalhe e ao deboche de se culpar as vítimas dos erros médicos. Escárnio.

E assim, sãos os milhares de outros fatos encontrados, de erros e desvios profissionais. Poucas atividades escapam. São os advogados que se mancomunam com os corruptos e subornadores, com os políticos ladravazes e ratoneiros, com os espalhadores de ódio e fake News contra adversários, os sonegadores, os que praticam rachaduras e rachadinhas nos salários dos servidores. E tudo para eles vai ficando no melhor dos mundos, dentro do pior dos mundos para quem sua a camisa e trabalha honestamente.

E os inadimplentes de toda ordem. Os tomadores de ativos, de bens pecuniários, com promessas de pagar em dia. E aqui não importa. Os emprestadores vão desde os bancos oficiais, as empresas que vendem a crédito, os cartões de crédito, até aquele sujeito, que engabela outro sujeito ou sujeita e os sujeita a seu modo, na sua retórica, nas suas palavras melífluas e alvissareiras. Tudo fazendo crer que vai cumprir suas ludibriosas e logrosas promessas. Tudo dissimulado, passa-se o primeiro ano da promessa, vem um quinquênio, um decênio, e o caradura não está nem um pouco ansioso pelos caraminguás surrupiadas da ingênua vítima, que pode ser do liame amistoso ou genético. Enfim, como há cara-de-pau nos entornos sociais, familiares, corporativos e camaradas. Acautelem-se! O melhor conselho.

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