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Delegado: morte de comandante de UPP foi acidente de trabalho

RIO - O delegado Giniton Lages, da Divisão de Homicídios da Capital (DH), disse que a conclusão do inquérito sobre a morte do capitão morte do capitão Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos, comandante da UPP da Favela Nova Brasília, ocorrida em 11 de setembro de 2014, mostrou que houve um “acidente de trabalho”. De acordo com o delegado, o laudo da necrópsia, a reconstituição, a perícia feita no local e depoimentos mostraram que o soldado Diogo de Araújo Zilves — autor do disparo que matou o comandante — estava em situação de legítima defesa. O delehado encaminhará o inquérito para o Ministério Público estadual.

— O erro de execução, que é denominado ‘desvio de golpe’ previsto no artigo 73 do Código Penal, ocorreu sem intenção. Não é possível falar em imprudência ou imperícia. O objetivo do policial era defender ele e os colegas — disse Giniton Lages, em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira.

Bianca Silva, viúva de Uanderson e que também é policial, disse que entrará na Justiça contra o estado para pedir indenização.

— É um direito meu e da minha filha. Tenho recebido todo o apoio da corporação, mas não quero nada além dos meus direito. Preciso dar mais conforto para minha filha — disse Bianca.

Lotada na Coordenadoria de Polícia Pacificadora, a capitã disse que a filha do casal, de 9 anos, tem problemas desde a morte do pai e precisa tomar medicamentos contra a ansiedade.

— Vivo num dilema muito grande. Minha filha pergunta sempre se eu também vou morrer. Explico que faço trabalho interno, mas é um dor terrível. Ela vê que as outras crianças têm pai e ela, não — disse Bianca Silva.

Segundo o delegado Giniton Lages, o laudo da necrópsia mostrou que o capitão foi atingido por um tiro fuzil. Durante a perícia no local, policiais da DH encontraram estojos de minuções de fuzil (calibres .556 e 7,62mm), pistolas (calibres .40 e 9mm), além de diversos projéteis deflagrados.

— Segundo relato dos policiais, houve um intenso confronto local conhecido como “Largo da Vivi”, o que foi comprovado pela perícia. O capitão Uanderson, que já estava quase na hora de terminar o expediente, seguiu para o local onde estavam os policiais. Os traficantes fugiram para um beco estreito, com cerca de dois metros de largura, e profundo. Os policiais decidiram fazer uma incursão e o capitão seguiu à frente da equipe. Houve intenso confronto e o policial foi atingido. O laudo mostrou que o tiro foi transfixante e feito por quem estava na retaguarda. Além disso, somente os policiais usavam fuzis. Os traficantes estavam com pistolas — explicou o delegado.

O soldado Diogo de Araújo Zilves disse, em depoimento, que era o segundo homem na incursão dentro do beco e estava logo atrás do capitão. O soldado disse ainda que, durante o confronto, realizou pelo menos 26 disparos com o fuzil que portava.

Giniton Lages disse que a investigação foi difícil e falou sobre os questionamentos de o soldado teria cometido um homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

— O soldado realizou o disparo dentro de um contexto. Não há indiciamento penal, mas é importante que isso leve a uma reflexão. O uso de uma alma de alta energia, como um fuzil, é o ideal?

Por meio de nota, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) informou que a Averiguação Sumária sobre a morte do capitão Uanderson Manoel da Silva foi concluída. A apuração classificou o fato como acidente em serviço e o processo foi arquivado. O Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pela Corregedoria da Corporação, no entanto, ainda está em andamento. A Polícia Militar está prestando toda a assistência à família do oficial.

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