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Um cemitério fantasma em Goiânia

O cemitério Parque - localizado entre o setor Gentil Meirelles e Urias Magalhães, em Goiânia - é hoje um teatro de horror capaz de assustar até mesmo fantasmas – se é que eles existem.

Abandonado pelo poder público, o local tornou-se espaço para fabricar dengue e levá-la aos demais bairros da cidade.

                                                                                                                                                             Fotos: Cristovão Matos

De acordo com a Prefeitura de Goiânia, o cemitério possui 4,5 alqueires, sendo o maior da Capital.

Logo na entrada, é possível se perguntar: o local é mesmo um cemitério? O matagal encobre as sepulturas carneiras, que estão em estado de depredação. De fora, é difícil ver as sepulturas tomadas pelo mato.

Cemitério Parque é capaz de assustar até mesmo fantasmas – se é que eles existem (Fotos: Cristóvão Matos)

Ao andar pelo caminho entre os jazigos, observa-se o lixo espalhado pelo chão. Para piorar, coroas e flores artificiais acumulam água e ajudam a atrair mosquitos.

Conforme a Prefeitura de Goiânia, desde sexta-feira uma força tarefa tenta reverter a cena de horror do cemitério Parque.

A Comurg, responsável pela ação, diz que cabe às famílias dos mortos cuidarem dos túmulos e jazigos, sendo responsabilidade da gestão pública apenas atender as áreas comuns.

O problema é que muitos dos corpos enterrados são de pessoas sem família ou mesmo não identificados, o que aumenta a possibilidade da sepulturas ficarem sem cuidados.

Uma das reclamações dos moradores e frequentadores diz respeito ao período noturno. “Quando passamos aqui perto percebemos movimentos estranhos dentro do cemitério. E tenho certeza que não é ninguém da Prefeitura”, fala Ana Maria Morais, que cruza uma rua de frente para o cemitério em busca de um posto de conveniência próximo.

Um dos servidores que atua na unidade afirma que não existe segurança no período noturno. “A Guarda Municipal passa por aqui, mas não é sempre”, avisa. Uma das reclamações de Ana é que jovens realizam “rituais satânicos” dentro do cemitério. Para ela, é preciso que a iluminação seja incrementada e o cemitério tenha vigilância à noite.

Ela afirma que durante a madrugada (e mesmo durante o dia) ocorrem furtos dentro da unidade, principalmente de santos deixados nas sepulturas.

O servidor afirma ao Diário da Manhã que a poda da Prefeitura não resolve o problema. “Eles fizeram o mesmo serviço há 70 dias. Tem que jogar veneno, mas a Prefeitura não libera a compra da substância”, revela.

Reclamações dos moradores e frequentadores diz respeito a falta de segurança à noite


Parque teve morto ilustre

O Cemitério Parque já teve um morto ilustre: Manoel dos Reis Machado, também conhecido como Mestre Bimba (1900 –1974).

Criador da Luta Regional Baiana, mais tarde denominada de capoeira regional, ele lecionava em Goiânia quando morreu.

Mas os restos mortais do campeão foram levados para a Bahia após uma ação dos filhos junto ao Governo do Estado.

Experiente lutador, ao morrer, teve como destino o cemitério Parque, que logo o perdeu definitivamente.

Fundado em 1961, o cemitério estava com uma cara bem melhor naquela década. E mesmo assim a família rejeitou o cemitério público goiano.

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