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Conhecer, doar e salvar

De acordo com a Redome, Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, são 4.7 milhões de pessoas que se dispõem a salvar vidas no Brasil, através da doação de medula. Em 2018, o número de doadores cresceu apenas 1,8, em relação ao ano anterior. A doação pode ajudar pessoas quem tem doenças como leucemia, linfomas, anemias graves, entre outras. No país mais de 17 mil pacientes estão à espera de um doador compatível.

O Dr. Celso Massumoto, onco-hematologista e coordenador da área de Transplante de Medula Óssea (TMO) de um Hospital, explica que muitas pessoas têm receio de ser doadoras por acreditarem que é um processo demorado e doloroso, mas não é bem assim. Está em curso a campanha Fevereiro Laranja, que incentiva o combate à leucemia, aproveitando o período para o especialista desmistificar algumas informações para incentivar o aumento de doadores.

Uma das questões é a ideia de que o processo de doação é burocrático, mas Massumoto diz que não é o caso: “Muito pelo contrário, a doação acontece de forma rápida. O voluntário faz um cadastro em qualquer hemocentro para fazer parte do banco de doadores do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), órgão responsável por procurar voluntários compatíveis entre as pessoas cadastradas”.

O processo é rápido, leva apenas cinco minutos, quando é coletado 5ML de sangue. O material é analisado para saber se a pessoa é compatível com algum paciente e para excluir a possibilidade de doenças que poderiam ser transmitidas nas doações. Os requisitos para ser um doador são: ter entre 18 e 55 anos, não ter nenhum tipo de doença infecciosa, câncer ou deficiências no sistema imunológico como Lúpus ou Diabetes tipo 1.

Disposição que pode salvar vidas

Saulo de Castro é doador de sangue regular e explica como entrou para o banco de doadores de medula: “Eu dôo sangue há algum tempo, em uma das vezes em que fui doar, me questionaram se era doador de medula. Disse que não era ainda e pedi mais informações. A enfermeira explicou que seria retirada uma pequena amostra de sangue, de forma rápida e tranquila, igual a qualquer exame de sangue. Essa amostra serviria para análise e posterior inclusão no banco de dados de doadores de medula e assim foi feito”.

“A partir daí, meus dados passaram a constar no cadastro nacional de doadores de medula, aguardando uma pessoas compatível para que a doação seja efetivamente realizada. Infelizmente ainda não foi encontrado paciente com medula compatível à minha. De qualquer forma, é importante se disponibilizar, pois aumenta a possibilidade de que um paciente necessitado encontre um doador compatível”, completa Saulo.

O Dr. Massumoto explica o motivo de existirem tantas pessoas na fila de espera apesar de mais de 4 milhões de doadores: “Muitos podem pensar que, se cerca de 17 mil pessoas estão em busca de um doador compatível, e há mais de 4.7 milhões de doadores, é fácil encontrar a compatibilidade para realizar o transplante. Mas, infelizmente, essa não é a realidade, já que a chance de encontrar um doador compatível é 1 em cada 100 mil”. Quanto mais pessoas no banco de cadastro maior a possibilidade de um doador compatível.

Saulo fala sobre a necessidade de políticas públicas necessárias para a expansão de doadores cadastrados: “O poder público poderia agir com campanhas mais efetivas de incentivo à doação de medula, esclarecendo informações e derrubando alguns mitos existentes em relação à doação de medula. Mais que isso, medidas de incentivo à inclusão, podemos citar como exemplo a isenção ou desconto no pagamento de inscrição em concursos públicos para os indivíduos cadastrados no sistema de doação de medula”.

Motivos para doar

Marília Ortiz faz parte do cadastro nacional e conta que sua motivação é a possibilidade de ajudar alguém que necessita: “É o desejo de poder ajudar alguém. Não só ajudar, mas a medula óssea pode salvar vidas. Um processo que é simples, que não nos custa nada e que pode fazer tanto. Dôo sangue também pelo mesmo motivo. Mas descobri sobre a doação de medula em uma palestra da faculdade. Então fui no hemocentro e fiz meu cadastro”.

Gabriel Barros, que também é doador regular, explica como entrou em contato com a existência do banco de doadores: “Eu vi um anúncio, falando da importância da doação de sangue, de medula, plaquetas, daí eu fui saber a fundo o porquê de doar. Vi alguns vídeos de depoimentos de pessoas que foram salvas pelo simples fato da doação, que assim como o sangue a medula também pode salvar vidas, as vezes de uma fôrma até mais delicada. Então me informei no hospital como eu poderia doar. Eles me disseram que lá mesmo (Hugol) faziam. Voltei 15 dias depois, respondi alguns questionários, assim como qualquer doação, em seguida a Biomédica colheu meu sangue pra exames. Recebi os resultados no mesmo dia, então assinei alguns papéis e assim entrei pra REDOME”.

A esperança entre os pacientes, aumentada com a amplitude do banco de doadores, é ressaltada por Saulo de Castro: “Cabe também destacar a importância de alimentar a esperança desses pacientes, por ser um fator importante no tratamento de doenças tão graves. E por ser algo ao alcance de grande parte da população, poderia servir como fator mobilizador, para que se sensibilizem com a situação desses pacientes e contribuam  para a recuperação dessas pessoas”.

Leucemia

A leucemia é uma doença maligna originada na medula óssea – local em que as células de sangue são formadas. Esse tipo de câncer ataca os leucócitos, também conhecidos como glóbulos brancos, os quais começam a se reproduzir de maneira descontrolada, dando início aos primeiros sinais da leucemia. A doença pode acarretar um quadro de anemia apresentando sintomas, como palidez, sonolência, fadiga, palpitação, sangramentos na gengiva e nariz, manchas roxas na pele ou pontos vermelhos.  O diagnóstico é feito por uma avaliação médica e por meio da coleta de medula óssea para exames específicos. Em geral, o tratamento inclui a quimioterapia e pode ser indicado também o transplante de medula óssea.

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