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Vacina contra clamídia é eficaz e segura em primeiro teste em humanos na Dinamarca

Uma vacina contra a clamídia foi testada pela primeira vez em humanos e se mostrou eficaz e segura, de acordo com um estudo publicado no periódico The Lancet na segunda-feira (12).

A clamídia, infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomitis, é a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo. Não há dados no Brasil, porque a notificação não é obrigatória. Para piorar, ela geralmente é assintomática, o que dificulta o diagnóstico precoce. Sua contaminação ocorre especialmente em mulheres. Ela pode levar a doença inflamatória pélvica, infertilidade e gravidez tubária, que é quando a gestação ocorre fora do útero.

Esse ensaio clínico representa o mais recente passo para a prevenção da infecção em 15 anos de pesquisa, de acordo com uma declaração do SSI (Statens Serum Institut), da Dinamarca, um dos responsáveis pelo estudo, junto com o Imperial College London, no Reino Unido

Em síntese, o objetivo dos cientistas era avaliar a segurança e a capacidade de provocar uma resposta imune em humanos de uma vacina baseada em uma subunidade de proteína recombinante (CTH522). Ao testarem em 32 mulheres, tiveram o resultado esperado: "Vimos anticorpos protetores contra a clamídia nos tratos genitais das participantes", disse o autor do estudo, Frank Follmann, da SSI, em um comunicado.

"Nossos testes iniciais mostram que eles impedem a bactéria da clamídia de penetrar nas células do corpo. Isso significa que chegamos muito perto de uma vacina contra a clamídia."

Ademais, apesar de ser facilmente tratada com antibióticos, essa falta de diagnóstico preocupa: se não for corretamente cuidada, ela pode causar infertilidade, aumenta a suscetibilidade a outras IST e a infecção durante a gravidez aumenta o risco de aborto, natimorto e parto prematuro. Os autores do estudo, entretanto, sugerem que uma vacina pode ser a melhor maneira de combater a infecção.

Como o estudo foi feito

  • Entre 15 de agosto de 2016 e 13 de fevereiro de 2017, 35 mulheres saudáveis com idade entre 19 e 45 anos foram analisadas.
  • As participantes foram distribuídas aleatoriamente em grupos: 32 delas receberam a vacina e cinco receberam um placebo.
  • Constatou-se que a vacina provocou uma resposta imunológica em todos os participantes. Não foram notificadas reações adversas graves e todas demonstraram resposta imune à bactéria. Essa reação foi mais forte entre as pessoas que receberam a vacina junto ao adjuvante CAF01.

Os pesquisadores reconhecem que o desenvolvimento da vacina ainda tem um longo caminho a percorrer. "O próximo passo é levar a vacina adiante para novos testes, mas até que isso seja feito, não saberemos se é verdadeiramente protetora ou não", disse outro autor do estudo, Robin Shattock, em um comunicado do Imperial College London.

Segundo os pesquisadores, embora seja cientificamente possível que uma vacina seja disponibilizada em cinco anos, é comum que as vacinas passem 10 ou 20 anos em desenvolvimento.

Enquanto a vacina segue na fase de testes, a melhor forma de se proteger continua sendo o sexo seguro, afinal, a clamídia costuma não ter "cara". Fazer exames com frequência também é essencial. "É importante a gente orientar que as pessoas que fazem sexo sem proteção precisam saber o estado de sua saúde sexual, porque elas podem ter a bactéria e passar para os outros.

Quem faz sexo sem proteção com frequência tem que fazer os testes periodicamente (geralmente a cada seis meses ou um ano, conforme o estilo de vida de cada indivíduo)", alerta Aluisio Segurado, coordenador do Comitê de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Sociedade Brasileira de Infectologia. A infecção não tem rosto e muitas vezes nem sintoma. É bom as pessoas saberem que elas podem pegar IST de um indivíduo que aparentemente não tem nada".

Cuidado também no sexo oral. Segundo Rico Vasconcelos*, médico infectologista pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), somente 2% da população usam camisinha no sexo oral. Portanto, realizar os testes é uma forma de se prevenir e impedir que a infecção se espalhe. "Sabemos que o sexo oral e a masturbação desprotegidos têm menos riscos de contaminação por HIV, mas para essas outras IST as chances são maiores".

Via Uol

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