Muito além do hábito
Diário da Manhã
Publicado em 2 de dezembro de 2021 às 13:53 | Atualizado há 3 anos
Elas doaram a vida em prol da fé e da caridade. Resolveram viver em comunidade, rezar, seguir uma rotina rígida e servir. Assim é a vida das mulheres que optaram pela vida religiosa. Para saber um pouco sobre o cotidiano de quem vive essa opção, conversamos com três freiras da Congregação das Irmãs Franciscanas da Mãe Dolorosas. Elas contaram um pouco de sua rotina e da paixão maior que possuem em comum: servir a Deus e aos pobres.
Irmã Lucilda Borges é a superiora da comunidade. Ela também é responsável pela pastoral vocacional da congregação e assistente social. Mato-grossense de Nova Xavantina, ela chegou ao convento ainda adolescente, há 20 anos. Desde então, a cada dia reafirma a sua escolha.
“As irmãs da Mãe Dolorosa serviam nas paróquias da minha cidade. E uma delas foi minha catequista e algo me chamava para viver esse caminho. Depois de um tempo convivendo com as irmãs e participando da rotina, decidi que aqui era meu lugar e aqui estou até hoje”, conta Irmã Lucilda, que atualmente também ajuda outras mulheres que querem trilhar o caminho de entrega da vida religiosa.
Para ser freira, ela explica que a interessada não pode ser casada (ou divorciada) e nem ter filhos com idade inferior a 18 anos. O primeiro passo é buscar o que é chamado de discernimento vocacional, que pode ser um acompanhamento personalizado ou em grupo.
“A partir do discernimento vocacional, a jovem é chamada para estar no convento durante um fim de semana para participar da vida das irmãs, rezando ajudando no nosso trabalho. Assim começa a perceber se é isso o que quer”, esclarece.
Se optar em continuar no convento, Irmã Lucilda explica que a próxima fase é o chamado postulado em que a “aprendiz” de freira mora com as irmãs, tem uma vestimenta mais apropriada – que ainda não é um hábito – e também uma rotina de oração e estudos sobre alguns documentos da igreja e liturgia oração.
“Depois de um caminho de mais ou menos dois anos, se continuar com o mesmo propósito, vem a segunda fase da formação que é o noviciado um tempo mais particular”, detalha.
O noviciado é dividido em dois anos em que a noviça vive um momento de reflexão da vida e também inicia o trabalho junto às comunidades. Logo após vem o juniorato no qual a jovem já é uma religiosa, porque faz os votos simples: professa os votos de pobreza, castidade e obediência que podem ser renovados de dois em dois anos, em um processo dura de 6 a 8 anos.
“Após este período a jovem decide fazer os votos solenes no qual se tornará uma irmã de votos perpétuos em que sela seu compromisso com Deus, com uma aliança”, explica.
Rotina
Hoje, a Congregação das Irmãs Franciscanas da Mãe Dolorosa possui quatro religiosas que vivem uma rotina movimentada. Elas acordam às 5h30, rezam, tomam café e partem para o trabalho. Irmã Lucilda conta que cada uma delas tem um cargo nos dois programas da congregação, o Centro de Educação Infantil Mãe Dolorosa, que atende crianças de 0 a 5 anos e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que atende crianças de 6 a 15 anos.
Às 11h45 se encontram novamente na capela para rezar, almoçam e voltam para as atividades. Às 18h, retornam à congregação para um momento de adoração do santíssimo e oração das vésperas. Após o jantar cada dia elas fazem uma atividade diferente. Tem dia que embarcam no trabalho manual, outros que fazem partilha ou reservam o espaço para recreação.
“A nossa rotina nos ajuda a crescer humanamente e espiritualmente. Unidas ao Senhor e às nossas irmãs estamos sempre ouvindo a necessidade do outro. Somos religiosas para isso”, revela.