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Eleições: Iris é a única alternativa do PMDB para conquistar Goiânia

O ex-governador Iris Rezende (PMDB) é o político de Goiás com maior inserção na política nacional.

Ex-ministro em dois governos, José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, o decano peemedebista tornou-se candidato natural a qualquer coisa em Goiás.

Sem quadros para substituí-lo, ele pode ser candidato a prefeito de Goiânia pela quarta vez neste ano.

O DM inicia hoje série com todos os pré-candidatos. A ordem de apresentação dos perfis segue a colocação nas duas pesquisas de opinião realizadas nos últimos dias.

Iris Rezende e delegado Waldir aparecem empatados nas duas sondagens divulgadas pela imprensa.

A popularidade e experiência como governador em dois mandatos falam mais alto para que IrisRezende apareça à frente nas primeiras sondagens. Como de costume, o político não assumiu nenhuma candidatura, apesar de participar de eventos coletivos ao lado dos demais concorrentes.

Iris

Como favorito, não mais franco, como em outras disputas, Iris terá pela frente um grupo de pré-candidatos que questionará promessas do passado como a de resolver os problemas do trânsito em "seis meses" e a responsabilidade por ter dado vida ao atual Frankenstein do paço Municipal, o prefeito Paulo Garcia.

Dentre seus principais críticos, destacam-se Djalma Araújo (REDE), Giuseppe Vecci (PSDB) e Luiz Bittencourt (PTB), que herda do patriarca Bittencourt a sina de enfrentar o peemedebista. Luiz se posiciona frontalmente qualquer atitude populista,   Vecci é herdeiro do marconismo e eterno adversário. Djalma Araújo é o vereador que mais deu trabalho à dobradinha Iris/Paulo, com inúmeras denúncias de irregularidades e corrupção.

Nos últimos meses o PMDB optou em não escalar Iris para guiar remotamente o partido.

Com Daniel Vilela na presidência, resta ao PMDB que desprezou Iris torcer para que o antigo cacique dispute as eleições e reanime o partido - o sonho de Vilela para que possa disputar o governo em 2018 é contar com a gestão de cidades estratégicas do Estado, como Goiânia.

Nos bastidores a informação mais segura é de que Iris deseja encerrar a carreira no Paço Municipal. Para isso, ele teria uma motivação-obrigação: corrigir os erros de Paulo e colocar a gestão em dia.

De todos os candidatos, Iris é o único com um capital político nacional. Liderou o movimento ‘Diretas Já’, em meados da década de 1980.

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Historicamente, Iris surge na política por meio de ampla votação no bairro de Campinas, quando se lançou como candidato a vereador por Goiânia, em 1958. Anos depois, ocupou a Assembleia Legislativa como deputado pelo PSD.  Na mesma década, a partir de 1965, foi prefeito de Goiânia, sendo ainda hoje considerado o melhor gestor da história da Capital.

Em sua primeira gestão, Iris redesenhou Goiânia com novos cenários, caso da Vila Redenção. É dele também a ampliação de Campinas. E foi o primeiro a pensar em Goiânia como cidade de lazer: criou o Parque Mutirama e décadas depois o revitalizou, em um projeto copiado do ex-vereador Gari Negro Jobs.

Nas décadas seguintes, Iris tornou-se um dos maiores líderes de massas do país. Sua estratégia política inspirou-se no populismo e na capitalização da imagem negativa da ditadura militar, que o ignorou.

Na década de 1980, uniu o ex-governador Mauro Borges, comunistas e toda uma nova geração de políticos em torno de sua candidatura ao Governo de Goiás.

Em suas duas recentes gestões na Prefeitura de Goiânia apresentou desempenho regular. Na primeira eleição, apesar de não cumprir as promessas de proa que o elegeram, fez uma gestão bem acima de outros ex-prefeitos – como Pedro Wilson e Nion Albernaz.  De uma só tacada, deu imaginabilidade urbana para a cidade ao construir monumentos, estruturar a política cultural do município, revitalizar diversos bairros e melhorar a assistência em saúde. No último mandato, optou em abandonar a Prefeitura para disputar as eleições ao Governo de Goiás.  É acusado por lideranças petistas de deixar dívidas milionárias para a gestão de Garcia, fato que seus aliados rebatem com veemência.

Na disputa de outubro, terá pela frente candidaturas difíceis, como a de Delegado Waldir (PR).

Seu maior inimigo, entretanto, será o discurso: precisa convencer o eleitorado de que vai consertar Goiânia, ser um gestor habilidoso e ter energia suficiente para comandar a cidade e não deixá-la nas mãos de um vice incompetente.

Conforme a pesquisa Serpes, divulgada na última semana, o ex-governador é o pré-candidato a prefeito mais rejeitado da disputa. Na cartela com os dez prefeitáveis, ele aparece com 25,3%. Ou seja, um a cada quatro eleitores não votaria de jeito nenhum no peemedebista.

Para piorar, o tema central da disputa é segurança pública, um assunto que Iris conhece pouco, apesar de ter sido ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso.

A indecisão em confirmar a candidatura leva em conta dificuldades da campanha e também as características do pré-candidato. No dia 16 de maio, em um encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Goiânia (Codese) com pré-candidatos a prefeito de Goiânia, ele disse que as chances de ser candidato eram 0%.  Mas esse é o Iris que todos conhecem: estratégico e carismático.

Iris

[box title="Peemedebista é maior político vivo de Goiás"]

Iris Rezende superou em mandatos e missões de todos os políticos goianos: foi vereador, deputado estadual, senador, governador por dois mandatos (um deles quando não existia a reeleição), pré-candidato à presidente e duas vezes ministro.

Sua importância nacional faz dele um líder goiano que rivaliza com Leopoldo de Bulhões, ex-senador de Goiás que já ocupou o cargo de ministro da Fazenda, tendo sido fundamental no plano de estabilização monetária do ex-presidente Washington Luís.

O peemedebista institui a prática de mutirões, construções de casas, inaugurou uma nova fase na eletrificação rural do estado e modernizou parte das empresas públicas. Iris reuniu todas as grandes lideranças democráticas do Estado: Mauro Borges, Aldo Arantes, Henrique Santillo, apesar de perdê-los um a um depois de inúmeras intrigas.

Mil casas

O líder peemedebista criou a imagem de homem público que trabalha. Na cabeça dos eleitores mais antigos, perdura a informação de que Iris acorda cedo, antes das 6h, e recebe trabalhadores para tomar café – prática do passado que fez questão em dar publicidade. Na campanha de 2016, todavia, terá problemas em repetir a mesma imagem. A redundância pode ser refutada pelo eleitorado, que espera práticas novas, conforme indicam as pesquisas.

Por isso talvez o líder terá que azeitar o marketing de realizador e tocador de obras com o de inovador.  Parte do seu eleitorado  tem origem na política de habitação que implantou na capital. A imagem de Iris construindo mil casas na Vila Mutirão, em 1983, fato amplamente divulgado na imprensa nacional, repercute – ainda que menos do que ele espera.

As gestões recentes são elogiadas. Quando foi eleito para comandar a prefeitura de Goiânia em 2004, Iris voltou a estipular recordes. Disse que asfaltaria 100 bairros da capital em um único mandato. Não conseguiu, mas fez uma gestão sem comparações com o atual prefeito ou o anterior – e mesmo com Nion Albernaz, que teve bem menos popularidade do que Iris quando governou a cidade.

Apesar de investir pouco em assistencialismo, Iris não aderiu ao ‘estilo goiano’ de se fazer política em que se lança um programa qualquer, como distribuição de notebooks nas escolas, e apenas entrega um lote de unidades para alunos escolhidos a dedo.

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                                   Industrialização começou com Iris Rezende


Recentes pesquisas acadêmicas de mestrado e doutorado colocam Iris Rezende como o primeiro a fomentar a industrialização goiana. É dele a criação do programa Fomentar, considerado pelos empresários como marco inicial para a alavancada de um setor que Goiás jamais havia investido.

Em julho de 1984, o então governador vislumbrou que Goiás deveria avançar além da vocação agrícola – amplamente apoiada em sua gestão. Ao instituir o Fomentar, o Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás, Iris incrementou a implantação e a expansão de atividades para promover o desenvolvimento industrial de Goiás.

O peemedebista é chamado por lideranças industriais de “pai da industrialização goiana”, pois criou um ambiente de segurança jurídica para que Goiás se desenvolvesse.

Mesmo mantida por um governo que é gerido por adversário de Iris, a página eletrônica do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SED), deixa claro de quem é a base de toda a industrialização de Goiás: “Os resultados obtidos, nestes últimos 24 anos, foi o surgimento de um forte parque industrial alicerçado num amplo crescimento da agroindústria goiana. Hoje, são milhares de empregos diretos e indiretos que confirmam a tese: "é preferível ter-se 30% de algo, que 100% de nada". A experiência obtida com o FOMENTAR possibilitou Goiás criar um novo Programa de atração de investimentos - o PRODUZIR - que está situando o Estado como uma das melhores opções para investimentos no Brasil”.

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[box title="Peemedebista surpreendeu na cultura"]

Atento às novas demandas de Goiânia, ao assumir seu segundo mandato na Capital, em 2005,Iris Rezende investiu em festivais de cinema, aperfeiçoou a melhor orquestra de Goiás e ampliou espaços da cultura no centro da capital e periferia.

Em seu segundo mandato, ocorreu modernização do atendimento médico (chegando ao ponto do Sistema de Saúde ser elogiado em pesquisa e sondagens de opinião) e aumentou vagas no sistema de educação pública.

A marca do primeiro mandato foi a construção de inúmeros parques, como Flamboyant e Jaó. A gestão ambiental teve destaque nacional. O peemedebista deu início definitivo ao projeto Macambira Anicuns – que quando ser finalmente concluído será a maior obra pública da Capital.

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