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Manifeste-se como doador de órgãos

O primeiro passo para se tornar um doador de órgão é se manifestar para os familiares, pois é deles a decisão final em caso de morte cerebral. Para a pediatra especialista Gastroenterologia Pediátrica, Mariana Di Paula Rodrigues (CRM 13541 / RQE 10514) que lida no dia a dia com casos de crianças que precisam de transplante de fígado, isso facilita a decisão de pais, maridos e filhos que já passam pelo momento delicado de lidar com a perda do ente querido”. Durante o Setembro Verde, ela faz o alerta para quem deseja fazer valer a sua vontade: “manifeste-se”.

O Setembro Verde é um período dedicado à campanhas e manifestos para esclarecimento da população sobre o assunto. Mariana, que atende na clínica Bela Infância, instalada no Órion Complex, lembra que, no caso do transplante de fígado, nem sempre as pessoas do núcleo familiar são compatíveis para que uma parte do órgão possa ser doado. “Lidamos diariamente com essas crianças que lutam pela vida e contra o tempo”, declara. O ponto alto da campanha acontece no dia 27, quando o país comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos.

Dados do Ministério da Saúde foram divulgados pela Agência Senado e mostram que a campanha já tem surtido efeito positivo. Embora mais de 45 mil pessoas ainda aguardem na fila de espera para um órgão, nos últimos dez anos, o Brasil teve um aumento de 43,3% de no número de transplantes, saltando de 6.426 em 2010 para 9.212 de transplantes de coração, fígado, intestino, pâncreas, pulmão e rim em 2019.

Entretanto, 2020 está sendo um desafio e certamente será um ponto fora da curva de crescimento. Segundo Agência, o Registro Brasileiro de Transplantes, notificou queda de 6,5% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2019. Quando se confrontam os números de doadores no primeiro e no segundo trimestres de 2020, a queda é ainda mais expressiva: 26,1%.

A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) listou um ranking nessa queda: fígado (6,9%), rim (18,4%), coração (27,1%), pulmão (27,1%), pâncreas (29,1%) e córneas (44,3%). A previsão é que até o final do ano o Brasil deve realizar 3.621 transplantes em 2020, uma queda de 60,6% em relação a 2019. Mariana ressalta que a morte cerebral acontece quando o fluxo sanguíneo para o cérebro é interrompido, uma situação irreversível, mas que ainda permite salvar outras vidas . “Um corpo precisa de um cérebro funcionando para estar vivo, mesmo que o coração continue batendo, isso só está acontecendo por ajuda de medicamentos e aparelhos e logo também vai parar”, lamenta.

Atualmente o Senado analisa pelo menos oito projetos que pretendem incentivar a doação de órgãos no Brasil. Um projeto já em vigor institui a chamada doação presumida, onde de acordo com o texto, a pessoa que não deseja doar partes do corpo após a morte deve registrar a expressão “não doador de órgãos e tecidos” no documento de identidade. Já quem deseja fazer a doação, não precisa se manifestar, presumindo o seu desejo.

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