Em entrevista exclusiva ao Diário da Manhã, o senador Ronaldo Caiado (Democratas) falou dos problemas enfrentados pelo Estado, de ideias e soluções. Diz ser inaceitável um PM ganhar R$ 1,5 mil de salário e se compromete a acabar com o que classificou de “discriminação”. Afirmou ainda que o ciclo de 20 anos do atual governo chegou ao fim. E que o sentimento da população goiana é de mudança. “Estamos sintonizados a esse sentimento”, disse.
MEDIDAS
Para Caiado, as medidas tomadas em 30 dias pelo governo mostram o “total desrespeito ao cidadão.” E explicou: “Primeiro porque só agora sinalizam com o terceiro turno de atendimento da saúde. Enquanto nos últimos 20 anos o governo deixou formar uma fila de 55 mil goianos esperando por uma cirurgia eletiva. Comemorar alguns poucos atendimentos diante desse caos causado por eles mesmo é um desrespeito aos goianos. Só agora descobriram que os goianos estão sofrendo, depois de duas décadas? Até então eles não eram mais responsáveis pelos 20 anos que governaram o Estado? A segurança pública só passou a ter policiais agora em algumas estações de ônibus porque esse caos na segurança ocorreu da noite pro dia? Não. O pior de tudo é tirar os poucos policiais do interior e deixar a população desassistida.”
ÍNTEGRA DA ENTREVISTA
Diário da Manhã–O que achou do balanço de 30 dias do governador José Eliton?
Ronaldo Caiado– “Foi uma farsa travestida de prestação de contas de 30 dias de governo. Na verdade, o governo quer apagar 20 anos num falso balanço de 30 dias. Quer dizer que tudo foi deletado e que agora começa um novo momento, um novo governo, com as mesmas pessoas, com os mesmos métodos e com o mesmo secretariado? Se até o ex-governador Marconi Perillo está despachando no Palácio das Esmeraldas 24 horas por dia. Não temo como eles quererem o discurso do novo se tudo lá são práticas velhas.
DM–Mas o governo diz que os números são positivos.
RC– As medidas tomadas em 30 dias mostram o total desrespeito ao cidadão. Primeiro porque só agora sinalizam com o terceiro turno de atendimento da saúde. Enquanto nos últimos 20 anos o governo deixou formar uma fila de 55 mil goianos esperando por uma cirurgia eletiva. Comemorar alguns poucos atendimentos diante desse caos causado por eles mesmo é um desrespeito aos goianos. Só agora descobriram que os goianos estão sofrendo, depois de duas décadas? Até então eles não eram mais responsáveis pelos 20 anos que governaram o Estado? A segurança pública só passou a ter policiais agora em algumas estações de ônibus porque esse caos na segurança ocorreu da noite pro dia? Não. O pior de tudo é tirar os poucos policiais do interior e deixar a população desassistida.
DM–O senhor fala sobre os problemas. Mas quais as soluções?
RC– Na saúde é preciso acabar com essa fila de 55 mil pessoas que esperam uma cirurgia eletiva. Ter sensibilidade e ajudar esses goianos. Como? Preparar alguns hospitais de campanha para as cirurgias que podem ser feitas lá e promover um grande esforço com médicos e demais profissionais da saúde, que precisam ser valorizados e estão muito incomodados com esse quadro em Goiás. Sou médico, sou formado para cuidar das pessoas e salvar vidas. Sei como ajudar a tratar e a melhorar a saúde em nosso Estado. Vamos fazer com dignidade, altivez, respeitando as necessidades da população. Não existe uma saída sem os hospitais regionais. Hospital regional só é tratado pelo governo em época de eleição. As OSs hoje selecionam quem vai ser atendido e deixa a maioria sem atendimento e sobrecarrega os sistemas municipais. Enquanto a fila de regulação do Estado não funciona, agora querem encenar que vão resolver o problema dos municípios. O Estado não cumpre com o mínimo constitucional de 12%, segundo o próprio TCE.
DM–E na segurança pública?
RC– Primeiro é preciso investir no lado humano que é cuidar dos nossos policiais e bombeiros. Os policiais foram muito maltratados e sacrificados pelo governo. Só a PM conta com pouco mais de 10 mil homens, quando seriam necessários mais de 30 mil. Em 20 anos desse governo, o efetivo diminuiu, a população goiana cresceu. Não é possível um policial militar em Goiás ganhar R$ 1,5 mil por mês. É desumano e não tem explicação que justifique. Por isso assumi o compromisso de acabar com essa história de 3ª classe para PMs e bombeiros. Vamosequipararessessalários, acabar com essa discriminação e dar dignidade a esses homens e mulheres que se sacrificam pela segurança dos goianos.
DM–Só salários resolve?
RC– É o primeiro passo para investir em inteligência, tecnologias e aumentar o efetivo. Ipameri sofreu com a falta desses investimentos nas áreas de inteligência da Polícia Civil. Isso favoreceu os bandidos, porque esse tipo de ação é orquestrada por quadrilhas especializadas que planejam os crimes e, sem estrutura para investigar, a polícia goiana não tem condições de impedir atos dessa proporção. Por isso assumimos esse compromisso de ampliar os investimentos para reforçar o setor de inteligência da polícia. Na verdade, não é ampliar. É investir de fato. Porque os policiais e a população estão sofrendo com essa falta de condições ao longo de 20 anos.
DM–O senhor fala muito do ciclo de 20 anos desse governo. Acredita que ele acabou?
RC– Todos vocês concordam que um ciclo de 20 acabou. Ele acabou pela Lava Jato. Muitos usaram a máquina pública em benefício próprio, fizeram da política balcão de negócios, se enriqueceram indevidamente e deixaram de colocar o dinheiro naquilo que é responsabilidade do governo. Depois da lava jato, o Brasil mudou. E quem não entender isso estará totalmente fora do novo conceito da sociedade. O cidadão não aceita o desperdício, não aceita corrupção e o uso do dinheiro público para enriquecimento e benefício de quem deveria, na verdade, mudar a vida de milhões de goianos. Como acreditar em um governo de Goiás que gastou R$ 1,150 bilhão para fazer propaganda de si mesmo nos últimos 6 anos? As propostas de quem está no governo são as mesmas, o discursos deles são os mesmos. Agora criaram 36 cargos para satisfazer aliados ao custo mensal de R$ 472 mil, dinheiro que daria para ajudar melhorar a vida dos serviços oferecidos aos goianos. O sentimento da sociedade é outro. É de mudança. Isso está muito bem afinado com nosso trabalho, com tudo aquilo que nós estamos assistindo por todo o Estado. Estamos sintonizados a esse sentimento de mudança.
DM–E por que acha que esse sentimento de mudança está alinhado com o seu grupo?
RC– Nãoexistevarinhadecondão. Seique a responsabilidade do político é lutar pela população que ele representa. Ninguém tem o direito de brincar e enganar as pessoas, que ficam ressentidas e desacreditadas da classe política. Na democracia a única saída é buscar os verdadeiros representantes do povo para poder governar. Quando você dá o bom exemplo, pode pedir que a pessoa participe do sacrifício e do esforço para mudar uma realidade. Quando a pessoa vê que você não está roubando, não está mentindo, elaconfiaemvocê. A maior crise que temos em Goiás e no País é a de autoridade moral. E temos autoridade moral para fazer a mudança que Goiás precisa.
DM–O senhor tem visitado o Entorno constantemente nos últimos anos e discutido soluções para região. Tem solução para os problemas do Entorno do DF?
RC– Para se ter ideia, existe um hospital sendo construído em Santo Antônio do Descoberto desde 2001. O Entorno quer ser respeitado! Sem mentiras, sem promessas vazias e com muito trabalho. É preciso cuidar das pessoas e restaurar sua fé, reacender a esperança que foi apagada por políticos irresponsáveis que só aparecem na região de 4 em 4 anos. Em Valparaíso, dia desses, um pai me disse que sua filha completou 20 anos e ela o questionou o motivo de nunca ter visto um governo diferente desde que ela nasceu. Olha que questionamento essa jovem fez! Reclamou que a situação na região nunca mudava e que gostaria de ver uma mudança no governo que trouxesse essa perspectiva. E nos incentivou nesse projeto de mudar Goiás.Veja a nossa responsabilidade com a região! O que o povo quer é que não tenhamos três estados diferentes, que possamos dar ao Entorno o que se tem no sul e no sudeste de Goiás. Qualidade de vida, com perspectiva de emprego e crescimento
DM–Os políticos sofrem um grande desgaste, mas o senhor sempre repete que tem orgulho de ser político. Tem orgulho mesmo?
RC– Sim. Quando a pessoa defende seu Estado, não se envolve em escândalos, tem condições de explicar como vive, com o suor do seu trabalho, ela pode ter orgulho de ser político. Sou médico e produtor rural, não faço de política balcão de negócios. Acredito no espírito público e na transparência. E a sociedade clama pela transparência!
DM–Acha que o senador Wilder Morais somou ao declarar apoio ao seu projeto?
RC– Esse projeto não é do Ronaldo Caiado. É de um grupo de homens e mulheres que desejam mudar Goiás. Temos apoios de lideranças expressivas de deputados, de representantes de classes, de partidos, prefeitos, vereadores e lideranças. Ninguém governa sozinho. É preciso ter apoio e nomes de força para ajudar o Estado. Agora especificamente sobre o senador Wilder, eu posso afirmar com todas as letras: é a maior revelação que Goiás teve na política nos últimos anos. É só ver o trabalho que ele desenvolveu em busca de recursos para o Estado. Goiás precisará muito dele em Brasília nos próximos anos. Creio que os goianos vão reconhecer bem o trabalho dele. Nosso projeto ganhou muito com o seu apoio.
Todos vocês concordam que um ciclo de 20 acabou. Ele acabou pela Lava Jato. Muitos usaram a máquina pública em benefício próprio, fizeram da política balcão de negócios, se enriqueceram indevidamente e deixaram de colocar o dinheiro naquilo que é responsabilidade do governo” Quando a pessoa defende seu Estado, não se envolve em escândalos, tem condições de explicar como vive, com o suor do seu trabalho, ela pode ter orgulho de ser político”