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Cola Aqui!

Uma fusão entre pássaro e peixe. A confusão da urbanidade,  que provoca cenários como um céu emaranhado de fios elétricos. Um homem sozinho perdido em seus pensamentos. A profusão de olhares criativos de 15 artistas vai poder ser contemplada, na 11ª edição da exposição "Não Intitulada", que fica em cartaz até o dia 29 de abril, no Teatro Sesi.

Idealizada pelo artista plástico goiano João Colagem, um dos nomes mais celebrados da colagem no mundo - que também assina a curadoria da mostra -, a exposição compila obras de diversos representantes do estilo. Dessa forma, é possível, entrar em contato com variadas técnicas, que vão desde o tradicional - feita com cola e papel, - até o uso da tecnologia, que proporcionou colagens digitais e até em videoarte.

Com as mais variadas formas de criação, participam da mostra nomes, como o do artista plástico, poeta e cartunista Diego El Khouri, que é colaborador de revistas, como a Gatos & Alfaces e, já expôs sua obra em diversos locais do Brasil e até fora dele (como na Inglaterra, por exemplo). Para a mostra, ele levou um trabalho no qual cria com papel, tinta a óleo e caneta preta.

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Já com uma arte tecnológica está Vinícius Vargas, que é mestre em linguística pela UFG e artista de novas mídias. Na exposição, ele colabora com um trabalho de colagem digital e pixel sorting, uma tecnologia na qual o computador faz a seleção das cores.

Compõem ainda a mostra: André Bragança, Bia Menezes, Bruno Melo, Fátima Carvalho, Hal Wildson, Paranhos Junior, Líbia Duarte, Rjunior, Raimundo Barros, Rossana Jardim, Salvess, Tati Almeida e Wolney Fernandes.

"Eu já conhecia alguns artistas, outros não. Acompanhei o trabalho de alguns nas redes sociais e, fui escolhendo os nomes, a partir da força do trabalho, da individualidade e do processo criativo de cada um. Depois me aproximei dos artistas, conheci seus o ateliês e fui vendo o processo de criação", explica João Colagem.

A dinâmica da mostra assim, como as técnicas variadas de seus colabores, também está conectada às novas tecnologias. Para começar, ao contrário do catálogo tradicional impresso, o curador preferiu fazê-lo em forma digital e, está disponível no site do Teatro Sesi.

A proposta é que os trabalhos expostos em “Não Intitulada” cheguem longe. Por isso, o catálogo em breve também estará disponível em inglês.

Tudo também foi organizado para que o máximo de pessoas entrem em contato com obras, e por isso a escolha do espaço foi fundamental. "O Teatro Sesi oferece uma dinâmica de público rotativo, não é um espaço morto. Por ser um local em que há diversas atividades culturais, as pessoas passam por lá o tempo todo", completa João Colagem.

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Intercâmbio


O principal objetivo da mostra, que teve início Rotterdam, na Holanda - local que João Colagem morou por muito tempo e onde a exposição foi realizada por nove anos - é, sem dúvida, de proporcionar mais espaço para colagem. Contudo, é também intenção do organizador, propiciar oportunidades, tanto artistas profissionais, que possuem sua obra no eixo artístico, como aqueles que ainda estão no anonimato.

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"Eu fui vendo este panorama e quis fundir alguns nomes,que já possuem um percurso profissional e outros que não, mas que têm aptidão e o manuseio da técnica bem elaborada. Esta proposta sempre foi bem aceita em Rotterdam, e ela visa trazer novos conceitos de colagem", esclarece o curador.

O intercâmbio entre artistas e pessoas que movimentam o cenário artístico de Goiás é também uma das metas de “Não Intitulada” e, de acordo com João Colagem, em menos de uma semana a mostra já apresentou resultados. "O artista piauiense Raimundo Barros, por exemplo, durante esta edição foi convidado para fazer uma exposição no Ministério Publico de Goiânia. Então, este tipo de dispositivo vai abrindo portas", analisa.

Sem nome


Apesar de todos os artistas trabalharem com a colagem, a liberdade para cada um desenvolver o seu trabalho, livre de rótulos, é o que o curador ainda busca neste projeto. E, segundo João Colagem, é por este mesmo motivo que a exposição ganhou este nome - ou melhor, não ganhou nome algum.

"Hoje em dia tudo é muito segmentado. A gente vive um preconceito de todas as espécies. Você só faz parte de um grupo quando pertence aquele rótulo. Não intitular é dizer nós não damos títulos, mas nós fazemos parte do todo sem ser segmentado", argumenta Colagem.

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Argumentos, aliás, o curador do projeto tem de sobra. Assim, como histórias.  E sobre o fato de não participar da exposição, ele conta que prefere mais colocar o aval de seu conhecimento sobre a técnica e dinâmica da colagem à disposição dos novos artistas. "Nesta mostra aplica a experiência que eu aprendi na Europa, para beneficiar os artistas que trabalham com outras possibilidades", explica.

Mas, isto não quer dizer, que ele não tenha planos, nos quais ele é o artista. E, neste momento de efervescência política, sua cabeça também parece ferver. "Para o futuro, recentemente eu criei uma série com 23 obras, que tem como cunho a ironia. Fiz imagens lascivas sobre o contexto político atual sobre esta mirabolante história que estamos vivendo. Mas ainda não sei quando, nem com quem", adianta.

O começo


A colagem parece realmente acompanhar cada momento da vida deste artista, que começou a criar quando tinha apenas cinco anos, com a ajuda da primeira professora. Pela paixão pela arte, ele arrancava folhas dos cadernos da tia, e por isso até sofreu algumas “acusações”. "Fui chamado na escola, porque falaram que estava com diabo no corpo", relembra.

Mas, aos poucos ele foi compreendido, e começou a participar de grandes exposições pelo Brasil e, também pelo mundo. A sua guinada artística aconteceu de forma inusitada, quando ao andar pelas ruas de São Paulo, o que parecia um despacho de macumba, lhe despertou a atenção. Logo, ele não hesitou: "Peguei aquilo e fui para casa, me perguntando: o que eu faço com isso? E, logo ouvi: faça colagem! faça colagem! A partir daí comecei a fazer colagem e participar de grandes eventos", recorda.

SERVIÇO

11ª edição da Colagem Coletiva

Local: Teatro Sesi

Endereço: Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva, ao lado do Clube Antônio Ferreira Pacheco, Goiânia)

Visitação: até 29 de abril

Informações: (62) 3269-0800

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