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POLÍTICA

A vindita de Kajuru contra Iris

Outra do Kajuru. Mais outra do Kajuru! O vereador tem ou­tro surto de vedetismo e pede a cassação do prefeito Íris Resende Machado. Mais um pedido teme­rário, sem fundamento político e sem base jurídica. Uma preten­são tão teratológica que o prefei­to, com mais de 50 anos de lutas políticas no lombo, simplesmen­te deu de ombros. Não é mesmo coisa para ser levada a sério.

O ex-deputado Vilmar Rocha, presidente do PSD, nunca foi alia­do de Íris Resende. É um tradicio­nal adversário do MDB. Mas sem­pre se conduziu na vida pública com equilíbrio. Ouvido pelo Diá­rio da Manhã na tarde de ontem, logo após a apresentação do pedi­do de Kajuru, Vilmar comentou o seguinte: “Como não sei ainda os fundamentos do pedido, não pos­so opinar, mas quero adiantar que, neste momento de instabilidade por que passa o país, não é aconse­lhável que as pessoas fiquem gas­tando energia com coisas de pou­ca relevância. O Momento não é propício para leviandade”, afirmou.

Kajuru já vinha anunciando há dias que faria isto. Na sessão de ontem à tarde da Câmara Muni­cipal de Goiânia, ele entrou com com pedido oficial de afastamen­to (impeachment) de Iris Resen­de. Na verdade, não é pedido de impeachment, mas de cassação de mandato. Os prefeitos não es­tão sujeitos a impedimento, po­dendo responder ao processo sem prévio afastamento do cargo.

O vereador, no documento apresentado, pede também o in­diciamento da secretária de Saú­de, Fátima Marué, por improbi­dade administrativa, “por lesão ao erário”. Outro pedido estapar­fúrdio, pois a Câmara não é ór­gão policial para “indiciar” quem quer que seja por crime, existindo para isso a polícia judiciária, que decerto investigará os fatos se for noticiada segundo a praxe.

Em todo o caso, o presiden­te da Câmara, vereador Andrey Azeredo declarou que vai verifi­car se existe fundamento jurídi­co no pedido. “Se a presidência constatar que se trata apenas de motivação política, o documento será arquivado”, reafirmou. Jorge Kajuru, em seu pedido, enumera uma série de denúncias que ele considera “como infrações polí­tico-administrativas praticadas pelo prefeito Iris Rezende”.

Entre os dez ítens catalogados, ele faz referência a: impedir o fun­cionamento regular da Câmara; desatender pedidos de informa­ções solicitados pelos vereadores; deixar de publicar leis e atos do Le­gislativo; descumprir o orçamento para o exercício financeiro; omitir ou neglicenciar a defesa dos bens ou interesses do município, afas­tar-se da prefeitura sem autoriza­ção da Câmara e ainda proceder de modo incompatível com a dig­nidade e decoro do cargo.

Sobre a secretaria Fátima Mrué, o vereador aponta o que conside­ra irregularidades como assinatu­ra de contrato sem licitação, pa­gamento de mestrado para duas servidoras ao custo de R$ 114 mil, compra sem licitação de software, no valor de R$ 4 milhões, falta de gestão dos produtos disponíveis no almoxarifado da Secretaria de Saúde com datas vencidas, etc.

O verdadeiro motivo desta ação contra Íris está no fato dele ter prestigiado a secretária da Saú­de, cuja cabeça os jacobinos de fancaria vêm solicitando com afli­tiva urgência. Íris entende que os membros do seu governo ficam nos cargos enquanto forem mere­cedores da confiança do prefeito, e não dos vereadores, já que o regi­me é presidencialista. É prerrogati­va exclusiva do chefe do Executivo nomear, e exonerar, os ocupantes de cargos comissionados.

Ao manter Fátima Murié, o pre­feito nada mais faz do que exer­cer sua autoridade. De resto, Íris sempre foi cioso de sua autorida­de e não abre mão de exercê-la na sua plenitude. Isto tem irritado al­guns vereadores, que acham que Íris deve ceder aos seus caprichos.

APARECER NA MÍDIA

Esta ação do vereador se dá num momento em que ele passa por dificuldades políticas. Candi­dato declarado a senador, Kajuru vem aparecendo bem nas pesqui­sas, mas falta-lhe uma coligação de peso pela qual possa concor­rer. Ele quis entrar na chapa de Ro­naldo Caiado. O senador do DEM, porém, não o acolheu. Uma al­ternativa seria ingressar na cha­pa emedebista, mas Daniel Vilela e outros caciques do MDB não o querem. Vetado por Caiado e por Daniel, o vereador vem fazendo movimentos de aproximação com o governador José Eliton.

Apesar de sua velha inimi­zade com Marconi Perillo – de quem ele já não fala mal–, o ve­reador vem dando declarações amistosas sobre o atual gover­nador. Seria uma manobra para tentar entrar na chapa da Base Aliada? Pode parecer uma ideia maluca, mas, em se tratando de Kajuru, tudo é possível.

O problema é que por lá o trânsito anda congestionado. Demóstenes Torres e Lúcia Vâ­nia disputa a a segunda vaga se­natorial. A primeira é de Marconi Perillo. Sem uma boa aliança, ele corre o risco de sequer ser candi­dato, pois seu partido pode sacri­ficá-lo a fim de conseguir lugar em uma boa chapa proporcional.

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