Uma pesquisa inovadora conduzida pelo Dr. Ivan E. de Araujo cientista brasileiro e diretor do Instituto Max Planck de Biologia e do Instituto de Cibernética Biológica em Tübingen, Alemanha, revelou uma intrincada relação entre o cérebro, o intestino e o sistema imunológico. O estudo, publicado na revista Cell, demonstra como o estresse psicológico pode afetar a composição do microbioma intestinal e, consequentemente, a saúde imunológica.
Os pesquisadores, liderados por Ivan E. de Araujo, Hao Chang e Wenfei Han, descobriram que as glândulas de Brunner, localizadas no duodeno, desempenham um papel crucial nessa interação. Essas glândulas atuam como uma ponte entre os circuitos cerebrais sensíveis ao estresse e a homeostase bacteriana no intestino.
O estudo mostrou que a estimulação do nervo vago, responsável pela comunicação entre o cérebro e o intestino, levou ao enriquecimento de espécies benéficas de Lactobacillus no microbioma intestinal. Por outro lado, a ablação específica das glândulas de Brunner resultou em uma diminuição significativa na contagem de Lactobacillus e aumentou a vulnerabilidade a infecções.
Os cientistas mapearam um circuito neural complexo que conecta o núcleo central da amígdala, uma região cerebral associada ao processamento do estresse e emoções, às glândulas de Brunner. O estresse crônico suprimiu a atividade da amígdala central, replicando os efeitos observados quando as glândulas de Brunner eram lesionadas.
Surpreendentemente, a estimulação da amígdala central ou dos neurônios vagais parassimpáticos foi capaz de ativar as glândulas de Brunner e reverter os efeitos do estresse sobre o microbioma intestinal e a imunidade. Isso sugere um mecanismo pelo qual estados psicológicos podem influenciar diretamente as defesas do organismo.
O Dr. de Araujo enfatizou a importância desses achados: "Nosso estudo revela um mecanismo tratável que liga estados psicológicos à defesa do hospedeiro. Isso abre novas possibilidades para intervenções terapêuticas que possam modular a saúde imunológica através da regulação do eixo cérebro-intestino."
Esta pesquisa oferece insights valiosos sobre como o estresse psicológico pode impactar a saúde física, destacando a complexa interconexão entre o cérebro, o sistema digestivo e o sistema imunológico. Os resultados podem ter implicações significativas para o tratamento de distúrbios relacionados ao estresse e doenças imunológicas.