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Olímpio Jayme: Um homem feito de lutas

O advogado e ex-deputado Olímpio Jayme, 88 anos, morreu, ontem, às 16h30, em consequência de complicações do Acidente Vascular Celebral (AVC) que sofreu há menos de um mês. Ele estava internado, há oito dias, na UTI do Hospital São Francisco de Assis, em Goiânia. Olímpio Jayme está sendo velado no Cemitério Jardim das Palmeiras e seu corpo será sepultado hoje, às 11h.

Segundo o diretor do Hospital São Francisco de Assis, Hugo Walter Frota Filho, o quadro do paciente se agravou após sua internação com um infarto que comprometeu ainda mais a difícil situação. Após o AVC, o ex-deputado perdeu a visão de um olho e acentuou ainda mais a perda da audição, que já era deficitária, lhe obrigando a usar uma prótese auditiva externa. O movimento dos braços e perna também foi agravado e ele passou a ter dificuldades na fala e para se alimentar.

Já no hospital sobreveio um infarto prontamente socorrido pelos profissionais que o atenderam, mas o comprometimento foi considerado muito grave pelos médicos.

Olímpio Jayme nasceu em Pirenópolis e filho de tradicional família. Nascido, em 1927, de uma família de oito irmãos, ele é o quinto filho de João Batista Jayme e Catulina da Rocha Jayme. Formou-se advogado na tradicional Faculdade de Direito de Goiás, que funcionava na Rua 20, Centro, em Goiânia e entrou para a política elegendo-se vereador em 1951 pelo PSP.

Carreira política

Em 1963, foi eleito deputado estadual na coligação da UDN com o PSP e tomou posse na Assembleia Legislativa, destacando-se como grande tribuno e articulador político. Sobreveio o golpe militar de 1964 e Olímpio Jayme estava com os revoltosos que depuseram o presidente João Goulart e assumiram o poder.

Contrário à orientação do governador Otávio Lage, ele se uniu às forças oposicionistas e se lançou candidato à presidência da Assembleia Legislativa de Goiás, sendo vencedor na disputa. A derrota do poder dos militares colocou Olímpio Jayme na cota de desafetos do regime.

Em 1967, foi reeleito deputado estadual, mas a desavença com os militares e seus áulicos fez com que em 1968, após a edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5) Olímpio Jayme tivesse cassado seu mandato de deputado estadual e seus direitos políticos suspensos por 10 anos.

Olímpio Jayme é casado com Yara Vieira Jayme e o casal teve cinco filhos: Thelma Jayme, Túlio José Jayme, Themis Regina Jayme, Tasso José Jayme e Thales José Jayme.

Tasso Jayme, emocionado, definiu o seu pai, Olímpio Jayme, à reportagem do DM: “Amigo de todas as horas, solidário nos bons e maus momentos, companheiro eterno”.

O jornalista Valterli Guedes, presidente da Associação Goiana de Imprensa, falou sobre a personalidade de Olímpio Jayme: “Um homem de grande inteligência e caráter e personalidade firme. Solidário com os amigos e destemido com os adversários”.

No meio agropecuarista, jurídico e político, houve ampla repercussão, ontem, com anotícia de falecimento de Olímpio Jayme. Em toda a sua  trajetória, o advogado atuou de forma intensa, com fortes demonstrações de luta na defesa de seus ideais.

Olímpio Jayme teve atuação profissional e política na Região do Vale do São Patrício, principalmente em Pirenópolis e Goianésia. Também causou grande impacto, nessas cidades, a morte de Olímpio Jayme.

Ontem à noite, no velório, centenas de pessoas foram se despedir do ex-deputado, advogado e agropecuarista.

Última entrevista concedida ao DM, 1º de novembro de 2014


Ex-deputado diz que golpe e ditadura estão próximos

Welliton Carlos

Logo após as eleições de domingo, o ex-secretário de Estado e deputado Olímpio Jayme visitou a Redação do Diário da Manhã com um firme propósito: anunciar que a vitória de Dilma Rousseff (PT) frente aos tucanos vai nos colocar em um período semelhante ao que circundou o golpe de 1964. “Naquela época, predominava o desmando administrativo, a corrupção generalizada, a irresponsabilidade e o avanço na coisa pública.”

Conforme o ex-deputado, o PT não tem condições éticas para um quarto mandato consecutivo. “O Brasil, que já se encontrava em situação ruim, agora vai acentuar ainda mais os dados econômicos e sociais negativos. O PT hoje supõe que tendo mais poder poderá cometer ainda mais crimes.”

Conforme Olímpio Jayme, com experiência de quem viveu aqueles anos de chumbo, o Brasil tem um clima semelhante devido à insatisfação popular e ao aparelhamento do partido para se perpetuar no poder.

Olímpio Jayme caracteriza o golpe de 1964 como revolução e afirma que no início o movimento foi positivo, mas logo perdeu o encanto com a insensatez da linha dura. Ele narra ao DM os bastidores do período, como a morte do ex-presidente Costa e Silva, que teria sido “assassinado no palácio por um militar da linha dura”. Conforme Olímpio Jayme, o golpe visava depurar uma época de corrupção e turbulências.

Segundo o deputado, o problema não está necessariamente no PT, mas na prática política do atual grupo que governa o Brasil. Olímpio até elogia Lula, que teria “mantido os objetivos do governo Fernando Henrique Cardoso”. Para ele, Dilma representa uma era de corrupção: “A situação anárquica, a falta de produção administrativa e a reeleição de Dilma tornarão ainda mais inoperante o País”.

Então, seria mesmo caso de golpe? Ou melhor: Olímpio defende um golpe? Ele não responde diretamente, mas dá as pistas: “Tem hora que penso: um sujeito de formação democrática como eu aceitar a ditadura é porque o regime de liberdade acabou”.

Segundo o político, a pior situação é saber todas as inconsequências da Petrobras.  “O futuro não tem nada de promissor. O Congresso tem apenas pessoas incompetentes, com tendência à submissão”, sentencia. E o que é pior: “Dilma não tem condições de terminar seu mandato”.

Pessimismo ou realidade, nada muda a opinião de Olímpio Jayme: “O Brasil começou a andar para trás”.

NOTA DE FALECIMENTO

Olímpio Jayme

A Associação Goiana de Imprensa (AGI) comunica, com o mais profundo pesar, o falecimento de seu diretor-secretário Olímpio Jayme, jornalista, advogado, empresário e ex-parlamentar, e convida para o sepultamento, às 11h de hoje, quarta-feira, 1º de julho, no Cemitério Jardim das Palmeiras, onde o corpo está sendo velado.

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