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QG de Mendanha luta para se distanciar da rejeição de Marconi

Nos últimos dias, uma enxurrada de torpedos anônimos tem chegado nos celulares dos goianos: neles, uma estapafúrdia ilação de que Ronaldo Caiado (União Brasil) seria aliado de Marconi Perillo (PSDB). Uma foto antiga dá a entender que os dois estariam no mesmo projeto político.

Seria como juntar sertanejo com música erudita, pequi com frutos do mar, rosa com verde fluorescente. Não bate a mistura.

A informação é inverídica e tenta persuadir o eleitorado. Por conta dos elogios destinados ao ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota), nos textos enviados, chega-se a uma conclusão: os comunicados beneficiam Mendanha. Na maledicência sobra até para Major Vitor Hugo (PL), concorrente direto de Mendanha na caça aos votos bolsonaristas.

As chapas já estão formadas: Ronaldo Caiado e Daniel Vilela (MDB) disputam o governo por dois partidos que são antagonistas ao PSDB de Marconi, que saiu da disputa do Palácio das Esmeraldas para ser candidato ao Senado. Gustavo Mendanha, do Patriota, se aliou a João Campos (Republicanos), que apoia o opositor sem o restante do partido. Marconi estaria sozinho no baile, mas nos bastidores os tucanos contam que a maior quantidade de votos dele para o Senado virá milagrosamente de Aparecida.

Material divulgado com informação inverídica sobre alianças

Com uma das menores estruturas político-partidárias da disputa, os aliados do ex-prefeito de Aparecida tentariam o impossível: aproximar Caiado de Marconi para ver se eles, isto sim, se distanciam do tucano. Os dois [mesmo quando participaram das coligações entre DEM e PSDB] sempre foram antagônicos. A história é testemunha dos fatos.

Em 2006, ocorreu um assédio partidário do PSDB frente aos prefeitos do então PFL (depois atualizado para DEM), partido de Caiado. Na época, ocorreu uma sangria e a legenda perdeu 30 de seus 36 prefeitos. O fato provocou um sentimento de traição e desilusão em Caiado a ponto dele criar repulsa pelo marconismo.

Trecho de material utilizado na campanha para difamar coligação de Ronaldo Caiado com Daniel Vilela

Por isso os disparos em WhatsApp não têm causado o efeito desejado. A maioria dos formadores de opinião e líderes políticos sabe das várias vezes que os dois se estranharam. E um dos motivos mais graves é o discurso pesado de Caiado contra a corrupção. Seu passado de reputação ilibada ajudou a fortalecer esta imagem de intransigência com a constante suspeita do comportamento político dos seus antagonistas.

Link pago para 'separar' Mendanha de Marconi

Em contrapartida, a preocupação com os rumores sobre aliança de Mendanha com Marconi cresceu tanto que o Patriota pagou um anúncio no Google. E quem procura na rede se Mendanha está com Marconi, tem como resposta um link de site da candidatura.

Amor verdadeiro

Na última sexta-feira, 5, ocorreu o contrário do que se tem divulgado de forma apócrifa: Mendanha e Marconi almoçaram no mesmo evento (sem se encontrar), em um restaurante da cidade. Na ocasião, foi dito que Marconi faria uma “aliança indireta” com o ex-prefeito de Aparecida, caso o candidato desejasse.

Após assumir sua pré-candidatira, em setembro de 2021, Gustavo Mendanha manteve encontros com Marconi, que defendeu sua candidatura desde o início. A relação estreita com o ex-governador tinha cúpidos políticos como a deputada federal Magda Moffato (PL).

Material com informações falsas e difamações que tem sido bombardeado nos celulares

A gênese desta união: Gustavo Mendanha declarou que tinha como objetivo derrotar Ronaldo Caiado. Para isso, a união com Marconi seria estratégica. Daí a junção dos "opositores" seria natural, não fosse a grande rejeição de Marconi, conforme as pesquisas divulgadas. E, pior, a grande aprovação do mandato caiadista.

Prefeitos se afastam

A recente coletânea de declarações de prefeitos tucanos, que apoiarão Caiado, jogou um balde de água fria no candidato do Patriota. Eles apoiam Caiado por vislumbrar parcerias, contratos e boa relação com o gestor e não ideologias. E ignoram Mendanha pelo que o QG tem defendido nos últimos dias, como deu a entender o prefeito Carlos Leréia (Minaçu).

O material divulgado de forma apócrifa - não se sabe a autoria - tem tratado Mendanha como o "moço de Aparecida", a mesma fórmula usada por Marconi, quando se lançou candidato, em 1998. Na ocasião, o ex-governador era o "jovem de camisa azul". Muitas propostas de Mendanha também são similares àquelas apresentadas por Marconi naquele final de década. Por fim, tenta repetir a ideia de que ele "quebraria" um ciclo, como o político tucano teria feito.

"Por mais que tenta se afastar, já que percebeu que o marconismo o prejudica, está na cara quem ele tem como inspiração!", diz um prefeito do PSDB que pede reserva ao seu nome.

Aliados de Mendanha temem agora que as próximas pesquisas possam trazer um efeito colateral dessa reação: o afastamento do eleitorado tucano, diante das informações contraditórias que circulam.

A primeira reação: quatro prefeitos do PSDB já declararam apoio a Caiado por conta das "indelicadezas" e imaturidade do candidato do Patriota.

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