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POLÍTICA

José Vitti se rebela

O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, José Vitti (PSDB), ocupou a tri­buna da Casa na terça-feira para proferir um discurso considerado duro e carregado de críticas ao go­verno do Estado, também do mes­mo partido. Ele deixou a presidên­cia para fazer uso da palavra já no final do expediente do Legislativo e da tribuna anunciou que pode­rá propor a revogação de uma lei de iniciativa do governo que trata da concessão via licitação para o Detran terceirizar a confecção de placas para automóveis.

“A celeridade que estão ado­tando para se implantar uma lici­tação, onde nenhum Estado ado­tou, nos chama a atenção. Por isso, entendemos que devemos rever isso. Se não for esse o entendimen­to, devemos, por meio de Decreto Legislativo, revogar aquilo que foi aprovado na Casa”, frisou em seu pronunciamento. A fala completa do presidente foi entendida como uma reprimenda pública ao go­vernador José Éliton, também tu­cano e candidato à reeleição.

Vitti, que é integrante da chapa majoritária da base aliada do go­verno como candidato a suplente de senador com a senadora Lúcia Vânia, já fez uso de pronuncia­mentos públicos para criticar Éli­ton e mandou um recado duro sobre o assunto envolvendo as placas e a licitação para terceiri­zar as principais rodovias do Es­tado. Segundo o presidente Vitti, o Legislativo pode adotar estratégia mais agressiva para conter o ím­peto do Detran em fazer nova li­citação antes que o atual contrato esteja vencido e colocou sob dú­vida a lisura do processo, em que apenas uma empresa vai parti­cipar da licitação. “Parece que a placa que querem implantar aqui vem da Nasa (Agência Espacial Americana) e ninguém clona nem faz mais nada”, frisou ele com fina ironia sobre as placas.

Ele observou que uma das jus­tificativas para a licitação com a celeridade que o governo quer im­primir seria que o mesmo siste­ma já é vigente no Rio de Janei­ro. “Nós não podemos tirar como referência um Estado como o Rio de Janeiro. Um Estado com meio mundo preso, que está sob inter­venção federal e que está um caos. Mas, uma placa veicular que está em R$ 190,00 e vamos fazer a alte­ração de cinco ou seis milhões de veículos e estão acelerando pra li­citar isso antes de acabar, parece que o negócio está meio suspeito”.

Quanto à Assembleia Legislati­va ter dado anuência para o Esta­do ter prosseguido com o processo através da aprovação de uma lei em agosto desse ano, José Vitti foi enfá­tico e disse haver necessidade de os deputados fazerem um mea culpa. “Nós, enquanto Poder, temos que fa­zer essa reflexão: se fizemos o certo ou não para o cidadão. Leis a gente aprova e também revoga e disse ain­da que na atual crise o gasto pode ser dispendioso para os cidadãos. “Num momento de crise, num mo­mento que queremos passar o País a limpo, nós vamos penalizar o con­tribuinte, o cidadão mais uma vez? Temos um prazo para cumprir essa determinação e estou muito preocu­pado com isso”, asseverou.

No mesmo discurso, José Vit­ti disse que a Assembleia pode revogar a autorização para con­cessão e seis trechos de rodovias estaduais com a cobrança de pe­dágios. “Onde tenho feito reu­niões, pessoas têm me pergun­tado se a cobrança de pedágio vai começar. Eu estou preocupa­do, quero me aprofundar mais, e como tenho sido cobrado nas ruas, nós precisamos fazer essa reflexão. Da mesma forma que aprovamos esses projetos, nós também podemos revogar, pode­mos propor alterações nessas leis”

CRÍTICAS

As críticas de José Vitti caíram como uma bomba no Palácio das Esmeraldas e no comitê de Zé Éli­ton, onde já era conhecida a in­satisfação do deputado principal­mente pelo tratamento que Lúcia Vânia tem recebido da cúpula tu­cana. Lúcia, candidata à reeleição para o terceiro mandato, tem tido um tratamento secundário na dis­tribuição de verbas do Fundo Parti­dário e da arrecadação de doações.

José Vitti critica principalmen­te o que considera ser “concentra­ção de recursos e esforços apenas para José Éliton e Marconi Perillo” e deixado Lúcia para escanteio, como se já não tivessem esperan­ça em sua reeleição. A amigos ele confidenciou na tarde de quar­ta-feira que “a coisa vai de mal a pior” e que um dos principais in­dicadores de crise na campanha majoritária da base aliada seria a falta de combustível para os carros que transportam os cabos eleito­rais. “Quando isso acontece é por­que já abandonaram a campanha por receio da derrota certa”, finali­zou um interlocutor do deputado.

Num momento de crise, num momento que queremos passar o País a limpo, nós vamos penalizar o contribuinte, o cidadão mais uma vez? Temos um prazo para cumprir essa determinação e estou muito preocupado com isso”

Pessoas têm me perguntado se a cobrança de pedágio vai começar. Eu estou preocupado, quero me aprofundar mais”

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