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Esvaziado, Mendanha pode ser vice de Marconi

Sem conseguir se organizar em torno de uma candidatura competitiva até agora, a oposição centro-direita de Goiás pode tentar uma cartada final nos 30 dias que antecedem o início do período para definição das chapas e registro de candidaturas: a escolha de Gustavo Mendanha (Patriota) como vice de Marconi Perillo (PSDB). Os bastidores desta conversação estão adiantados, segundo notícias na imprensa e fontes consultadas pelo DM.

Já existem até emissários desta composição, caso da deputada federal Magda Mofatto (PL), que transita nos dois grupos com intenções de garantir sua própria candidatura à reeleição, hoje ameaçada por conta do natural enfraquecimento do próprio grupo - a deputada foi defenestrada do comando do PL em Goiás. No último sábado, 4, Magda acenou para os tucanos. E não seria surpresa abandonar Mendanha, cada vez mais isolado e parecido com a candidatura de Antônio Gomide (PT), que, em 2014, precisou escolher um vice do próprio partido para disputar a eleição e terminar de forma melancólica sua campanha.

O drama agora ocorre numa candidatura de ‘extrema direita’, que foi ‘sabotada’ por outra de extrema direita’ - o bolsonarista Vitor Hugo tira votos do bolsonarista e evangélico Mendanha.

Pacto dos dois
Marconi e Mendanha iniciaram a pré-campanha unidos em torno de um pacto: combater a qualquer custo Ronaldo Caiado e suas políticas públicas. Por razões diferentes, eles guardam mágoas. Mendanha teve comportamento negacionista durante a segunda onda de covid-19, o que o levou ao afastamento de Caiado, que atuou de forma técnica e médica. Ele também esperava ser escolhido no lugar de Daniel Vilela para as composições de MDB e União Brasil. Mas sequer teve seu nome cogitado. A tese da candidatura própria (própria desde que fosse ele, Mendanha) não vingou.

Por sua vez, Marconi carrega nas costas críticas, feridas e denúncias de Caiado contra o estado crítico que recebeu Goiás da gestão de 20 anos de Marconi e seu grupo político. O discurso contundente de Caiado contra corrupção e prisões no PSDB machucou Marconi, que hoje vê Caiado não como adversário, mas inimigo político.

Por isso a união de Mendanha e Marconi estaria próxima, não fossem alguns pequenos detalhes que podem afastá-los. Mendanha ainda tentará viabilizar sua candidatura mais duas semanas antes de aceitar a pensar no convite, já que reitera que a rejeição ao projeto de Marconi inviabilizaria os dois.

À espera de um milagre, Mendanha sonha em sair da pontuação que tem - a mesma de qualquer candidato à oposição, geralmente, que transita de 7 a 14% - e ultrapassar Marconi.

‘Revelação’ de Aparecida
Mas a ‘revelação’ da política goiana tem inúmeras dificuldades em criar um sentimento carismático em torno de sua campanha. A arrogância da “República de Aparecida” tem chocado o interior goiano.

As recentes incursões dele no Entorno do Distrito Federal foram decepcionantes. O discurso de que fará nas cidades do Entorno o que fez em Aparecida não só não colou, como soou desaforo para moradores e lideranças, que acreditam piamente - e com razão - que cidades históricas e ricas como Luziânia e Formosa em nada devem para Aparecida.

Sem orientação sociológica e política, o discurso do ex-prefeito não emplacou e dali ele precisaria tirar, no mínimo, 600 mil votos para começar a pensar em manter sua candidatura. Mas não deve tirar, se repetir o número de pessoas que participam dos encontros com o pré-candidato.

Em termos de estrutura, em relação à Mendanha, Marconi está melhor situado: tem um partido em mãos, ainda que reduzido, e chances ainda de compor com o PT. Este, aliás, seria o empecilho para Mendanha, que já declarou amores por Jair Bolsonaro e não teria como agora fazer uma curva e abraçar o PT.

Mendanha já ouviu que Marconi não tem mais interesse em disputar a Câmara Federal ou o Senado. E os motivos seguem a lógica de quem sabe fazer política. Para a Câmara, Marconi precisaria tirar pelo menos 190 mil votos. E numa disputa com outros cerca de 300 nomes - em 2018, concorreram 229. Sem colégio eleitoral, são arriscadas as chances de Marconi. Ao Senado, a mesma coisa: o candidato não teria com quem realizar uma composição satisfatória, já que a disputa é majoritária e acirrada, com grandes players, e um deles já aparece à frente de Marconi nas pesquisas.

Risco por risco, Marconi estaria pronto para disputar o governo e purgar tudo que sofreu em 2018.

Para ele, o receio maior seria encarar Caiado nos debates e a força do discurso do oponente, que, liderança nacional que é, de fato, costuma abalar candidaturas com palavras.

Fator Braga
A aliança entre Mendanha e Marconi não teria ainda chances por conta de um simples fator: o partido de Mendanha, sob comando do ex-secretário da Fazenda Jorcelino Braga, não aceitaria uma composição com Marconi. Braga tem verdadeira ojeriza ao tucano, devido ao bombardeio dele contra a gestão de Cidinho Rodrigues - cuja mentoria esteve a cargo de Braga.
Resumo da ópera: candidaturas líquidas aguardam um fato realmente novo. Caso contrário muitos podem derreter até 20 de julho - data em que é permitida a realização das convenções e escolha final de candidaturas.

Os ‘jovens’ emedebistas de Marconi Perillo

Motivado a lançar a candidatura ao Governo de Goiás por Marconi Perillo, Gustavo Mendanha, caso não tenha êxito no seu propósito, pode cumprir a sina dos “jovens de Perillo”.

O ex-deputado federal Barbosa Neto teve sua promissora carreira abortada quando cruzou o caminho do ex-governador Marconi Perillo. Seu fim é melancólico: político despontou para o anonimato. Quase ninguém sabe quem é Barbosa Neto ou quem foi Barbosa Neto. No governo tucano, Barbosa foi presidente da Agência Goiana de Turismo (Goiás Turismo).
O ex-deputado federal Thiago Peixoto, considerado um dos melhores quadros do MDB no passado recente, foi atraído pelo ex-governador tucano para ser secretário de Educação. Na gestão mal avaliada do tucano, Thiago desapareceu e sequer concorreu à reeleição. Não se sabe o paradeiro do ex-político na atualidade.

Caso fracasse em sua postulação ao governo, Mendanha pode ser o novo nome da galeria de ex-emedebistas cortejados.

As projeções hoje são de que Mendanha possa disputar o quinto, quarto ou terceiro lugar com Major Vitor Hugo (PL) e Wolmir Amado (PT), sem perspectivas para segundo turno. E na pior das hipóteses ser o vice de Perillo

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