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Transtorno bipolar: uma doença que não deve ser ignorada

Ansiedade, falta de concentração, depressão, dificuldade para dormir ou excesso de sono, parecem sintomas comuns de uma depressão, porém vai muito mais além disso, estes são apenas alguns dos vários sinais de transtorno bipolar, doença que afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com o Luciano Barbosa de Queiroz, mestre e professor de psicologia da Estácio, o transtorno bipolar é um transtorno bem complexo e que precisa de atenção. “O transtorno bipolar está entre o transtorno do espectro da esquizofrenia e os transtornos depressivos exatamente pelo seu lugar intermediário”, explica.

Luciano afirma que a doença é crônica, com forte influência genética e caracterizada por momentos de mania/hipomania e depressão. Segundo ele, os sintomas começam a aparecer na adolescência e no início da fase adulta.

A psiquiatra Helena Maria Calil, professora livre docente do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), entre 30% a 70% dos casos, existe outro distúrbio psiquiátrico relacionado, como fobias, síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de personalidade e transtorno do deficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Preconceito

A falta de busca pelo tratamento tem, em muitos casos, origem no medo e no preconceito que o paciente possa enfrentar. Porém o psicólogo Luciano ressalta a importância da busca por profissionais.

“As pessoas propagam o termo ‘bipolar’ ou ‘bipolaridade’ como sendo sinônimo de instabilidade afetiva apenas e sem conhecerem os critérios diagnósticos do transtorno. Outro motivo para o preconceito é a dificuldade que as pessoas sentem de lidar com o paciente que têm esse transtorno. De fato, o transtorno bipolar caracteriza-se por sintomas que, muitas vezes, são graves e geram exaustão, raiva, tristeza e desespero nas pessoas próximas, mas procurar um profissional qualificado é sempre a melhor alternativa”, orienta.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico, baseado no histórico do paciente, visto que não há exames de imagem que detectam a doença. O tratamento psiquiátrico aliado ao acompanhamento terapêutico são fundamentais para a motivação do paciente.

“Primeiro, é fundamental procurar ajuda de um médico. Hoje em dia, já existem medicamentos eficazes para o tratamento do transtorno bipolar e transtornos relacionados. Segundo, faça psicoterapia. Ela complementa o tratamento medicamentoso e contribui para o aumento da motivação, o manejo das crises e a criação de projetos pessoais. Terceiro, continue no tratamento. Muitas vezes, pelos próprios sintomas do transtorno, o paciente desiste do tratamento e isso leva à desmotivação e até a tentativas de suicídio. Confie nos profissionais e siga as orientações”, destaca o psicólogo Luciano.

Personalidades com a doença

Vários famosos já declararam ser bipolares, como Catherine Zeta-Jones, Ben Stiller, Jim Carrey e Jean-Claude Van Damme e a estrela do pop Britney Spears.

Já no Brasil, segundo o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, famosos como Rita Lee, Kássia Kiss e Maurício Mattar afirmaram ter a doença.

Para a psiquiatra Helena Maria Calil, há um elo histórico entre bipolaridade e criatividade.

“Os artistas ajudam a diminuir o preconceito, pois, quando alguém muito conhecido admite que tem o problema, outras pessoas que sofrem da doença e não buscam tratamento acabam se identificando”, destaca.

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