Produção agrícola e saúde humana
Redação DM
Publicado em 13 de maio de 2015 às 02:46 | Atualizado há 10 anosRecentemente, no mês de Março do corrente ano, o Ministério Público Federal pediu a suspensão do herbicida glifosato e também de mais oito agrotóxicos – carbofurano, parationa metílica, lactofem, forato, abamectina, paraquate, tiram e o 2, 4 D. O pedido deve obrigar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a reavaliar o nível de toxicidade de ingredientes com suspeita de causarem danos à saúde do ser humano e prejuízos ao meio ambiente.
A Monsanto, indústria multinacional de agricultura e biotecnologia, que desenvolveu o glifosato e que também é detentora do controle produtivo de sementes de soja transgênica, resistente ao herbicida, afirma que o glifosato é seguro. De acordo com o diretor da Monsanto, Geraldo Berger, a União Europeia e o Canadá fizeram uma reavaliação do produto e o parecer em resumo foi “Não há questionamento do ponto de vista toxicológico”. Berger ressaltou que o glifosato possui registro em 160 países e não há restrição do uso do herbicida que esteja ligado à toxicologia ou ambiente.
No Brasil, o glifosato é o herbicida aplicado no cultivo de mais de 90% da soja. Ele não é seletivo, pois mata todo tipo de planta e já é usado no País há 40 anos. Produtores do Paraná dizem que ele é um dos defensivos agrícola mais usados no País, sendo considerado um dos responsáveis pelo sucesso do plantio direto. Depois da soja e antes do trigo, o glifosato é aplicado para eliminar todos os tipos de “ervas daninhas”.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) afirma que se o glifosato for retirado do mercado a produção nacional será prejudicada e deixará de ser competitiva.
O OUTRO LADO DA MOEDA:
A Agência Internacional para Investigação sobre o Câncer (IARC), instituição especializada da Organização Mundial de Saúde, aponta o glifosato como agente potencial de câncer em seres humanos e em animais. Dona Loomis do setor de monografias da Iarc disse: “Nós estamos confiantes em que nosso processo é rigoroso e transparente, baseado nos melhores dados científicos e livre de um conflito de interesses”.
O estudo, que durou um ano, foi desenvolvido por 17 pesquisadores de 11 países. Após a publicação do artigo, o chefe de tecnologia da Monsanto afirmou: “Nós ficamos ultrajados com essa publicação”.
Existem registros mundiais de que tanto as águas superficiais quanto as águas subterrâneas são contaminadas com agrotóxicos utilizados na agricultura. O glifosato e o seu principal metabólito, o ácido aminometilfosfônico, são bastante discutidos por vários estudiosos do mundo e há um consenso de que a toxicidade e o comportamento no ambiente (água, ar, solo e interação com a comunidade) carecem de estudos mais detalhados nas diferentes condições ambientais com vistas a diminuir os riscos de contaminação da água, do ar, do solo, dos alimentos e consequentemente evitar possíveis danos à saúde humana.
Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo,mesmo assim,infelizmente, não é o líder da produção agrícola mundial. Em 2013, 1 bilhão de litros de agrotóxicos foram utilizados na agricultura brasileira, ou seja, algo em torno de 5 litros por habitante.